Depois dos incidentes envolvendo moradores locais e venezuelanos, mais de mil imigrantes que estão no estado de Roraima serão distribuídos por outras cidades do Brasil. A informação foi divulgada nesta terça-feira (21), pelo governo federal.
Segundo a representante da Casa Civil Viviane Esse, o “processo de interiorização” dos imigrantes venezuelanos deve acontecer a partir do fim deste mês. As cidades de destino ainda não foram informadas.
Esse fez parte da comissão interministerial que visitou Pacaraima nesta terça-feira, onde ocorreu o ataque aos venezuelanos na última quinta-feira (18). Um grupo de brasileiros armados com bombas caseiras e pedaços de paus se reuniram para agredir os refugiados venezuelanos acampados nas ruas da cidade.
As tendas dos refugiados foram incendiadas com álcool, e os protestantes lançaram bombas em direção ao acampamento. Centenas de imigrantes se encontravam na região. Até o momento não há informações sobre feridos ou vítimas fatais – a prefeitura da cidade se limitou a dizer que três pessoas foram alvejadas por balas de borracha da polícia.
O que desaguou nesse ato de violência começou, na manhã deste sábado (18), como uma manifestação contra a entrada de venezuelanos no país. O que motivou os manifestantes, diz o jornal Folha de Saulo, foi o assalto de um comerciante local que, alegam os brasileiros, foi vítima de um grupo de imigrantes.
Desde o início deste ano, 820 venezuelanos já foram transferidos para outras cidades, como São Paulo e Manaus, para desafogar Roraima. Além disso, após os ataques em Paracaima, aproximadamente 1.200 imigrantes retornaram ao seu país.
Ainda assim, a situação nas ruas da cidade de 12 mil habitantes e que faz fronteira com Santa Elena de Uairén, na Venezuela, é tenso.
Na terça-feira, chegaram também 60 dos 120 homens da Força Nacional, enviados pelo governo federal.
Venezuelanos vivem vidas precárias no Brasil
Não só o recente caso de agressão representa um risco à vida dos venezuelanos em Roraima. Trabalho análogo ao de escravo, discriminação salarial em função da origem, mendicância de crianças em semáforos, relatos de abuso sexual de mulheres contratadas para trabalhar como domésticas e prostituição são outros dos problemas pelos quais os imigrantes estão passando em Roraima.
Uma denúncia sobre as violações dos direitos humanos foi feita em fevereiro pela procuradora do Trabalho da 11ª Região no Estado de Roraima, Priscila Moreto, em uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado.
Priscila defendeu a busca por soluções para a crise migratória no estado, destacando que a saída não pode ser o bloqueio à entrada dos cidadãos no País, já que isso contraria a nossa Constituição.
“É impossível o fechamento da fronteira. É constatado que o ingresso de refugiados venezuelanos não traz só prejuízos, mas méritos à economia local, com o acréscimo de mão de obra. Mais de 70% dos migrantes vivem em casas alugadas, essas pessoas consomem alimentos e pagam seus aluguéis”, disse.
Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 22/08/2018