O artigo que publicarei a seguir, foi veiculado nos meios de comunicação em 25/05/2011.
Como se trata de um tema que deve estar sempre em evidencia, estou publicando a titulo de“Vale a pena ler de novo” para conhecimento daqueles que não tiveram a oportunidade de ler.
Boa leitura.
É muito comum ouvirmos a todo instante e nas mais diversas rodas, reclamações incisivas e contundentes quanto ao nível de sujeira das cidades em geral, sofrendo os prefeitos e suas equipes de limpeza pública todas as críticas e pressões possíveis e imagináveis. Fazer a garimpagem diária de todo o lixo produzido pelas cidades é um processo contínuo e interminável, de extraordinária importância na geração do bem estar da população, cujo valor que representa minimiza o elevado custo para qualquer administração pública. Normalmente, as pessoas são levadas a serem duras na crítica e pouco generosas no elogio, nos dois momentos diversos em que as cidades estão sujas ou limpas, respectivamente. Nessa hora falta o equilíbrio da avaliação justa. Nada me deixa mais indignado do que ver a indiferença e naturalidade com que as pessoas emporcalham as cidades, principalmente por parte daquelas de quem mais se espera o exemplo de limpeza.
Nesta semana, ao transitar pela rua em direção ao centro da cidade, vejo um saco de lixo intacto e bem amarrado, postado sem qualquer rasgão no centro da rua, próximo a um Hospital. Logo me pus a imaginar: que cachorro zeloso e educado, que puxou este saco para a via pública com tanto cuidado que nenhum detrito ou resto de comida se espalhou pelo chão!… Mas não, alguém mal educado ou mal intencionado, pretendeu gerar qualquer comentário negativo quanto a falhas da coleta pública, deixando aquele volume de resíduos cuidadosamente sobre o calçamento.
Mas é importante lembrar que os mesmos arautos cobradores da higiene pública são surpreendidos jogando papel, copos e sacos plásticos, latas de cerveja, tocos e maços de cigarros, e toda espécie de objetos geradores de lixo nas vias públicas ou arremessados pelas janelas de bonitos carrões. Esse costume reprovável contribui para passar a jovens e crianças, muito dos maus hábitos caseiros de que são portadores. Para a correção dessa prática nociva urge a implantação de um projeto doméstico de reeducação. Processo que deve começar pelos adultos, pais ou não, e assim as nossas crianças e jovens serão transformados pelo exemplo dignificante dos mais velhos.
Estou me referindo à prática de bons costumes e nesse contexto não vejo apenas o lixo como o vilão da sociedade. Como é bonito quando se diz que o povo de uma cidade é educado, e inversamente triste quando se ouve dizer que o povo ou seus jovens são mal educados. Tudo isso é fácil de ser identificado nos pequenos gestos das relações pessoais diárias. No tratamento respeitoso que deve ser dedicado às pessoas e aos idosos em particular. Não há melhor escola que o próprio lar, a família, para se sedimentar aquilo que se convencionou chamar de “educação doméstica”.
Não pactuo da velha tese de que “o pau que nasce torto, não tem jeito, morre torto”. É preciso acreditar num sistema de transformação. Se os adultos não tiveram a base que possa produzir os efeitos desejados na formação das crianças e dos jovens, cabe à escola e aos seus educadores o compromisso moral de participar desse processo de mutação, participando do esforço de elaboração de um novo perfil para o jovem, o adulto de amanhã. Ao poder público cabe a participação responsável nessa batalha de reformulação dos princípios e costumes de sua gente. Os valores gastos nessa missão não devem ser contabilizados como despesas correntes, mas lançados na rubrica dos investimentos perenes e duradouros.
No meu tempo de Ensino Primário – e muitos certamente ainda se lembram dessa fase – havia no currículo escolar a matéria “Educação, Moral e Cívica” e cantava-se no início das aulas o Hino Nacional Brasileiro ou o Hino à Bandeira. Educação, Princípios Morais e Civismo aprendiam-se também na escola!
Vivemos hoje novos tempos, em que muito se fala na reciclagem com o objetivo de dar sentido e utilidade a tudo que já teve uso e que se tornou descartável. Talvez ao longo da vida, e até os dias de hoje, tenhamos usado de hábitos e maus costumes que maculam a nossa imagem. Após uma reflexão pessoal, que nos conduza a ter prazer no ambiente em que vivemos, vamos assumir um novo propósito de vida “Reciclando os nossos (maus) costumes”?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA – 25/05/2011.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 15/10/2014
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios