É impressionante como a nossa gente foi forçada pelas circunstâncias históricas recentes, a conviver com um mundo de matizes os mais variáveis e conflitantes possíveis, onde os valores perderam o sentido, as autoridades estão com a dignidade questionada e os Poderes da República têm negada a sua legitimidade…! Também os discursos perderam a originalidade e a credibilidade…!
É como se o país tivesse chegado ao ápice da sua trajetória, mas construído esse percurso com material falso e de qualidade duvidosa, para não dizer de péssima qualidade. Agora, percebemos o quanto foi irreal que a nossa economia tenha sido exaltada como a 6ª. do mundo nos últimos tempos, superando a Itália e o Reino Unido, conforme os analistas mundiais, e atualmente vivenciamos o lado oposto da moeda, submetidos à amargura do deboche em toda a imprensa internacional pelo quadro recessivo e desmoralizante que o país passa. Como se estivéssemos vivendo no mundo da fantasia e, de repente, o castelo dos sonhos se desmoronou…
Com o surgimento da Operação LAVA-JATO há três anos, ninguém imaginava que o Brasil fosse inaugurar uma nova era na sua história, em que os infratores eram chamados do “Colarinho Branco”, no passado, e sempre se safavam de qualquer punição pelos crimes cometidos, desfrutando a glória de uma imunidade permanente e inconcebível. Agora, temos recolhidos à prisão nomes que estavam presentes na cúpula do comando político da república e dos Estados. Não pretendo, com isso, crucificar todos os magistrados que precederam esse quadro atual, mas, obviamente que surgiu um apêndice benéfico no Judiciário, representado por Juízes e Procuradores jovens e determinados a passar esse país à limpo. E está passando! É inquestionável que é muito grande o índice de aprovação a essa nova postura, embora os mais sectários da política radicalizam e se opõem a toda e qualquer ação, colocando “chifre em cabeça de porco” a todas as decisões que atingem os políticos das suas facções, mesmo que corruptos inveterados! A sociedade brasileira tem de estar coerente na defesa da continuidade das investigações e punições, a fim de podermos atingir a sonhada reposição da nação nos trilhos da honestidade, seriedade e trabalho.
As tristes consequências resultantes das investigações sobre a rede de frigoríficos nacionais, com prisões de dirigentes e funcionários do Ministério da Agricultura incumbidos da fiscalização e envolvidos com irregularidades quanto à qualidade da produção de carne bovina de 21 empresas, tem sido muito questionada pela repercussão negativa no mercado internacional. Ora, se tanto reclamamos a falta de cumprimento à exigência do texto Constitucional de Transparência da coisa pública (Art. 37, da Carta Magna), e a Operação Lava Jato só alcançou resultados positivos exatamente por não ocultar as apurações, não podemos condená-los com tanta veemência por uma eventual falha! Até concordo que nessa “Operação Carne Fraca” por envolver um forte produto do nosso mercado de exportação, poderia ter sido aplicada uma estratégia diferenciada e que preservasse a estabilidade e imagem da nossa indústria, poupando o mercado dos prejuízos incalculáveis e inevitáveis. Mas, os créditos acumulados ao longo desses três anos pela Lava Jato superam as falhas fortuitas, não tenho qualquer dúvida.
Não sei qual foi a inspiração de quem teve na Polícia Federal ou Ministério Público a ideia de denominar a última Operação de “CARNE FRACA, mas, a verdade é que, antes de significar o real estado fragilizado da carne no mercado, o título lembrou mais as justificativas tradicionais daqueles portadores de culpa pelas sujeiras ocultas, hoje bastante abundantes em nosso país. Ecoa em todo o Brasil como o aflito e pungente grito dos corruptos: “Perdão, a Carne é Fraca”!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Gramado-RS).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 02/04/2017
8 Comentários
Sempre muito bem colocadas as suas palavras, em espaços certos e no momento triste e vergonhoso do nosso Brasil. A carne fraca é para mim um adjetivo a esses “podres humanos”, que se juntam às mentes fracas e mesquinhas do egoísmo diabólico, e coloca o povo de mente mais fraca a apoiar os benefícios aparentes recebidos em troca de alguns cargos, e com missão de converter sempre outros mais ignorantes. Jogo de poder. Agora a realidade está mostrando a sujeira e desonestidade desses corruptos!
Vejo que o povo, além de ter medo de sair à rua (assaltos, roubos, tiroteios…) tem agora medo de o que se pode comer (carnes, peixes e verduras…). Vamos morrer de fome e de doenças nunca vistas, devido a ganância sem medidas desses ladrões que iniciaram de Colarinho Branco. (Rio de Janeiro-RJ).
Beleza Agenor, concordo no seu artigo em gênero, número e grau. (Camamú-BA).
Parabéns, meu querido Agenor. Fantástico texto!
VÊ-SE QUE A CARNE NÃO É FRACA. PELO CONTRÁRIO, MUITO FORTE PARA CORROMPER ! (Salvador-BA).
Muito bom seu texto. Hoje tenho certeza de que o Homem nasce c/ tendências, como bem disse um Mestre oriental ao ser perguntado sobre a maldade humana: “temos, dentro de nós dois leões em constante luta.” O garoto então perguntou: e quem vai vencer? E o Mestre respondeu: “depende de qual deles alimentarmos”. Felizes daqueles que na sua formação acadêmica incluíram o Evangelho de Jesus onde encontramos o único código de moral de que precisamos. Esses nn/ irmãozinhos só conseguem ver o que é de Cézar,., Oremos para que despertem do sono. (Salvador-BA).
Esta sua cronica de hoje conjuga o desânimo e a esperança que sentimos ao mesmo tempo, Agenor. Pois nos traz a análise de uma política velha que está sendo confrontada por um novo sentimento de justiça praticado por jovens brasileiros que se destacam no setor judiciário. De maneira magnífica. Apenas espero que a práticas políticas atuais sejam sepultadas nas próximas eleições pelos brasileiros que a cada dia conhecem melhor nossa realidade. E espero que nesta renovação o poder judiciário tenha menos trabalho com os políticos. Para que possamos ter mais confiança no futuro do país.FOZ DO IGUAÇU-PR
Bem, se usava muito esse termo “a carne é fraca” para justificar as escorregadelas dos homens com as investidas das mulheres. A justificativa é que teriam sido seduzidos por elas . Para os políticos, eles não resistem aos valores que aparecem na frente deles. A perspectiva de ganho extra, mordomia, dinheiro fácil, seduz de uma forma tão violenta que esquecem dos valores de honestidade, respeito que, com certeza, em algum momento, foi passado por seus pais na sua educação. Lamentável! (Salvador-BA).
Você realmente está focando um fato que envergonha as pessoas livres e de bons costumes. Ao lembrar que o referido título lembrou mais as justificativas daqueles portadores de culpa pelas sujeiras ocultas, hoje bastante abundante em nosso país. Acrescento, ainda, que o mais degradante junto com toda essa evidência, foi o surgimento, em meio a toda essa pouca vergonha, o recente fato de procuradores do TCE – TRIBUNAL DE CONTAS DO RIO DE JANEIRO, dividindo entre eles, propinas vultuosas sangrado do parco dinheiro que deveriam ser destinados ao pagamento de proventos dos funcionários públicos daquele Estado. Lamentavelmente, atingiu também o Órgão de deveria punir os corruptos, são os próprios protagonistas deste fato absurdo. (Manaus-AM).