Está difícil de mensurar o grau de inquietação que permeia o cenário nacional nos últimos tempos, estimulada pelo afloramento de tantos fatos de diversos matizes, e que mexem com a sensibilidade de todas as tendências políticas. É visível, e até compreensível, que as partes que ora se digladiam estão a extrapolar paixões em defesa de suas posições assumidas a partir da última eleição para Presidente. É óbvio que essa é uma característica típica do sistema democrático, que tem o condão de reafirmar o preceito de que toda unanimidade é burra e que a convivência entre as pessoas deveria ter a marca indelével do respeito aos contrários.
Assim, não é nada tolerável quando se percebe a intransigência ideológica como norma de conduta, sem admitir contemporizar diante da realidade e buscar conjuntamente as soluções alternativas para um mundo de problemas que envolvem a vida brasileira. Naturalmente que essa convivência não pactua com práticas configuradas como criminosas e que não respeitam os valores básicos de integridade e ética com a coisa pública. Nesse particular, é exatamente isso que eles fazem, ao se juntarem num mesmo cocho a comerem lavagens de dinheiro e outros restos fétidos vindos da corrupção.
A propósito, tem sido surpreendente o grau de intensidade da pressão contra o ex-juiz Sérgio Moro, que teve a coragem de iniciar todo o processo de depuração do Estado brasileiro, revirando o mar de lama que aqui se instalou e no qual se tornou evidente que estava mergulhado não apenas um Partido – conceito que predominou por algum tempo -, mas quase todos eles, com raríssimas exceções. A inversão de valores tem sido tão profunda, que o Juiz temido pela sua coragem em punir o crime e os criminosos, é agora o grande vilão nacional bombardeado de todas as formas. Trocando em miúdos, a Lei é para ser desconsiderada e rasgada, e as portas das cadeias devem ser abertas para os supostos “inocentes”, alguns que nunca viram nada, não sabem, nunca souberam e nunca saberão de NADA!
Sem saída à vista para escaparem das corrupções praticadas e fugir dos processos, de repente, para muitos, pela via do crime, o HACKER se tornou o salvador da pátria e o herói nacional! Como compreender que a utilização de uma via ilegal e criminosa está sendo objeto da exaltação e aplauso geral, inclusive com a participação de um estrangeiro que, protegido pela égide da liberdade de imprensa e dos direitos assegurados pela nossa Constituição, está produzindo instabilidade institucional no país? Uma ação criminosa que deveria ser punida pela lei, vem se transformando num possível instrumento de defesa para inúmeros personagens sob investigação ou já presos.
O que mais me surpreende é a constatação de que renomados âncoras da imprensa nacional têm defendido e valorizado a ação dos HACKERS, para o que invocam o estado de direito, como se esses princípios pudessem ser utilizados para cobrir atividades suspeitas e sem escrúpulos, e cuja exposição pública de dados ferem a individualidade das pessoas. Como é possível ser condescendente com o crime e os criminosos?
A verdade nua e crua é que a sociedade, em geral, está diante de um quadro de exposição e vulnerabilidade nunca antes imaginado por qualquer mortal. A tecnologia da informação atingiu tal estágio de aperfeiçoamento, que a privacidade das pessoas e autoridades, e a confidencialidade dos dados de Bancos e Instituições, foram jogados no lixo. O detetive particular de ontem foi transformado no Hacker de hoje, com a diferença que este desempenha uma atividade criminosa. Diga-se de passagem, da forma mais covarde e sorrateira que se possa imaginar.
Oxalá, os nossos legisladores e Juízes de Tribunais Superiores, encontrem uma urgente saída para que as leis que regem a decência e o respeito sejam restabelecidas, pelo menos como forma de inibir e punir pesadamente o novo modelo de bandidagem instalado e que já se alastra no país de todas as formas, imagináveis e inimagináveis.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 04/08/2019
8 Comentários
São os efeitos do radicalismo praticado ao extremo, pregado por Lula e o petismo (nós ou eles etc,). A mídia também ajuda a agitar, deixando de ser isenta e imparcial como deveria ser. No caso do suposto diálogo de Sérgio Moro com os procuradores, embora moralmente reprovável, não invalida as provas, o conteúdo do processo em que Lula foi condenado, já referendado na 2ª. Instância e no STJ. MORO agora é a vidraça onde todos querem jogar pedra (os prováveis réus de futuros processos querem parar o lava-jato antes que chegue neles). A bagunça agora é generalizada: funcionários vazam informações sigilosas, procuradores de 1ª. Instância desrespeitam a Lei pra investigar integrantes da Alta Corte, condenados fazem delação premiada mas não conseguem provar o que revelam, o presidente provoca reações todos os dias e reenvia medida provisória derrotada no legislativo ignorando a legislação, e por aí vai. Parabéns pela crônica. Paulo Maurício. (Brasília-DF).
Corretas as tuas observações, como sempre. O que resta é o agravamento impiedoso das penalidades que cabidas, sem condescendências!
Bom trabalho!
Meu caro amigo Agenor, a quem costumo chamar de “CANETA DE OURO”, agora acrescido de “E BICO DE DIAMANTE”. Renovados parabéns, pela excelente e atualizada “CRÔNICA DA SEMANA – HACKERS: QUANDO O CRIME COMPENSA”. (Salvador-BA).
Pena meu amigo, que a própria Justiça é cega e falsa por interesses mesquinhos iguais aos demais políticos e Hackers.
Discordo amigo no quesito que Sérgio Moro virou o grande vilão nacional. Pesquisas mostram que ele saiu ileso e ainda com percentual maior mesmo sendo alvo da mídia nojenta desse país. Quanto ao resto, parabéns. (Salvador-BA).
Doloroso de se ver. O inimaginável acontece nesse país. Pena que é para o lado negativo, ruim. (Salvador-BA).
Caro Agenor: agora “os tempos são outros”: verdade, honestidade, decência, etc., têm significados variados, ao gosto do freguês. (Salvador-BA).
Dentro do que pude observar vc foi feliz no final da CRÔNICA “HACKERS : QUANDO O CRIME COMPENSA, em exprimir o desejo de que os legisladores e Juízes de Tribunais Superiores, encontrem uma urgente saída para que as leis que regem a decência e o respeito sejam restabelecidas, pelo menos como forma de inibir e punir pesadamente o novo modelo de bandidagem instalado e que já se alastra no país de todas as formas, imagináveis e inimagináveis. E, que as cadeias deverão ser abertas para aqueles indivíduos os supostos “inocentes”, alguns que nunca viram nada, não sabem, nunca souberam e nunca saberão de NADA! (Manaus-AM).