O sutiã, peça presente no guarda-roupa de milhões de mulheres pelo mundo todo, nos acompanha em inúmeros momentos da vida, desde os mais rotineiros até os mais íntimos e especiais. Hoje, disponível em varios tamanhos, modelos, cortes e cores, ele revolucionou a moda feminina, trazendo inovação e liberdade para as linhas de underwear que conhecemos hoje.
Contudo, mulheres de milhares de anos atrás mal sonhavam com tamanha criação e poder feminono que a invenção dessa peça traria para a comunidade feminina. Quer saber mais sobre a história desse item essencial de lingerie? Confira:
Os primeiros passos: registros iniciais do sutiã na história mundial
Há cerca de 5 mil anos antes de Cristo, acredita-se que mulheres da Ilha de Creta tenham usado uma espécie de corpete, feito de tiras de pano, que cobriam os seios e os deixavam mais bonitos, além de ajudá-las no dia a dia, trazendo mais praticidade e conforto.
Na civilização grega, há 1.500 a.C, as mulheres de Atenas usavam corpetes para valorizar o colo, mas as espartanas usavam o item para manter o busto “em seu devido lugar” durante seus treinos esportivos e competições.
Anos mais tarde, em 800 a.C, os romanos passaram a cultuar o corpo forte e musculoso masculino, o que prejudicou as mulheres de certa forma, ao serem culturalmente “obrigadas” a usarem faixa apertadas para diminuírem, ao máximo, o volume dos seios.
Já na Idade Média, os famosos espartilhos tomaram conta da moda feminina, sendo usados por membros da nobreza, representando seu status, poder e feminilidade. O item, que era uma das principais tendências até o século 19, destacava a silhueta, através da modelagem do item, que “espremia”o corpo das mulheres, chegando a causar acidentes gravíssimos, como a perfuração de órgãos e costelas quebradas. Atualmente, podemos observar resquícios desses itens na moda contemporânea, muito menos perigosos e milhões de vezes mais confortáveis, através do uso de peças como corset e body, que visam modelar o corpo e ressaltar o busto.
Alívio feminino: o surgimento de modelos parecidos com os atuais
Apesar de ser difícil estimar quando, exatamente, modelos menos complicados e apertados surgiram para o alívio feminino, por volta do início do século 20, modelos mais semelhantes aos que possuímos hoje começaram a dar as caras entre as inglesas, que logo influenciaram as francesas, e, consequentemente, o mundo todo. Ufa!
Em 1907, as estadunidenses deram mais visibilidade à peça, ao publicarem uma matéria sobre ela na revista Vogue, conhecida mundialmente, e grande referência no mundo da moda. Nela, o item foi chamado de brassière, traduzida do francês para “camisa pequena”. Na França, porém, a peça foi chamada de “soutien gorge”, que significava, em tradução livre, “apoio para os seios”, algo mais literal.
Título oficial de invenção do sutiã
Apesar de variações e modelos parecidos existirem há tempos, apenas em 1914, Mary Phelps Jacob, uma socialite de Nova York, recebeu os créditos pela “invenção” da peça, ao desfilar com um modelo feito de lenços de seda, sustentados por fitas, pela alta sociedade dos Estados Unidos.
A popularização do item veio mais tarde, juntamente com a invenção do nylon, em 1937, já que o material, mais elástico e resistente do que outros já existentes, permitia que o produto fosse mais confortável, barato e possuísse maior tempo de vida útil do que outros modelos feitos anteriormente, com outros tecidos.
Anos mais tarde, em 1945, o bilionário e engenheiro de aviação estadunidense, Howard Hughes, usou seu conhecimento para criar um sutiã meia-taça para a famosa atriz Jane Russel, já que os modelos existentes “não faziam jus ao busto da atriz”, segundo Hughes. Esse foi o primeiro passo para uma avalanche de novas criações e modelos, que vieram para inovar e criar modelos que saíssem do comum, ou seja, variações parecidas e nada inovadoras de sutiã sem bojo.
Relação entre as mulheres e o sutiã
No dia 7 de setembro de 1968, em Atlantic City, Estados Unidos, aconteceria um evento memorável, mesmo muitos anos depois. O protesto, que ficara conhecido como “Bra-Burning”, em português “Queima de sutiãs”, foi liderado por mulheres que criticavam o concurso Miss America, e condenavam tudo que ele representava. Além de calcinha e sutiãs, o marco do evento, houve a queima de outros itens de uso feminino, como maquiagens, sapatos, revistas femininas, entre outros.
O episódio causou espanto na época, mas hoje é lembrado como símbolo da força feminina, que não estava mais interessada em manter padrões e amarras criadas pela sociedade para controlá-la. A partir de episódios como esse, as mulheres sentiram-se mais livres para usarem as roupas que desejassem, no momento e ocasião que preferissem. A liberdade foi percebida nas fábricas da indústria têxtil também, ao modelos como sutiã de renda, calcinhas mais “ousadas” e outros itens começarem a serem produzidos em massa, para atender uma nova demanda, urgente e em constante crescimento.
O desejo, liberdade, conforto e sensualidade femininas, que antes não eram atendidos e, muito menos, priorizados, deixava de ser algo latente e começava a ganhar notoriedade em meio a discursos e protestos femininos, que nos proporcionam privilégios, e direitos essenciais, até os dias de hoje.