RIO e BRASÍLIA — Durante café da manhã com jornalistas estrangeiros no Palácio do Planalto o presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira ser uma “mentira” dizer que existe fome no Brasil . Para o presidente, há um exagero em se dizer que a fome seja um problema crônico no país. Bolsonaro disse que “não se vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético” e criticou o que chamou de “discurso populista”.
A declaração do presidente é rebatida por estatísticas recentes de instituições como a ONU, o IBGE e o Ipea, e foi criticada por especialistas em economia e evolução de índices sociais no país.
Relatório do Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe 2018, divulgado em novembro pela ONU, mostrou o crescimento da fome no Brasil. O estudo estimou que a desnutrição alcançou até 5,2 milhões de brasileiros entre 2015 e 2017, ante os 5,1 milhões calculados para os triênios 2014-2016 e 2013-2015. No triênio 2000-2002, 18,8 milhões de brasileiros sofriam com a fome. (Com informações de O Globo)
A baiana Ivania Sousa Santos, de 36 anos, aquece o que sobrou do feijão para que ele não azede. Ela e sua família nao possuem geladeira, onde vivem não há energia elétrica. Moradora do Cerrado CCBB, um pedaço de terra com cerca de 25 familias ao lado do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), local usado para a transição do governo, Ivania sobrevive de doações e reciclagem, mas muitas vezes precisa recorrer ao lixo em busca de alimentos.
Paloma de Jesus, de 18 anos, mora no bairro de Fazenda Coutos, em Salvador: “Nem me lembro mais do dia em que cozinhamos e comemos uma boa refeição”.
A dona de casa Francisca das Chagas Silva, de 43 anos, mora no povoado Bom Sossego, zona rural de Teresina. Diabética, vive na casa da nora com outras oito pessoas. Na última quarta, desmaiou após tomar um dos oito remédios diários porque não tinha comido antes.
Wilian Jorge dos Santos, de 38 anos, vive nas ruas do Centro do Rio há três anos. Para sobreviver, trabalha garimpando produtos recicláveis que são posteriormente vendidos por ele a ferros velhos. Consegue lucrar, por dia, de R$ 12 a R$ 20. Ele conta que, para se alimentar, depende de doações.