A mãe de Bernardo, de 1 ano e 11 meses, disse ao G1 neste sábado (7) que vive os piores momentos da vida desde a sexta-feira (29), quando o pai buscou o menino na creche, em Brasília, e desapareceu com a criança. Preso na segunda-feira (2), Paulo Roberto de Caldas Osório confessou ter assassinado o filho.
“Estamos sem chão”, afirmou Tatiana da Silva, mãe de Bernardo.
Na quinta-feira (5), a polícia baiana encontrou um corpo de criança na zona rual de Palmeiras, cidade da Chapada Diamantina. A roupa, um colar de âmbar no pescoço e a cadeirinha usada no carro para transportar a criança, levaram os policiais e a família a acreditar que se tratava de Bernardo.
No entanto, por causa do avançado estado de decomposição do corpo, os exames feitos foram inconclusivos. O material genético será examinado em Brasília e, segundo a Polícia Civil do DF (PCDF), deve chegar no começo da tarde deste sábado à capital.
“Assim que o material chegar, ele ser prontamente processado e analisado pelo IPDNA que trabalhará interruptamente no final de semana para que a conclusão ocorra no menor tempo possível”, disse a polícia .
Conforme os investigadores, o corpo encontrado na Chapada Diamantina não será encaminhado para Brasília porque está sendo periciado pela polícia baiana.
“O departamento de Polícia Técnica do DF está trabalhando junto com a Polícia Civil da Bahia para a conclusão do trabalho de perícia. Estão sendo empregadas técnicas avançadas para que os resultados saiam o mais rápido possível”, afirmou, em nota, a PCDF.
“O corpo ficará lá até o encerramento dos exames periciais. Após isso, caso se confirme ser o corpo de Bernardo, será liberado para a família.”
‘Nos agarramos às boas lembranças’
Tatiana Silva, a mãe de Bernardo, disse ao G1 que a avó e uma tia da criança permanecem na Bahia. Questionada sobre o que sente em relação ao ex-companheiro, ela disse que não tem raiva de Osório.
“Perdoar eu não perdoo, mas não tenho raiva. Só não quero mais saber dele na minha vida, não quero nem notícias. Pra mim ele morreu junto com meu filho. Quero que ele se trate porque ele é uma pessoa doente, que precisa ser tratada”, desabafou.
“Nos agarramos às lembranças boas que ele [Bernardo] deixou, isso que nos conforta.”
O caso Bernardo
Bernardo da Silva Marques Osório desapareceu após o pai tê-lo apanhado na cheche, na Asa Sul de Brasília, na sexta-feira, 29 de novembro. No mesmo dia, a mãe procurou a Polícia Civil do DF e o caso passou a ser investigado pela Divisão de Repressão à Sequestros (DPRS).
No mesmo dia do desaparecimento da criança, Paulo Roberto Osório, o pai, mandou mensagens de texto e de áudio para Tatiana Silva, a mãe do menino. As gravações revelam que ele tinha desavenças com a ex e com a avó da criança.
Na última segunda-feira (2), Paulo Roberto de Caldas Osório foi preso em um hotel de Alagoinhas, na Bahia. Ele confessou o crime.
Na quarta (4), Osório passou por audiência de custódia em Brasília. O juiz Fellipe Figueiredo de Carvalho converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva – por tempo indeterminado.
Na quinta-feira (5), a Justiça do Distrito Federal negou o pedido da defesa para transferência do servidor público para a ala psiquiátrica do Complexo Penitenciário da Papuda.
Osório matou a própria mãe
Paulo Roberto de Caldas Osório já ficou internado na ala psiquiátrica da Penitenciária da Papuda, em Brasília, por 10 anos, por ter assassinado a própria mãe. O crime ocorreu quando ele tinha 18 anos, na mesma casa da 712 Sul onde o servidor público mora.
Na época do crime, ele foi considerado inimputável – sem condições de responder pelo assassinato – devido ao transtorno mental. Segundo os laudos, Osório tem esquizofrenia.
Três anos depois de cumprir a pena, ele fez concurso para o metrô do Distrito Federal e foi aprovado, inclusive na avaliação psicológica.
Segundo o delegado Leandro Ritt, da Divisão de Repressão à Sequestros, Tatiana da Silva só descobriu que o ex-companheiro tinha matado a mãe depois do desaparecimento de Bernardo. Ao procurar informações na casa de Osório, os vizinhos teriam falado sobre o passado dele. (Fonte: G1)