Alguns deputados do PT junto com outros de partidos aliados mais à esquerda do governo passaram a discutir a deflagração de um movimento pela volta do senador Jaques Wagner (PT) à cabeça da chapa governista.
Eles avaliam que, junto com a ala majoritária do partido, Wagner conseguiu isolar o governador Rui Costa (PT) e o vice-governador João Leão (PP) e o momento seria de trabalhar pelo seu retorno à cena.
Por isolamento de Rui e Leão, os parlamentares petistas e aliados entendem a entrevista bombástica que Wagner deu a Mário Kertész ontem, em que realinhou as posições na chapa governista.
Na ocasião, Wagner disse que Rui cumpriria o mandato até o fim, o que impediria Leão de assumir o governo, e o PT teria candidatura própria. Foi um míssil nos meios políticos.
Há informes de que o senador não teria combinado a declaração com Rui. Tampouco teria participado que faria o anúncio da nova chapa com o senador Otto Alencar (PSD) e muito menos com Leão, que ficou atônito.
O senador petista nunca compartilhou do desejo de Leão receber o governo das mãos do PT, no que incorporou um sentimento unânime em seu partido, desconsiderado por Rui.
Por este motivo, o governador teria se exasperado e desautorizado a entrevista do antecessor no final da manhã de ontem. A decisão de Wagner de conceder a entrevista teria ocorrido ainda no domingo, depois de uma discussão com Rui.
No confronto, o governador teria afirmado, muito contrariado, que, se era o desejo do senador, ficaria no governo até o final, assumindo a coordenação da campanha do candidato petista ao governo. Porém, estaria blefando para ganhar tempo.
Aproveitando-se da manifestação impulsiva do companheiro, Wagner marcou a entrevista e cravou a nova chapa, criando uma situação de fato consumado em relação à qual, dada sua autoridade politica, ficou difícil voltar atrás.
Espalha-se no PT a notícia de que, a partir daquele momento, os dois teriam praticamente rompido politicamente.
O movimento “Volta Wagner” baseia-se na convicção tanto das forças petistas quanto de partidos aliados de que lançar um terceiro nome do PT sem maior expressão para o governo pode se tornar um fardo muito pesado para Lula carregar, uma alusão à qualidade de puxador de votos do presidenciável em que todo o PT se fia.
Embora, segundo petistas, tenha consistência e um apoio que, calculam, pode espraiar-se por todo o partido, o movimento pelo retorno de Wagner à cabeça da chapa desenrola-se exclusivamente nos bastidores e carece de um problema sério.
É a falta de coragem, sobretudo dos parlamentares de partidos aliados, de liderá-lo. Eles temem contrariar Rui, que pode interpretar o movimento como uma afronta e partir para retaliá-los duramente.
Política Livre