Uma mulher aparentando ter cerca de 60 anos foi presa, na tarde deste sábado (6), em uma delicatessen do bairro da Pituba, em Salvador, após se recusar a ser atendida por dois funcionários do estabelecimento, que são negros.
Segundo Paulo Sérgio, gerente da delicatessen Bonjour, na Rua São Paulo, a cliente já havia destratado funcionários do local em ao menos outras duas ocasiões, com comentários considerados preconceituosos, mas desta vez passou dos limites. Foi ele que chamou a polícia depois que outra cliente se irritou com o comportamento da mulher.
“Ela falou para os funcionários que não era para encostar nela. Disse que não queria ser atendida pelos nossos funcionários porque eles eram negros. Uma cliente se revoltou e reclamou com essa senhora. Eu expliquei que ela estava desrespeitando, que tinha passado dos limites, e disse que ia chamar a polícia”, afirmou Paulo Sérgio. Ainda segundo o gerente, “várias pessoas presenciaram a situação constrangedora”.
Um cliente, que chegou durante a discussão, contou que a suspeita reagiu de forma ríspida durante o atendimento. “Ela não queria comer nada que fosse tocado por negros e deu um ataque”, relatou.
Alertada de que estava cometendo o crime de racismo, a mulher ainda tentou se justificar, mas manteve o comportamento racista. “O sargento da PM que foi conversar com ela era negro, e ela se recusou a ouvi-lo. Como os primeiros policiais que atenderam à ocorrência chegaram de moto, ela disse que esperaria a viatura dentro do próprio carro, que ficou estacionado aqui na frente”, relatou o gerente.
O gerente comentou ainda que quando o sargento negro tentou falar com a suspeita, novamente, que entrou em seu carro. “O sargento pediu para ela sair do carro, mas ela fechou o vidro e virou a cara para ele, e se recusou a ouvir o que ele tinha a dizer. Mas quando o outro policial, de pele mais clara, foi falar com ela, ela abriu o vidro e o ouviu”, comentou.
Com a chegada do reforço, a mulher foi conduzida por uma policial feminina até a viatura. Segundo o gerente, a cliente que se revoltou com a situação, junto com funcionários e advogados da delicatessen foram prestar queixa na Central de Flagrantes, no Iguatemi. Até o início da noite, tanto a suspeita quanto os denunciantes permaneciam prestando depoimento.
A assessoria da empresa divulgou nota repudiando a atitude da mulher e dando apoio aos funcionários agredidos. “Reforçamos nossa extrema ojeriza a qualquer tipo de atitude preconceituosa. Há mais de 10 anos, desde a sua inauguração, que o staff da Bonjour é formado, em sua grande maioria, de trabalhadores negros – dos quais a Bonjour tem muito orgulho em tê-los em sua equipe. Repudiamos a atitude e esperamos que a mesma não se repita: seja ela em qualquer outra circunstância”, diz o comunicado.