Há muito tempo, acreditava-se que a camada de ozônio na atmosfera, que protege a vida da luz ultravioleta, havia sido amplamente destruída durante a extinção em massa no final do período Permiano, há 250 milhões de anos.
Agora, finalmente os pesquisadores da Universidade de Münster, na Alemanha, liderados por Phil Jardine, apresentaram a primeira evidência direta disso. Eles descobriram que os grãos e esporos de pólen desta época possuem níveis mais elevados de produtos químicos “protetores solares” do que os de períodos anteriores ou posteriores.
“Só vemos isso em um ponto, e essa observação coincide com a extinção em massa no final do Permiano”, afirma Jardine. Cerca de 90% das espécies marinhas e 70% das espécies terrestres desapareceram durante esse período. A extinção é conhecida como “Grande Morte” por alguns e acredita-se que tenha sido causada por um período de atividade vulcânica excepcionalmente alta.
Os fluxos de lava aqueceram outras rochas, incluindo o carvão, liberando enormes quantidades de gases, como o dióxido de carbono. Isso levou à acidificação dos oceanos e ao aquecimento global, o que, por sua vez, resultou em baixos níveis de oxigênio nos oceanos.
De acordo com Michael Le Page do site News Cientist, a destruição da camada de ozônio pode explicar o impacto severo sobre a vida marinha, mas é menos claro por que tantas espécies terrestres também foram afetadas. Uma hipótese é que os halocarbonos liberados pelas erupções vulcânicas destruíram a camada de ozônio da mesma forma que os clorofluorcarbonos (CFCs) usados como refrigerantes no século 20, resultando em altos níveis de luz ultravioleta (UV) prejudicial.
Estudos anteriores também mostraram um aumento anormal nos grãos e esporos de pólen neste período, o que pode ser resultado de mutações causadas pelos raios UV. No entanto, Jardine afirma que essas anormalidades também podem ser resultado de muitas outras substâncias tóxicas liberadas durante as erupções vulcânicas.
Para investigar a hipótese de que a destruição da camada de ozônio pode ter sido um fator na extinção em massa no final do período Permiano, a equipe de Jardine usou a técnica de microespectroscopia infravermelha com transformada de Fourier para medir os níveis de produtos químicos absorvedores de UV em grãos de pólen fossilizados e esporos de rochas no Tibete. As camadas rochosas mais antigas foram depositadas algumas centenas de milhares de anos antes do evento de extinção, enquanto as mais jovens foram depositadas algumas centenas de milhares de anos depois.
Jardine afirma ainda que o nível de preservação dos produtos químicos “protetores solares” deve ser semelhante ao longo da sequência de rochas, o que significa que o aumento observado no momento da extinção em massa deve ter sido devido às plantas produzindo mais desses produtos.
“Este é o sinal de que houve um aumento nos níveis de luz ultravioleta (UV)”, diz ele. Níveis mais elevados de Ultra Violeta teriam diminuído o crescimento das plantas em terra, o que teria causado efeitos em cascata nos ecossistemas, já que herbívoros e predadores ficariam sem alimento. Os efeitos sobre os ambientes marinhos teriam sido menores, pois a água bloqueia de forma eficiente os raios UV.
Segundo Jardine, a mesma coisa estaria acontecendo novamente hoje se os países não tivessem concordado em eliminar gradualmente os clorofluorcarbonos (CFCs) sob o protocolo de Montreal em 1987. “Estudos de modelagem sugerem que, na década de 2060, se não tivéssemos o protocolo de Montreal, teríamos uma enorme ruptura e colapso da camada de ozônio”, diz ele. “Espero que tenhamos evitado isso. Esses tipos de acordos e proteções ambientais realmente fazem a diferença.