Apenas entre os meses de janeiro e novembro de 2018, o município de Eunápolis, no extremo sul da Bahia, registrou 176 casos de ataques de escorpiões, segundo dados da Vigilância Epidemiológica da cidade. O número já chega próximo do contabilizado em 2017, quando houve 200 ocorrências.
O escorpião é um aracnídeo perigoso. A picada, além de provocar dor intensa, pode ser fatal e levar à morte crianças e idosos.
Nesse ano, no entanto, nenhuma morte foi registrada no município, ao contrário de anos anteriores.
Em março de 2015, um menino de sete anos morreu na cidade depois de complicações decorrentes de duas picadas de escorpião. Em janeiro de 2016, um bebê de 10 meses também foi vítima e também não resistiu.
Os moradores não escondem a preocupação com a infestação. O produtor rural Valter Gomes tomou um susto ao encontrar sete escorpiões num intervalo de 2h, enquanto capinava o terreno do sítio dele, no bairro Sapucaeira.
“Eu não sabia que ele entrava em buraco. De manhã, quando a gente chega aqui, eles ficam tudo andando, mas quando o sol esquenta eles entram em buracos. Aí, você vai limpando e eles vão aparecendo”, disse.
A costureira Odália Nascimento, que mora no mesmo bairro, foi picada por um escorpião na semana passada quando saía do banho.
“Eu acho que ele entrou pela janelinha, pelo vitrô do banheiro. Estava na minha sandália, me picou e aí já começou a dor”, disse.
A mulher conta que precisou ser levada às pressas para o Hospital Regional, única unidade da cidade preparada para aplicar o soro antiescorpiônico. “Tinha que ficar 24h internada, mas eu fiquei só 12h. Quando foi no outro dia eu já estava melhor. A dor, no entanto, só passou depois de 26h”, lembra.
Os insetos aparecem mais na região entre os meses de setembro e fevereiro, quando ocorre o período de reprodução da espécie.
“Aumenta a quantidade de ataques porque aumenta também a quantidade de escorpiões. É um período de reprodução do escorpião, um período sazonal. O período quente e úmido é o período que os escorpiões saem para se reproduzir e também fugir das queimadas que ocorrem mais nessa época”, destaca o coordenador do Centro de Controle de Zoonoses do município, Everton Rusciolleli. (G1/BA)