Análise e situação do campo: se ele estiver muito estéril e cansado devido a monocultura dos erros ou, então, há tempos inativo na produção de boas obras, será preciso restaurá-lo mediante a seguinte fórmula, de ótimos resultados:
Primeiramente providencie a limpeza do local, capinando todo ódio, eliminando-o pela raiz. Remova as touceiras do egoísmo. Roce rente a falsidade e a mentira, colocando-as a secar à luz do sol da verdade. Procure juntar todos os detritos da vaidade e da soberba e faça-os deteriorar na sombra da humildade. Para estimular a produtividade dos valores reais, prepare um composto com os elementos da santificação, incinerando gradualmente as atitudes pecaminosas e misturando suas cinzas com as folhas soltas caídas das árvores da ilusão, adicionando o esterco bem seco da cobiça e as cascas apodrecidas da hipocrisia. Deixe estes ingredientes se decomporem em presença do oxigênio do autodomínio, auxiliado pela fermentação do desapego. Para reforçar a adubação, incorpore à massa material à base de conhecimento e sabedoria. Um bom auxílio no processo é, também, a vida ativa das minhocas da prudência, pois facilitam a penetração dos nutrientes da retidão e da dignidade moral, assim como evitam a compactação no solo dos defeitos. Mate o orgulho e utilize-o como mulche, isto evitará a evaporação da modéstia e ajudará a manter o frescor da simplicidade. Para um rápido crescimento das plantinhas do afeto e da moderação, o melhor clima é o da paz e a melhor temperatura é a do equilíbrio.
Após este preparo inicial, are o local com as ferramentas do carinho e da paciência e nas partes mais duras e rígidas da área a ser cultivada, abra, com firmeza e boa vontade, sulcos profundos de flexibilidade e delicadeza. Evite previamente a erosão da discórdia, usando curvas de nível de compreensão. Para garantir o sucesso do plantio e da colheita, escolha somente as sementes mais sadias e vigorosas, provenientes da geração biológica e espiritual do amor universal, totalmente isentas dos aditivos químicos das drogas e da corrupção e com a alta qualidade germinativa da fraternidade e otimismo, mesmo em meio às provações e deficiências humanas do agricultor inexperiente.
TRATOS CULTURAIS
Alguns dias após a semeadura, ao despontarem, os primeiros brotos da fé, regue-os diariamente com lágrimas doces de devoção, mas tome cuidado de desbastar o excesso de sentimentalismo emocional, com a foice da razão. Corte o joio dos vícios com o machado das virtudes e arranque as ervas daninhas do mal com as próprias mãos, plenas de benevolência. Com o ancinho da disciplina e a pá da determinação, libere a plantação dos entulhos da negligência e do comodismo. Controle as queimadas destruidoras, apagando o fogo das paixões com a água fria da renúncia. Para afastar as formigas da insatisfação, espalhe o remédio do contentamento. Para combater os grilos da especulação, solte seus inimigos naturais, os pássaros da intuição. Para evitar os fungos da distração, use um preparo de plena atenção. Extermine as demais pragas da avareza e das trevas, pulverizando tudo com os produtos da caridade. Quando surgirem as tempestades da tentação, trazendo os relâmpagos da perdição e as ventanias dos prazeres vãos, proteja os rebentos da pureza com a cobertura da austeridade e da oração.
“MÃOS À OBRA E BOA SORTE. REPARTA OS FRUTOS COM OS IRMÃOS”.
Texto originalmente publicado em 1988 pela Editora Sol Nascente na ocasião da 2° Edição do Novo Manual de Agricultura Alternativa de autoria Ernani Fornari.
Fonte: https://permaforum.wordpress.com – Por Sergio de Carvalho
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/08/2022