Ontem eu vi as flores miúdas da caatinga e bem-te-vis abrindo as asas, bicando insetos, no intervalo da chuva.
Sertão em festa!
Borboletas amarelas, a serra verdejando, e na espiga de milho pérolas amarelas, vibrantes, a vida se renovando no inverno da garça de penugem branca que migra pra essas bandas.
Chuva aqui é sangue que rega a terra, corações e esperança.
A névoa translúcida nas madrugadas da velha cidade, o frio, o broto tão esperado rompendo a escuridão no seu germinal solitário.
Sertão renovado, zabumba, sanfona, memória, amor, saudade.
Eu, bem-te-vi, passarinho quase desacreditado desse rincão esturricado, de crânios bovinos nas estradas, ericei a penugem.
Sertão molhado!
Flores miúdas, matizadas, tudo revestido, revirado em uma vida outra desse sertão que nunca morre, mas que renasce sempre nas trovoadas.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 04/08/2018