Os investimentos em infraestrutura são complexos no Brasil. Embora esteja entre a 6ª ou 8ª economia do mundo, quando diz respeito a investimentos de infraestrutura o País ocupa somente a 100ª posição, muito abaixo dos outros países que compõem os BRIC’s.
Em evento realizado pela Marsh na última terça-feira, 22, Michael Wagner, sócio da empresa de consultoria Oliver Wyman, ressaltou que os projetos para fins de estrutura imaginados pelo governo federal, o conhecido Plano de Aceleração do Crescimento – PAC ficaram longe dos 15% de participação no PIB que foi imaginado inicialmente, pois não caminharam como deveriam e, ainda que caminhassem, estariam longe de preencher a lacuna que existe no país.
Isso fez com que a função do BNDES fosse a de financiador de projetos de grande porte ao invés de ser um financiador do gerenciamento de risco. Esse tipo de investimento tem se tornado insustentável ao longo do tempo, pois enquanto o governo arca com esses custos os bancos e fundos de pensão não têm como competir com suas taxas que são praticadas hoje.
A falta de padronização e de seguros para esses setores acaba desestimulando os investidores, mas essa carência acontece porque a contratação de um seguro entra no cálculo dos custos que são repassados ao financiamento. Ou seja, quem contrata ainda entra na disputa em desvantagem. “No Brasil o dinheiro existe e está disponível para ser investido em infraestrutura, mas o governo ainda precisa encontrar os caminhos para utilizar esse dinheiro em grande escala”, afirmou o executivo.
O governo está arcando com todo o processo e isso acabará ficando insustentável. O BNDES precisa tornar-se um banco de desenvolvimento. “O problema é que há necessidade de mudança que eu não vejo acontecer no Brasil. O ministro da Fazenda está tentando, mas não é a prioridade no momento”, finalizou Wagner.
Preocupações com cyber risk
Há uma gama de riscos que envolvem os ataques cibernéticos e cada país lida com eles a sua maneira, mas o movimento de globalização tem horizontalizado cada vez mais essas preocupações. O quanto cada nação se preocupa com a segurança de seus dados?
Peter J. Beshar, vice-presidente executivo e conselheiro geral da Marsh & McLennan Companies, fez um panorama de como o mundo, especialmente o corporativo, tem reagido a essas questões. “No início da era da internet, os ataques hackers estavam baseados em “brincar” com informações, mudar layouts ou derrubar sites, tirá-los do ar. Hoje, essas intervenções evoluíram para gravíssimos crimes financeiros”, afirmou. Nos EUA a CIA, a agência central de inteligência, preocupa-se com o que eles chamam de “Pearl Harbor Cibernético”, ou seja, um perigo iminente de guerra através de meios digitais, com roubo de dados e ataques a dados confidenciais.
Esse temor não é exagerado. Muitos casos já foram relatados, inclusive com companhias de grande porte, como foi o caso da Target, uma gigante do varejo que após ataque teve 40 milhões de números de cartões de créditos roubados e vazados em dezembro de 2013. “O CEO entrou em apuros. As lideranças sempre têm que arcar com as falhas de seus sistemas, não podem apenas dizer que ‘não sabiam’”, indica Beshar que complementa: “a espionagem é uma situação para a qual ninguém ainda tem uma solução”.
91% dos ataques bem-sucedidos são feitos com uma técnica chamada phishing, que significa pesca. Ela é caracterizada por tentativas de adquirir dados pessoais através de links enviados com anexos. Assim que o anexo é aberto o vírus se espalha para a rede da vítima. “Isso dá acesso aos hackers a qualquer senha que seja digitada em seu computador. Nós fazemos treinamentos com os executivos de tempos e em tempos, mas às vezes não tem jeito, eles continuam clicando em links suspeitos”, brincou Beshar.
Essa preocupação nos EUA cresceu exponencialmente após os ataques de 11 de setembro de 2001. Os norte-americanos repensaram suas relações com a privacidade. Hoje eles preferem ser “espionados” pelo Estado do que correr riscos de terrorismo. Na Europa, a importância dada à privacidade ainda é muito grande e os cidadãos ainda não estão dispostos a abrir mão dela em nome da segurança, mas o recente atentado ao jornal Charlie Hebdo mexeu com essa visão, pois além dos ataques físicos, houve também graves ataques por meios digitais também.
Como é no Brasil?
As questões de ataques cibernéticos no Brasil estão muito mais ligadas a problemas políticos do que por questões de segurança. A presidente Dilma Rousseff sofreu espionagem dos EUA não porque o Brasil apresente uma ameaça bélica, mas por ser um importante país de articulação política.
Outra coisa que deixa os brasileiros como um grande alvo, afinal, o País está entre os 3 que mais sofrem ataques, ao lado de EUA e Rússia, é a utilização maciça de plataformas de transações financeiras. “O internet banking é muito usado no Brasil enquanto nos EUA pouquíssima gente faz isso. Vocês estão muito avançados em como usam o smartphone para facilitar a vida”, disse o executivo da Marsh.
Uma teoria para esses ataques recorrentes que o Brasil sofre são as suas relações econômicas com a China, país que possui 51% das origens dos ataques hackers. Essa utilização das plataformas pelos brasileiros faz com um número grande de dados transite e com que os hackers tenham mais chances de sucesso em seus ataques.
“O que podemos fazer a respeito, no momento, é monitorar e conduzir o cyber risk, arrumando nossos softwares e aprimorando nossas opções de seguro”, finaliza Beshar.
Fonte: Revista Apólice – Amanda Cruz
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade – 24/09/2015
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios