Estudo mostra que o preço médio do seguro de carro quase triplicou no Rio de Janeiro nos últimos cinco anos. De acordo com pesquisa da Bidu Corretora, especializada na comparação de preços de seguro, um morador de São Conrado, por exemplo, pagou em média R$ 1.543,29 pela apólice em 2013. Este ano, o valor médio saltou para R$ 3.895,15, ou seja, 152% a mais, um dos maiores do estudo.
O valor é referente ao primeiro contrato, ou seja, quando o cliente entra na seguradora, e não quando renova, momento em que as seguradoras costumam dar descontos conforme o comportamento do contrato no ano anterior.
Veja as médias estimadas para primeiro seguro e renovação (em R$) em alguns bairros do Rio em fevereiro de 2017 – http://oglobo.globo.com/economia/preco-medio-do-seguro-de-carro-ficou-ate-tres-vezes-mais-caro-no-rio-em-cinco-anos-20941153?utm_source=notificacao-geral&utm_medium=notificacao-browser&utm_campaign=O%20Globo
Para a pesquisa, a corretora colheu dados de 20 bairros do Rio, tendo como base um motorista de 40 anos, com habilitação desde os 18 anos, casado, vaga no prédio onde mora e no trabalho e um Gol (carro mais vendido do ano até outubro, segundo a Fenabrave), com quatro portas, 1.0 flex. A distância percorrida entre a casa e o trabalho seria de 25 quilômetros.
De 2013 para cá, houve queda nos preços apenas em 2014, de 7,28% em média. A partir de 2014, os preços só subiram. Segundo a coordenadora de marketing da empresa, Marcella Ewerton, o aumento é causado por vários fatores econômicos, mas o principal influenciador é o risco de segurança em determinada região.
– Várias mudanças aconteceram nesse intervalo de tempo, tanto na economia quanto nos indicadores que as seguradoras levam em conta para precificar o seguro. Porém, fatores como índice de roubo e furto e acidentes mais elevados podem contribuir para um seguro mais caro – disse.
Anderson Silva, tem 34 anos de idade e é analista de informações. Ele comprou um Honda Fit em 2013 e fechou um seguro em 2014 e 2015, mas em 2016 não renovou porque o preço subiria 15%, para cerca de R$ 2.300. O rapaz, que mora no Engenho Novo, começou a planejar trajetos, sempre curtos e o mais seguros possível, quando saía com o carro.
– Passei o ano de 2016 escolhendo horários para sair de casa, normalmente na parte do dia. Procurava caminhos já conhecidos e não estacionava na rua, só em estacionamento mesmo. O carro está com tudo em dia, mas, infelizmente, por conta do valor do seguro, eu não tive condição de renovar.
Este ano, Anderson não fez a cotação do carro, mas a previsão é a mesma: aumento de preços. De acordo com a Bidu, a média do bairro, é de R$ 4.737,67.
E o valor da cotação de seguro de carro ainda pode subir este ano, em média, 73,15% frente a 2016 na hora da renovação. Para novos contratos, o custo para o cliente pode dobrar. De 2016 para 2017, houve forte crescimento no número de roubo e furto no estado e na cidade do Rio de Janeiro.
– Em 2016, ocorreu o número mais alto de roubo de automóveis em 25 anos: 41.704 casos. Provavelmente, esse número interferiu diretamente nos preços de 2017 – afirma Marcella Ewerton.
São Conrado também ficou no topo da lista de aumentos de 2016 para 2017. Renovar o contrato com uma seguradora custou, em média, 111% mais. Já contratos novos tiveram reajuste de 168%. A renovação em 2016 custava, em média, R$ 1.222,39 e, em 2017, é R$ 2.582,77. Já o primeiro seguro no ano passado saía por R$ 1.452,77 e, em 2017, por R$ 3.895,15.
As cotações mais caras foram encontradas no Recreio: R$ 4.929,63 (contratos novos) e R$ 3.414,10 (renovação). Em 2016, os preços eram R$ 2.535,37 e R$ 2.110,31 respectivamente.
Marcella acredita que o mercado de seguros está mudando para atender a diferentes tipos de público, inclusive os que querem pagar menos para proteger o carro. Uma alternativa são os seguros modulares, nova modalidade na qual o dono do carro pode excluir serviços, como assistência 24 horas, para reduzir o valor.
– Algumas medidas podem diminuir o risco de segurar um veículo e, portanto, baratear o seguro. Por exemplo, parar o carro em estacionamento ou garagem fechada em vez de parar na rua, instalar dispositivos de segurança, não se envolver em acidentes, optar por um seguro não compreensivo, apenas para roubo e furto, ou o seguro popular, que está chegando ao mercado. O mercado está se diversificando bastante.
ENTENDA OS TIPOS DE SEGURO:
Seguro compreensivo: protege o veículo contra incêndio, roubo, furto, colisões e vários outros riscos, com indenização parcial ou total. Geralmente, inclui proteção a terceiros, danos morais, coberturas de vidros e assistência. É o seguro mais amplo, mas requer um investimento mais alto que as demais opções. O seguro vai ficando mais caro quanto mais antigo for o veículo.
Seguro básico/rastreador com seguro: oferece proteção contra roubo e furto. Algumas seguradoras oferecem essa modalidade junto com a instalação de um rastreador em comodato e adicionam mais coberturas, como perda total por colisão. O cliente só é indenizado caso o automóvel não seja encontrado ou, caso encontrado, com danos superiores a 75% do valor do carro. Se, por exemplo, o carro for encontrado sem os pneus ou sem uma porta, por exemplo, o contratante deverá pagar pelo conserto do próprio bolso. Esse tipo de seguro se assemelha mais a um serviço de assinatura mensal, porque possui opções atrativas de parcelamento, chegando a 12 vezes sem juros. Ele costuma ser mais barato, mas também oferece uma proteção menor.
Seguro popular: essa cobertura ainda não é comercializada. Ela ainda está em debate entre as entidades reguladoras do seguro e as seguradoras. Até o momento, a cobertura básica será colisão parcial e o segurado poderá realizar consertos no carro com peças de reuso.
Seguro de terceiros: o foco é cobrir danos materiais, corporais e morais causados a terceiros, que podem ser tanto outras pessoas, sejam outros motoristas, pedestres, etc, e tanto patrimônio alheio, como carros, muros e postes.
Seguro de acidentes de passageiros: essa cobertura inclui indenizações no caso de morte acidental e invalidez permanente de passageiros do veículo. É muito importante para quem usa o veículo para transportar pessoas, como motoristas de táxi e de Uber – inclusive, essa cobertura é exigida pelo aplicativo.
Seguro DPVAT/seguro obrigatório: é um tipo de seguro administrado pelo Estado e que beneficia vítimas de acidentes de trânsito. Ele é pago por ano, geralmente junto com o licenciamento e o IPVA.
Fonte: http://oglobo.globo.com – Annelize Demani
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 17/02/2017