“Sempre considerei o Natal um período difícil”, disse Charlotte Walker à BBC; ela espera evitar recaída durante esse período.
No dia em que milhares de pessoas em todo o mundo acordarão inquietas à espera de jantar com a família e trocar presentes, a britânica Charlotte Walker deve passar a noite de Natal lutando contra outro tipo de ansiedade: a depressão.
Veja o relato de outras pessoas afirmando que: “Ninguém leva minha depressão a sério” – http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-01-21/ninguem-leva-minha-depressao-a-serio.html
No link a seguir, conheça os médicos que procuram voluntários para tratamento de depressão sem uso de medicamento. Técnica promissora e sem efeitos colaterais usa corrente elétrica de baixa intensidade para modular o cérebro; tipo de procedimento não deve ser confundido com eletrochoque. http://saude.ig.com.br/minhasaude/2014-07-03/medicos-procuram-voluntarios-para-tratamento-de-depressao-sem-uso-de-medicamento.html
No relato abaixo, Charlotte conta como planeja evitar uma recaída durante o período de festas, sobretudo quando todos à sua volta aparentam extrema felicidade.
“Sempre considerei o Natal um período difícil. Neste ano, estou me recuperando de uma crise de depressão particularmente desafiadora. É muito normal sentir-se pressionada a criar aquele Natal mágico, mas se você estiver estressada, ansiosa, ou mesmo, depressiva, essa pressão pode chegar a níveis humanamente insuportáveis.
Sei que não estou sozinha. Nas últimas semanas, vi amigos meus que também sofrem dessa doença tuitarem sobre suas preocupações, ou até do seu pavor em atravessar o período de festas.
Minha amiga Alice resumiu o problema em 33 caracteres: “Depressão e Natal não combinam”. Mas o Natal está se aproximando, quer eu queira ou não – assim como o medo de uma recaída. Para dar conta disso tudo, as coisas vão precisar ser um pouco diferentes.
Em primeiro lugar, comecei a deixar para trás ideias que eu tinha sobre o Natal “deve” ser. Não vou negar que a tarefa é difícil porque todos os preparativos começam no início de novembro.
Vocês já repararam na quantidade de propagandas nesse período de festas? Além da pressão a que somos submetidos e desse sentimento de antecipação, os anúncios vendem uma ilusão: vemos pessoas comprando aqueles presentes lindos e as matriarcas produzindo quilos e mais quilos de comida fantástica. Enquanto isso, revistas e programas de TV nos ensinam como montar um “Natal perfeito”.
Estive pensando noutro dia que se eu tivesse um problema de saúde – não que eu não tenha – que impedisse meus movimentos, sei lá, uma apendicite ou mesmo uma perna quebrada, não pensaria duas vezes em um Natal mais quieto, “na minha”, como dizem por aí. Mas estou recebendo medicação por causa de uma crise recente e preciso me cuidar ao máximo para evitar uma recaída.
Portanto, neste ano, o perfeccionismo está descartado – o que eu quero é um Natal simples, mas “bom o suficiente”.
Comprar presentes é um problema para mim. Quando estou feliz, gasto o que posso e o que não posso. Quando estou mal, não consigo nem olhar as vitrines. Uma estratégia que eu adotei é compartilhar meus limites com minha família e meus amigos. Assim, como não tenho estado muito bem, tomei a iniciativa de dizer a todo mundo que vou distribuir “vale-presentes” neste ano. Até me permito perguntar qual vale-presente a pessoa quer receber, mas comprar o presente está completamente fora de questão. Ninguém reclamou (por enquanto).
Também disse à minha família que vou tirar um tempo para cuidar de mim. Sendo mãe, sinto que o Natal mexe muito comigo: o que devo comprar, o que cozinhar, se as pessoas vão se divertir, se haverá o suficiente para todo mundo. Como muitos que sofrem de depressão, há momentos que disfarço o meu real sentimento.
Meus filhos já estão crescidos, mas ainda tenho esse instinto de protegê-los – não quero que eles saibam como as coisas podem ser difíceis, então eu sempre acabo fingindo ser quem eu não sou. Algumas vezes, quando eu “atuo”, fico prazerosamente surpresa como me sinto bem depois. Mas é algo que não dura por muito tempo.
Preciso de espaço para ser quem eu sou, arrumar a bagunça dentro de mim caminhando sozinha no parque, tomar um banho de espuma ou escutar canções natalinas na rádio enquanto saboreio uma torta bem calórica. Algumas vezes isso pode parecer egoísmo, mas a verdade é que, se eu não cuidar de mim mesma, não terei a resiliência necessária para atender às demandas da minha família.
É exatamente como aquela recomendação que recebemos quando viajamos de avião: “em caso de despressurização, coloque a sua máscara de oxigênio primeiro e só depois ajude os outros passageiros”.
E, finalmente, estou tentando pensar em como sou abençoada. É algo que eu normalmente detesto fazer, como se meus problemas pudessem desaparecessem por causa disso. Seria ótimo se pudesse me sentir mais empolgada com o período de festas, mas sei que sou uma mulher de sorte – tenho amigos que nem têm o que comer neste Natal e conheço gente que nem tem escolha senão passar o dia sozinha. Portanto, posso até não estar tão bem quanto gostaria, mas poderia estar passando esta data tão importante deitada em uma cama de hospital.
Minha ceia de Natal talvez não seja tão boa quanto a de Nigella Lawson, e meus presentes não são tão originais ou feitos à mão. Mas duvido que em um mês tudo isso tenha importância. Cuidar de mim mesma nesse período de festas é um alento para começar 2015 mais forte contra a depressão. Este é o melhor presente que eu posso me dar.
Feliz Natal a todos.”
*Charlotte Walker é autora do blog Purple Persuasion (em inglês) e voluntária em primeiros socorros mentais.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 21/12/2014
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios