A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa nesta quarta-feira (28), pressionada pela divulgação do balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014 da Petrobras. Sem incluir perdas por denúncias de corrupção, como era esperado, o relatório desagradou investidores.
A Petrobras fechou em queda, com baixa de 11,21% nas ações preferenciais, cotadas a R$ 9,03, e de 10,48% nas ordinárias, a R$ 8,63.
Mais cedo, os papéis da estatal chegaram a perder quase 12% (ações ordinárias dão direito a voto, enquanto as preferenciais dão prioridade na distribuição de dividendos).
A baixa da Petrobras desta quarta foi a maior desde outubro de 2014, segundo dados da Economatica. A empresa perdeu R$ 13,9 bilhões em valor de mercado no dia, passando de R$ 128 bilhões para R$ 114 bilhões. No início de setembro, a empresa tinha valor de mercado de R$ 310,9 bilhões.
Os papéis da Petrobras despencaram também nos Estados Unidos. Na bolsa de Nova York, a queda foi de 11,7%.
Balanço atrasado
Com dois meses de atraso, a Petrobras divulgou na madrugada desta quarta o balanço do terceiro trimestre de 2014. Os números mostram que a estatal teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões, uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior.
Por duas vezes a companhia adiou a divulgação informando que os dados precisavam ser ajustados para as perdas decorrentes das denúncias de corrupção. O documento divulgado, no entanto, veio sem essas informações.
Efeito negativo
“Esse balanço certamente vai impactar de forma negativa nos mercados, porque ele não mensura o que estava faltando [referente às denúncias] e contraria o que a própria Petrobras havia sinalizado anteriormente [de que as perdas seriam incluídas]”, disse ao G1 o economista Jason Vieira.
Juntas, as ações preferenciais e ordinárias da petroleira têm participação de 8,3% na carteira do Ibovespa válida para esta quarta-feira, informou a Reuters, fazendo dos papéis a maior pressão negativa sobre o índice.
Para o analista da Gradual Investimentos Paulo Cabral Bastos, o balanço, da forma como foi divulgado, não tem credibilidade. “É muito ruim para o mercado, uma vez que se esperava que compras superfaturadas e outras irregularidades fossem contabilizadas”.
Perdas
Cálculo apresentado durante a reunião do Conselho de Administração da Petrobras realizada na terça-feira indicava a necessidade de uma baixa contábil de R$ 88,6 bilhões nos ativos da companhia referentes às perdas com corrupção ligadas à operação Lava Jato. O número aparece em comunicado da presidente da estatal, Graça Foster. Segundo ela, no entanto, a metodologia usada não foi considerada adequada.
De acordo com Graça Foster, a estimativa de perdas foi feita com base na diferença entre o valor justo e o valor contábil de cada um dos ativos avaliados, considerando ainda o sobrepreço (superfaturamento) verificado a partir de informações da Operação Lava Jato.
A estatal considerou, no entanto, que a metodologia usada não foi considerada uma substituta adequada para o cálculo das perdas com corrupção, “pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente”, e que será feito outro cálculo desse impacto.
Blog do Florisvaldo – Informação com imparcialidade – 28/01/2015
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios