História de um Sertanejo que se estivesse vivo, hoje, 20 de setembro de 2023 completaria 106 anos, equivalente a um século e cinco anos de existência.
Evilazio, em sua memória e recordação, queremos que este dia seja especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu a natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós, a capacidade de recomeçar a cada ano. Como você gostava de viver o mais intensamente possível, arriscar sempre dentro de suas possibilidades e disponibilidades, sabemos que se você estivesse vivo aos 106 anos para viver outros 106, ainda não teria tempo para fazer tudo o que queria fazer. Parabéns Parabéns Evilazio Carvalho pelos seus 106 anos de Historias
Evilazio Lunguinho de Carvalho, nasceu em 20/09/1917 no povoado de Jacuricí, município de Itiúba, estado da Bahia. Era o terceiro filho de uma família composta por seis irmãos, sendo: Maria de Carvalho, Leôncio de Carvalho, Evilazio de Carvalho, Alexandrina de Carvalho, Lili de Carvalho e Honória de Carvalho, todos já falecidos.
Evilazio Carvalho e Domingas Ferreira dos Santos (Dunga)
Em 27 de julho de 1943, casou-se com a senhora Domingas Ferreira dos Santos (Dunga) na cidade de Cansanção, estado da Bahia, local em que fixou sua residência na Fazenda Laje do José, no mesmo município. Desta união conjugal, nasceram dez filhos, onde cinco morrem ainda criança (por respeito, vou declinar os seus nomes) e, Adão Ferreira dos Santos, falecido em 06/06/2018, sendo os sobreviventes: Silvia de Coelho, Argemira de Carvalho, Florisvaldo Ferreira dos Santos, e Maria das Graças de Carvalho. Além destes, adotou, como se filha fosse, a Hermínia de Moraes (Mirá), a qual permaneceu como membro da família até a década de 70, ocasião em que constituiu sua família.
Evilazio Carvalho, Nelson de Carvalho (Sobrinho e Afilhado) E Domingas F. dos Santos (Dunga).
Pessoa humilde, trabalhadora, respeitada e respeitador, dotado de uma honestidade irreparável, criou e educou todos os seus filhos com o suor do seu rosto no incansável trabalho como lavrador.
De terça a domingo, cultivava os produtos para subsistência da família, ao mesmo tempo em que cuidava do seu pequeno criatório que era composto de caprino, ovino e suíno, além de aves de várias espécies.
Na segunda feira (dia da feira na cidade de Cansanção/BA), no lombo de sua tropa de animais, transportava os produtos colhidos e/ou angariados durante a semana (feijão, farinha, milho, mamona e licuri, animais, aves e ovos) para serem comercializados na feira livre da cidade.
Era um homem de gênio forte, não era de mandar recado, porém era dotado de uma sensibilidade ímpar, capaz de tirar a roupa do corpo para servir ao seu semelhante que lhe procurasse.
Na época em que nasceu e se criou, os estudos eram privilégio de poucas pessoas, motivo pelo qual aprendeu apenas ler uma carta e escrever outra, fato que o tornou uma referência na região para todos, servindo de intérprete e interlocutor, fazendo e lendo cartas para aquelas pessoas que não sabiam ler e nem escrever.
Para quem lhe perguntava da sua escolaridade, ele costumava dizer: “A única escola que frequentei foi a roça, tendo como caneta uma enxada e meu caderno era o chão”.
Sem nunca ter visto uma partitura musical ou qualquer explicação sobre as escalas musicais de um violão, era uma excelente tocador e juntamente com a sua irmã Honória, formavam uma dupla de cantadores das músicas e modinhas da época (marchas, valsas, boleros, baião, chotes, mazurcas e músicas sertanejas raízes, etc.).
Como filho, e ainda adolescente, me recordo com saudades quando ele tocava o repertorio e composições de Noca do Acordeom, em seu disco de 78 rotações, intitulado “Baião da Saudade” (https://www.youtube.com/watch?v=DJoiJ1IdHlU).
Para ilustrar, eu não poderia deixar de publicar o depoimento do morador da época, vizinho do Sr. Evilazio, João da Macena (ou Joãozinho do Cornélio) onde ele diz:
“Bom dia Florisvaldo! – Recebi e li essa inesquecível biografia do Evilázio, o qual me trouxe muitas e boas recomendações. Quantas de noites de luar, eu, minha irmã Judite e Tio Salú, íamos visitá-lo em sua residência, para bater papo e “bater nas cordas de um violão”, escutando, participando das modinhas ou valsas que o Evilazio cantava com maestria
Tudo isso esta registrado em minhas memórias.
Parabéns por esse riquíssimo acervo familiar.
Muito obrigado pela a bela recordação.
Valeu!”, disse ele.
Em 1954, por ser considerado um conciliador nato na região, na emancipação do município, o prefeito João Andrade o nomeou como Inspetor de Quarteirão, cargo que exerceu, até a década de 80.
A título de esclarecimento, informo que no Brasil, a figura do Inspetor de Quarteirão surgiu e foi regulamentada em 1832, em que os “Juízes de Paz” e autoridades policiais contavam com o auxílio dos “Escrivães de Paz” e “Inspetores de Quarteirão”.
Neste período e durante o seu mandato, todas as questões, ações e/ou conflitos que foram acertadas e/ou apaziguadas por ele, sempre foram aceitas e sacramentadas na sua integralidade pelas autoridades constituídas no município.
Faleceu em 02/12/1991, deixado viúva a senhora Domingas Ferreira dos Santos (Dunga), a qual veio a falecer em 09/04/2013, cujos descendentes (na época) eram compostos de 10 filhos, 14 netos, 30 bisnetos e 5 cinco trinetos.
Fonte de pesquisas: Florisvaldo Ferreira dos Santos, Lourenço de Carvalho (Louro), Delvaer de Carvalho, Donata Carvalho, Nede de Carvalho, Varlene Fernandes dos Santos, Silvia Coelho, Mainar Coelho, Maria das Graças, Argemira Carvalho, Sergio de Mainar, Maria Auxiliadora, Antônio Cesar, Nelson de Carvalho. João da Macena e outros.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 20/09/2023
1 comentário
Bom dia Florisvaldo!
Recebi e lí essa inesquecível biografia do Evilázio, o qual me trouxe muitas e boas recomendações.
Quantas de noites de luar, eu, minha irmã Judite e Tio Saú, iamos vizita-lo em sua residencia, para bater papo e “bater nas cordas de um violão”, escutando, participando das modinhas ou valças que o Evilazio cantava com maestria
Tudo isso esta registrado em minhas memórias.
Parabéns por esse riquíssimo acervo familiar.
Muito obrigado pela a bela recordação.
Valeu! João da Macena