L. Gonzaga (nome artístico adotado para não ter implicações com o “Rei do Baião”) dedicou parte de sua vida profissional atuando na área cinematográfica e de jornalismo através da sua empresa AMÉRICA Internacional Filmes Ltda., sediada em São Paulo, com filiais na Argentina, Chile e Espanha.
Atualmente, exerce também o cargo de Conselheiro Participativo da Prefeitura Municipal de São Paulo na função do controle social, assegurando a participação da sociedade no planejamento e fiscalização das ações, gastos públicos nas regiões, sugerindo ações e politicas publicas na área do Distrito da Vila Matilde.
É um dos articuladores pela construção (Ampliação de Todas as Instalações) do Hospital Alexandre Zaio (Hospital do Nhocuné), que é um compromisso assumido pelos quatro últimos prefeitos eleitos.
Em junho de 1979, em reconhecimento ao profissionalismo de L. Gonzaga em todas as suas atividades desenvolvidas, o Jornal “DE OLHO NA BOCA” publicou uma matéria “A HISTÓRIA DE UMA CARREIRA” escrita pelo Jornalista e critico de cinema, J. Santana, a qual publicarei na integra:
“A HISTÓRIA DE UMA CARREIRA”
“Luiz Gonzaga dos Santos (L. Gonzaga para os íntimos) nasceu lá no interior da Bahia que também é de Todos os Santos
Feliz coincidência. Aos dez anos já experimentava seus sentidos: Encarapitado no alto da cerca, aso mãos em concha na boca, despejava um grito longo para os fundos do vale do São Domingos só para ouvir o eco reboando nas encostas ao longe. Desenvolvia-se a na arte de sentir.
Os negócios do pai um dia desmoronaram. Ruem junto os sonhos e a calma da vida da família.
Emigraram todos em direção ao sul milagroso, onde o dinheiro é farto e as oportunidades são muitas.
Perambularam por algum tempo e depois fixaram-se em Presidente Prudente/SP.
Novas experiências: Gonzaga acumulava os deveres da escola coma necessidade de ganhar o pão.
E a sua ajuda ao orçamento familiar é tirado do lustro que a flanela deixa nos sapatos que ele engraxava pela cidade ou do tabuleiro onde vendia os doces que a sua mãe preparava, ate o dia em que foi conhecer os segredos dos motores de todos os caros da época e foi ser ajudante de mecânico. E foi concertando platinados e mexendo em fios que ele teve a sua primeira consciência politica: O radio do carro, ao anunciar a morte de Getúlio Vargas, despertou em seu espirito o interesse pelas coisas publicas.
Já amadurecido, novas andanças pela cidade em busca das sonhadas oportunidades, mas, aqui como lá, tudo era difícil. Era a chance de mostrar a força da sua decisão: O menino que, aliás, já não era mais menino – era um jovem escolhendo caminhos – não conseguia escola onde aprender as coisas, ao invés de desanimar, tornou-se “Rato de Biblioteca”. Um feroz rato de biblioteca, numa ânsia auto-didata que o levou a ler indistintamente sobre pintura, literatura, musica, filosofia, clássicos, bons, maus e péssimos livros.
Tudo valia: a paixão pela descoberta era infinita.
De repente, uma definição: era preciso escolher um código, uma forma de vida tal que permitisse a utilização pratica do vivido e aprendido até então.
Foi quando caiu em suas mãos a “Historia do Cinema”, de George Sadoul, e veio a descoberta de um poderoso instrumento de comunicação social, onde sua inexplorada “vocação” de comunicador seria duramente testada.
Nessa época (1958) o Brasil produzia tão poucos filmes que a porta de entrada para esse mundo mágico era ainda mais estreita do que hoje, sendo permitida somente a entrada dos que de alguma forma já dominassem os rudimentos da sua complicada tecnologia. Ele não se assustou: o caminho estava escolhido e por ele, qualquer sacrifício seria feito.
Fez cursos, alguns com os mais competentes técnicos e professores do país, por exemplo, os já falecidos Alberto D’Aversa e Eugênio Kusnet, ou os tarimbados e perfeitos Roberto Santos ou Plinio Garcia Sanches. Fez figuração, teatro, televisão, laboratório de revelação de filmes, foi assistente de montagem de filmes publicitários, em fim, tocou em quase todos os pontos de comunicação pela imagem e pela palavra.
Sua vivência como comunicador é mais do que simples filmografia, incluindo experiências diversos campos, tais como: em 1959 Assistente de Produção no filme “Tudo ou Nada”, dirigido por Jacques Gibault; até o final da década de 60, dedica-se basicamente ao Jornalismo; 1968/69 montagens de filmes publicitários, direção e produção de um curta-metragem: “Um dia, Um 1º de Abril”; 1970/71 Assistente de Direção do filme “Maria Sempre Maria”; 1972 Assistente de Direção do filme “Portugal Minha Saudade”, dirigido por Mazzaropi e Pio Zamuner; 1972 á 1975, dedicou-se novamente ao Jornalismo, tendo desenvolvido intenso trabalho na Revista Especializada “Cinema em Close-Up; 1975 Assistente de Direção do filme “Amadas e Violentas” dirigido por Jean Garret; 1976 Assistente de Direção e Continuísta do filme “Aleluia, Gretchen”, dirigido por Silvio Back e Assistente de Direção do filme “O Menino da Porteira”, dirigido por Geremias Moreira Filho; 1977, retorna ao Jornalismo; 1978, realiza seu primeiro grande projeto próprio – Roteiro e Direção do filme “Mustangue Cor de Sangue” (atualmente com o titulo modificado para “Patty, Mulher Proibida”), baseado num conto de Marcos Rey; ainda em 1978 participa como Assistente de Direção do filme “Mulher, Mulher”, dirigido por Jean Garret. Além disso, outras experiências: um romance a ser editado pela Mek Editores, chamado “Pai, Amante”; três roteiros inéditos a espera de um produtor – “Sol da Terra” (do livro de Caio Porfirio), “O destino de Alice” (variações sobre o tema de Pai Amante), e “João Sem Medo” (de uma ideia original de Tércio Mota que envolve prospecção do passado, demonismo e coisas astrais)”.
TRAZIDOS DE DEBAIXO DO TAPETE
Em maio de 2005, com a fundação do Cineclube, institucionalizado pelo Governo Federal, em que patrocinava as produções nacionais a serem exibidas semanalmente, todas as quintas feiras sessões com entrada gratuita e franqueada a população, cujo plano piloto foi feito em São Paulo na Casa França-Brasil.
Na edição do 12/05/2005, o Jornal do Brasil publicou uma extensa matéria escrita pelo jornalista Alexandre Werneck e pelo pesquisador e documentarista Remier, com o titulo “Trazidos de debaixo do tapete” em que relatava a decadência do cinema nacional. Nesta matéria, Luiz Gonzaga, na qualidade de entrevistado, reconhecendo e o estado em que se encontravam os filmes de produção nacional, afirmou: “Os filmes nacionais acabaram ficando como aqueles filhos deformados, que as pessoas escondem no quarto”.
Fonte: Depoimento pessoal do Senhor Luiz Gonzaga e documentos de seus arquivos
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade – 17/09/2015
Florisvaldo Ferreira dos Santos
Consultor de Seguros e Benefícios