Foto 1 – Florisvaldo F. dos Santos (Assessor da Gestão) e Júlio Carvalho Sobrinho (Coordenador de Cultura, Foto 2 – Alunos do 4º ano da Escola CEU EMEF – Professora Cândida Dora Pino Fretine e Foto 3 – Florisvaldo F. dos Santos (Assessor da Gestão) – Divulgação.
É com imensa satisfação e natural emoção que compartilho a minha vivência ao participar de um evento muito especial na Biblioteca Mário Palmério, localizada no CEU São Rafael, em São Mateus, São Paulo, realizado no dia 05 de dezembro de 2024. Esse convite foi feito pelos dedicados bibliotecários Cristiano Pereira de Souza, Carla Adriana de Souza Muniz e Jozelaine Ferreira de Castro Souza, e me proporcionou a oportunidade de testemunhar um trabalho incrível realizado pelos alunos do 4º ano C – 2024 – da Escola CEU EMEF – Professora Cândida Dora Pino Pretine, sob a orientação da Professoras Gislene e Pamela.
Talvez, você esteja se perguntando: será que a professora e a coordenadora apenas pediram para os alunos pesquisarem e apresentarem a Literatura de Cordel de forma teórica? Ledo engano! Elas não se limitaram a isso. Essas educadoras se envolveram ativamente em todo o processo, colocando literalmente a “mão na massa”. Participaram da criação dos folhetos com versos que seriam recitados na apresentação, envolvendo-se nas etapas de desenvolvimento com um entusiasmo que é digno de nota, pois, como todos sabem, esse tipo de tarefa exige dedicação e um esforço considerável.
Agora, para quem não conhece a fundo a técnica de criação dos desenhos, permitam-me explicar: os tradicionais cordéis não costumam trazer ilustrações no seu conteúdo, mas suas capas são famosas pelas xilogravuras. A xilogravura é uma técnica de impressão que utiliza uma matriz esculpida em madeira macia, como cajá, imburana, cedro ou pinho. Porém, no projeto realizado pelos alunos e orientado pela professora e coordenadora, em vez de madeira, foi utilizado o isopor. Com o auxílio de instrumentos cortantes como goivas, facas, formões e buris, os alunos criaram suas matrizes, que foram usadas para fazer diversas impressões. Essa técnica, apesar de simples à primeira vista, resulta em imagens visualmente impressionantes e carregadas de personalidade.
Como nordestino e profundo admirador da Literatura de Cordel, fiquei extremamente tocado com a criatividade e o empenho dos envolvidos no projeto. A reprodução dos detalhes, especialmente a forma como os folhetos foram pendurados em cordel, foi uma verdadeira homenagem à rica cultura nordestina, uma característica tradicional dessa manifestação popular. Acredito que, ao observar o trabalho desses jovens e educadores, percebi como a dedicação e o amor à cultura podem transformar uma simples atividade escolar em uma experiência marcante.
A Literatura de Cordel, uma das mais singulares expressões da cultura popular brasileira, tem suas raízes no Nordeste e é composta por poemas que encantam pela sua simplicidade e riqueza de rimas. Quando fui convidado a compartilhar minha experiência sobre o tema, me senti honrado, pois essa literatura tem um significado especial para mim. Nasci em 1950, na cidade de Cansanção, na Bahia, uma região afastada dos grandes centros urbanos como Feira de Santana, Senhor do Bonfim e Salvador. Naquela época, a educação formal era um privilégio de poucos, mas, uma parte significativa do que aprendi na infância devo à Literatura de Cordel, que, carinhosamente, chamávamos de “ABC”.
Esses folhetos chegavam às minhas mãos por meio de meu pai, que os trazia das feiras livres. Eles me transportavam para um mundo de histórias, ensinamentos e reflexões, unindo, de forma única, informação e entretenimento. O Cordel não só formava leitores, mas também despertava a reflexão, diversão e criatividade, tornando-se um verdadeiro pilar do imaginário popular brasileiro.
Historicamente, o Cordel ganhou força no Brasil, principalmente no século XX, com relevante ênfase entre as décadas de 1930 e 1960. Grandes nomes da literatura brasileira, como João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa, beberam dessa rica fonte de inspiração. Porém, com o advento de novas mídias, como rádio, televisão e internet, o Cordel perdeu um pouco de seu brilho, especialmente entre os mais jovens.
Por isso, iniciativas como das duas Professoras, que não só buscaram resgatar, mas também celebrar a Literatura de Cordel, são verdadeiros atos de resistência cultural e renovação. Reconhecer o valor dessa arte e apresentá-la às novas gerações é um trabalho de grande expressão para a preservação de nossa identidade cultural.
De pé, aplaudo e parabenizo essas extraordinárias educadoras visionárias, que têm se dedicado de corpo e alma para manter viva essa tradição. O trabalho desenvolvido por elas e pelos alunos é uma inspiração para todos nós, lembrando-nos de que, através da educação, podemos preservar e renovar nossa cultura, garantindo que o Cordel continue a encantar e a ensinar por muitas gerações.
Com gratidão e profunda admiração,
Florisvaldo F. dos Santos
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade
9 Comentários
Parabéns!! Muito orgulho
Bela ideia. Uma forma de comunicação bem própria e verdadeira para todas as regiões, por que não? Parabéns pela iniciativa!
Parabéns pelo belíssimo texto, onde você ressalta com muita propriedade e qualidade a importância que o CORDEL representa no contexto cultural de todo o Nordeste brasileiro. Justíssima homenagem aos briosos cordelistas nordestinos!
(Salvador-BA).
Acabei de ler!
Muito lega!!
Que orgulho de você!
Nossa, maravilhoso seu depoimento, com certeza os envolvidos ficarão orgulhoso ao ler❤
Felicitaciones! por esta hermosa iniciativa, la educación y la creatividad no tiene límites. Saludos a las docentes, en especial a nuestra querida sobrina Pâmella Lippians
É muito gratificante fazer parte desse sentor: cultura. A cada dia aprendendo mais. Parabéns Florisvaldo! Texto impecável, simples e muito explicativo.
Como é gratificante saber a existência de alguns escolas que se identificam com a literatura de Cordel, entretanto nossas Escolas de hoje identificam -se com sexualidade, entretanto o Cordel sem dúvida nenhuma foi uma época em que os nordestinos eram os Reis da literatura de Cordel, como foi citado por você João Cabral de melo Neto, brilhante pernambucano, escritor e Diplomata, João Guimarães Rosa, escritor e Diplomata, vem o paraibano Ariano Suassuna era cheio de lodaçal uma vez ele disse não tinha coisa melhor você está em um lugar e ter um mentiroso, não podemos esquecer aqueles cearense que sempre dedicou-se a literatura de Cordel Patativa de Assaré, digo eu, a literatura de Cordel era e é uma coisa das coisas mais sublima que que existe, aqueles ABC, como Cancão de fofo e Pedro Salazar, Zé Pretinho e o Cego, chegada de Lampião no inferno, à história, da Princesa da Pedra Fina, baseada na história de José do Egito e .muitas história de primeira e outra,. Valeu amigo o seu relato foi maravilhoso inclusive sua presença nesse grupo, muito obrigado peço desculpa por ter alongados uma boa noite pra você e família
Entranndo aqui para registrar os mais elevados e sinceros parabéns a meu parceiro blogueiro Florisvaldo Ferreira dos Santos, tanto pelo completo; muito completo, e completussimo artigo sobre o valoroso Projeto Cultural de Literatura , do qual ele é o Coordenador de Gestão. Para o conhecimento dos (as)assiduos (as) lectores(as) do Blog do Florisvaldo – Informaçao Com Imparcialidade, este homem forte das abelhas, tbm blogueiro é parceiro do Flori, somos orgullosos de contar com a hospedagem de nossos modestos blogs no http://www.portaldenoticias.net de propiedade do valoroso conterrâneo amigo Gabriel Araujo . Nas considerações finais deixo aqui às merecidas palavras de incentivo ao Flori, e que o Divino o continue inspirando sempre e sempre, para que ele possa nos contemplar com postagens semelhantes a esta . Assim sendo , ganha o blogueiro, e muito mais nós , seus(as) assíduos (as) letores . Aproveitando o ensejo este homem forte das abelhas de forma anticipada, deseja a todos e todas, um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo cheio de muita paz e muita prosperidade.