O irmão do ex-ministro José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, foi preso na manhã desta sexta-feira (9), em Ribeirão Preto (SP), por condenação em segunda instância na Operação Lava Jato.
Em maio de 2016, Luiz Eduardo foi condenado a oito anos e nove meses de prisão em regime fechado por lavagem de dinheiro e organização criminosa. A pena foi aumentada para 10 anos, seis meses e 23 dias pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), em setembro de 2017.
José Dirceu foi condenado nessa mesma ação no TRF-4, mas a Corte ainda não avaliou um recurso apresentado pela defesa em 8 de janeiro.
Ex-sócio da JD Consultoria, Júlio César dos Santos também foi preso nesta sexta-feira. Ele foi condenado pelo TRF-4 a 10 anos, oito meses e 24 dias de prisão por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A advogada Paula Moreira Indalecio, que representa Luiz Eduardo, disse que pedirá à Justiça que o cliente não seja transferido para Curitiba (PR), mas permaneça preso em Ribeirão, onde a família mora.
Já o advogado Rubens de Oliveira Moreira, que defende Júlio César, disse que ingressará com recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedindo que o cliente cumpra a pena em regime domiciliar.
“A condenação não retrata o que foi produzido nos autos, até porque a própria procuradora da República, em segunda instância, pediu a diminuição da pena. Mesmo assim, ele foi condenado a mais. Então, vamos recorrer”, disse.
O mandado de prisão contra Luiz Eduardo foi cumprido por volta de 6h, na casa onde ele mora, no bairro Ribeirânia. Ele foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito e, em seguida, transferido ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ribeirão.
Acompanhado dos advogados, Júlio César se apresentou na Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo (SP). As prisões dele e de Luiz Eduardo foram determinadas pelo juiz Sérgio Moro nesta quinta-feira (8).
No despacho, Moro explica que as penas estão sendo executadas porque foram esgotados os recursos em segunda instância e os réus não “interpuseram embargos infringentes com efeito suspensivo”.
Condenação
Luiz Eduardo e Júlio César foram presos pela primeira vez em agosto de 2015, na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Pixuleco, que investigava esquema de fraude, corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras – o foco eram irregularidades em contratos com empresas terceirizadas.
Segundo a Justiça Federal, as provas colhidas indicaram que ambos atuavam como auxiliares de José Dirceu na operacionalização do recebimento de propinas e lavagem de dinheiro.
Os dois, inclusive, foram sócios da JD Consultoria, empresa utilizada pelo grupo para recebimento das propinas dissimuladas em contratos de consultoria.
Segundo o juiz Sérgio Moro, o irmão de José Dirceu admitiu à PF que recebeu pagamentos mensais de R$ 30 mil em dinheiro, em espécie, do lobista Milton Pascowitch. Ele afirmou, porém, que desconhecia a origem do dinheiro ou o motivo dos pagamentos.
“Também admitiu aparentemente que pagamentos efetuados por empreiteiras após a condenação de José Dirceu não teriam sido efetuados a título de consultoria, como anteriormente afirmava a empresa JD em sua defesa, mas a título de ‘auxílio'”, citou o juiz.
A denúncia aponta 129 atos de corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva praticados na diretoria de Serviços da estatal entre 2004 e 2011. O valor de corrupção foi estimado pelo Ministério Público Federal (MPF) em R$ 60 milhões, dos quais R$ 65 milhões foram lavados.
Também foram identificadas, de acordo com o MPF, ilegalidades relacionada à empreiteira Engevix. A empresa pagava propina através de projetos junto à diretoria de Serviços da Petrobras. Segundo o MPF, isso era feito através de contratos ideologicamente falsos firmados entre a Engevix e a Jamp, empresa de Milton Pacowitch.
O dinheiro era repassado para Pedro Barusco, Renato Duque, e para o núcleo político que incluía José Dirceu. Este, por sua vez, contava com o apoio de um subgrupo formado, entre outros, por Luiz Eduardo e Júlio César. Para o MPF, o ex-ministro enriqueceu dessa forma.
Júlio César foi solto em 7 de agosto de 2015, ao término da prisão temporária. Luiz Eduardo foi libertado cinco dias depois, por decisão de Moro. Na época, o MPF havia pedido a transformação da prisão dele em preventiva – isto é, sem prazo para expirar.
Em março de 2017, Luiz Eduardo foi condenado em outro processo a 10 anos de prisão em regime inicial fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Essa ação ainda não foi julgada em segunda instância pelo TRF-4.
Fonte: https://g1.globo.com/sp
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 09/02/2018