Por Florisvaldo F dos Santos
A cada dia que passa, confesso: tenho receio, e até medo, diante da velocidade com que a Inteligência Artificial (IA) vem avançando no Brasil e no mundo.
A incerteza sobre até onde ela pode chegar me inquieta, especialmente ao perceber que, em tão pouco tempo, a IA já atinge – e em alguns casos supera – a capacidade humana em muitas áreas.
Fiz uma pequena comparação entre dois fenômenos que revolucionaram o mundo e transformaram o modo de viver e pensar: a Internet e a Inteligência Artificial.
Ambas mudaram radicalmente o Brasil, mas em ritmos bem diferentes.
A internet: um longo caminho até a popularização
A internet chegou ao Brasil de forma experimental em 1988, conectando universidades como a UFRJ e a USP à rede mundial.
Em 1995, o governo brasileiro liberou o uso comercial da internet, permitindo que empresas privadas oferecessem acesso ao público.
A expansão ocorreu entre 1996 e 2005. O acesso ainda era lento, discado e caro, mas cresceu rapidamente com a chegada dos provedores.
Em pouco mais de uma década, as lan houses democratizaram o acesso, aproximando a internet das classes populares.
Em resumo: foram necessários cerca de 20 anos para a internet sair do uso restrito nas universidades e se popularizar amplamente no país, tornando-se parte essencial da vida da maioria dos brasileiros.
A inteligência artificial: uma revolução em velocidade recorde
No caso da IA, o processo foi muito mais rápido.
Nas décadas de 1980 e 1990, universidades brasileiras como USP e Unicamp já realizavam pesquisas acadêmicas, voltadas à robótica e ao reconhecimento de padrões.
Mas o grande salto veio entre 2016 e 2020, com o avanço do machine learning e o barateamento da computação em nuvem.
Foi quando as empresas começaram a adotar IA em atendimento ao cliente, marketing e análise de dados.
A explosão de interesse veio entre 2022 e 2023, com o lançamento do ChatGPT, que se tornou o divisor de águas dessa nova era digital.
De repente, a IA estava em todo lugar: nas escolas, nas empresas, nos celulares e nas redes sociais.
Entre 2024 e 2025, vivemos sua popularização total.
Hoje, mais de 80% dos brasileiros conectados já usaram alguma forma de IA – seja em assistentes virtuais, editores de imagem, tradutores automáticos ou geradores de texto.
Em resumo: a IA precisou de apenas 7 anos (2016–2023) para se popularizar – três vezes mais rápido que a internet.
O ponto que mais me assusta
Por que digo que a IA está “superando a realidade dos humanos”?
Porque até hoje, os seres humanos geravam outros seres humanos, aceitando-os como a natureza os concebia – bonitos ou não, saudáveis ou com limitações, inteligentes ou não.
Com a IA, vivemos um tempo em que é possível criar “seres” digitais moldados ao gosto do criador: formatos, vozes, emoções e personalidades ajustáveis ao toque de um botão.
É como se a criação, antes exclusiva da natureza (ou de Deus, para quem crê), agora pudesse ser editada, recriada e reinventada pela tecnologia.
O poder e o perigo do direcionamento
A IA tende a influenciar e direcionar as pessoas – para o bem ou para o mal.
Ela responde a tudo, dentro das ciências exatas e humanas, filosofia, religião, medicina, política e psicologia.
E justamente por isso, exige cuidado e discernimento, pois suas respostas refletem as intenções e os questionamentos de quem a utiliza.
Um exemplo: alguém pode pedir à IA uma justificativa para ter filhos — ou para não tê-los.
Pode buscar razões para viver diante de uma enfermidade grave – ou, tristemente, para desistir de viver.
Se há resposta para tudo, quais serão os limites?
E o que sobrará para nós, humanos?
Essa é a pergunta que não me sai da cabeça.
Se a tecnologia pensa, cria, decide, compõe e até consola…
qual será o papel dos humanos no futuro?
Talvez a nossa grande missão seja preservar o que nos torna únicos – a consciência, a empatia, a dúvida e a emoção – coisas que, por enquanto, nenhuma máquina é capaz de sentir verdadeiramente.
Blog do Florisvaldo – Informação com Imparcialidade


2 Comentários
Muito bom o posicionamento, a IA as vezes assusta mesmo, com o advento dela muitas profissões iram se extinguir, mas muitas outras surgiram.
O que nos resta é entendê-la, de forma que podemos usá-la para o bem ☺️
No que se refere ao impacto da inteligência artificial nas relações de trabalho, percebe-se que o avanço tecnológico e a preservação do trabalho humano são um entrave do problema no meio corporativista, já que a IA ganhou espaço relevante e, como consequência, novas demandas de trabalho, mas, por outro lado, a extinção de algumas atividades.
Primeiramente, é importante destacar que o avanço tecnológico trouxe uma grande facilidade para seus usuários com tarefas simples e rápidas, como a elaboração de um documento, ou até mesmo as de grandes complexidades, como pesquisas avançadas de busca para a cura de doenças que recentemente eram desconhecidas pela ciência.
No entanto, ressalta-se que, diante de tanto avanço, a IA trouxe consigo uma insegurança, pois com sua tecnologia, muitos empregos correm o risco de serem extintos.
Além disso, com o uso excessivo a distância entre as pessoas se tornará cada vez maior, comportamentos humanos automatizados e sentimentos humanos cairão em desuso.
Portanto, o impacto da inteligência artificial nas relações de trabalho deve ser visto com muita cautela.
Políticas públicas devem ser não só criadas, como também executadas em prol dos objetivos sustentáveis, como foco na inclusão digital através de cursos de capacitação para garantir a proteção dos trabalhadores que serão mais atingidos, fazendo assim um país com mais igualdade social.
E quando falamos do futuro me pego pensando em qual profissão a Helena irá se dedicar…