O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab , decidiu nesta quinta-feira que se licenciará temporariamente do cargo de secretário da Casa Civil no governo de São Paulo a partir de janeiro. Em acordo com o governador eleito João Doria (PSDB), Kassab justificou que precisa de tempo para trabalhar em sua defesa na Lava-Jato .
No último dia 18, o ministro foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga suposto recebimento de vantagens indevidas de empresas dos empresários Joesley e Wesley Batista. Endereços ligados a Kassab, incluindo o apartamento dele na capital paulista, foram alvo de busca e apreensão. A origem da investigação é um acordo de colaboração de executivos do grupo J&F.
Para a Procuradoria Geral da República, a suspeita é que Kassab tenha pedido à JBS e recebido R$ 350 mil por mês entre o início de 2010 e o fim de 2016, “através da dissimulação por intermédio de contrato fictício de consultoria com a Yape, empresa da qual foi sócio até o ano de 2014”. No dia da operação, a polícia areendeu R$ 300 mil em espécie na casa do ministro.
Doria anunciou a indicação de Kassab para a Casa Civil antes do cumprimento da operação da PF. Kassab alega que é inocente e que vai prová-la na Justiça. Ontem ele afirmou ao GLOBO que vai tomar a posse do cargo de secretário estadual, mas que vai se licenciar por um período para se dedicar a sua defesa. Ele não informou por quanto tempo pretende ficar afastado do cargo.
Em nota divulgada nesta noite, o ministro comunicou que ficará sem receber salário pelo tempo em que estiver afastado. “Absolutamente tranquilo sobre sua conduta ao longo da vida pública, Kassab decidiu licenciar-se do cargo para se dedicar à organização e ao encaminhamento das informações solicitadas por sua defesa, que comprovarão a lisura de seus atos. Kassab reafirma sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário”, diz o texto.
Kassab foi escalado por Doria para cuidar da articulação política do novo governo, como um dos homens fortes da gestão. A operação da PF gerou mal-estar na equipe de Doria. Embora o tucano tenha saído em defesa de Kassab no mesmo dia da operação, aliados contaram que Doria passou a sofrer desgaste nas redes sociais por ter em sua equipe um alvo da Lava-Jato. Além de organizar a própria defesa, a decisão de Kassab tem por objetivo reduzir a pressão sobre o governador no início da gestão.
Fonte: https://oglobo.globo.com – Por Silvia Amorim
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 27/12/2018