“Pane seca”. Esta foi a causa da queda do avião RJ-85 da LaMia, que caiu em Medellín, na Colômbia, e provocou a morte de 71 pessoas, entre jogadores, comissão técnica e dirigentes da Chapecoense, jornalistas, convidados e tripulantes e feriu outras seis. Segundo o coronel Freddy Bonilla, secretário de segurança aérea da Colômbia, a aeronave voava com menos combustível do que o mínimo exigido pela lei.
Bonilla ressaltou que a pane elétrica reportada pelo piloto do avião foi originada pela falta de combustível, já que as turbinas, fontes de energia elétrica, pararam de funcionar com o tanque vazio. Estas primeiras conclusões partem de que não havia nenhuma gota de combustível nos destroços e pelas conversas entre a torre de controle e o avião que carregava os jogadores da Chapecoense, que fariam a primeira final da Copa Sul-Americana.
“Uma das hipóteses que trabalhamos é que [o avião] não contava com combustível e que, por isso, tenha apagado subitamente os motores. Motores são a fonte elétrica. Você pode ter uma turbina adicional, mas se não tinha combustível, vai ter uma pane elétrica”, disse o coronel Fredy Bonilla, secretário de Segurança Aérea da Aeronáutica Civil da Colômbia, em entrevista coletiva.
“As normas internacionais exigem que qualquer aeronave deve viajar com combustível suficiente para chegar ao aeroporto de destino, mais 30 minutos e ainda mais 5 minutos ou 5% da distância, que é o combustível reserva. Neste caso, lamentavelmente, a aeronave não contava com combustível suficiente. Vamos investigar para saber por que a tripulação não contava com combustível suficiente”, seguiu o coronel.
Alfredo Varón, diretor geral da aviação civil colombiana, também estava na coletiva, mas, ao contrário de Bonilla, apenas informou que as caixas-pretas com todos os dados do voo estão com as autoridades colombianas e que todos os esforços estão sendo feitos para que os motivos da tragédia venham à tona. Em seguida, Fredy continuou a dizer que a intenção não é encontrar responsáveis, mas sim evitar que a tragédia volte a acontecer. Ele ainda destacou quais são as hipóteses pela falta de combustível.
“Essa é uma hipótese (a existência de problemas que levem à falta de combustível), um consumo anormal, um vazamento, ou simplesmente não se colocou o combustível necessário”, disse e fez questão de frisar que não houve nenhum relato deste problema. “Não, durante todo o curso do voo nada foi reportado de anormal. Foram só pouco mais de sete minutos entre o aviso do problema e a queda”, prosseguiu.
Minuto a minuto
Por fim, Fredy Bonilla descreveu o passo a passo do terrível acidente e fez questão de ressaltar que a queda da aeronave não teve relação com a prioridade dada a outro avião colombiano, já que no momento que isso aconteceu, o piloto boliviano da LaMia não havia reportado problemas. Veja abaixo este passo a passo.
17h10 – Aeronave da LaMia sai do aeroporto Viru Viru em Santa Cruz de la Sierra com plano de voo a 30 mil pés direto a Medellín.
20h48 – Aeronave da LaMia entra no espaço aéreo colombiano. Mantém o curso para Medellín e solicita descer a 25 mil pés para iniciar a aproximação, o que é autorizado pelo controle de tráfego aéreo. Inicia uma aproximação normal.
21h20 – Tínhamos uma aeronave colombiana que voava de Bogotá para San Andrés e comunica ao controle de tráfego aéreo que tem um possível vazamento de combustível. O controle ordena proceder a Medellín como alternativa, pela segurança dos passageiros.
21h29 – O controle de tráfego questiona se é necessário um serviço adicional de emergência, e a tripulação responde que já tem a situação controlada. Então ordenamos que continue com a aproximação, dando uma prioridade para que chegue ao solo e seja revisada. A aeronave boliviana que trazia a equipe de futebol brasileira continua sua aproximação normalmente. Não recebemos até então nenhum requerimento especial ou relato de situação anormal.
21h41 – A aeronave colombiana continua sua aproximação. A aeronave boliviana é orientada a fazer aproximação e iniciar procedimentos de sustentação para se manter no ar, sendo autorizada a descer a 21 mil pés. Toda a aproximação é normal.
21h49 – A aeronave boliviana solicita prioridade por um problema de combustível, e o controle de tráfego pede que explique o problema e autoriza início de aproximação à pista. Dois minutos e quarenta segundo depois declara emergência por falta de combustível.
21h52 – A aeronave colombiana chega ao solo. Nessa mesma hora, a aeronave boliviana reporta a emergência por combustível. Isso deixa claro que não há nenhuma interferência de emergência por causa da outra aeronave. Demos simplesmente uma prioridade para assegurar que a outra aeronave fosse revisada em terra. A aeronave boliviana recebe prioridade para fazer a aproximação direta.
21h57 – Cinco minutos depois, a aeronave boliviana reporta falha total elétrica e requer vetores. O controle de tráfego dá apoio, mas minutos depois perde o contato. Se observa a aeronave a nove mil pés, em uma área onde a altura mínima é de 10 mil pés, e se perde a comunicação.
Homenagens
Ainda na noite da quarta-feira, data que aconteceria a primeira final da Copa Sul-Americana, milhares de colombianos lotaram o estádio Atanasio Girardot, do Atletico Nacional de Medellín e fizeram uma incrível homenagem. A torcida local, em unísono, cantou por algumas vezes “vamos, vamos, Chape”, verso que ficou conhecido pela torcida da Chapecoense durante toda a campanha. Em Chapecó, no mesmo horário, os catarinenses também lotaram a Arena Condá em homenagem às vitimas.
Fonte: http://esporte.ig.com.br
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 01/12/2016