A busca pelos dois bandidos vai completar 20 dias nesta segunda-feira (4). Cinco pessoas suspeitas de ajudar os criminosos já foram presas – Foto: Ayrton Freire/Inter TV Cabugi.
A busca pelos dois bandidos que fugiram do Presídio Federal de Mossoró completa 20 dias nesta segunda-feira (4). Cinco pessoas suspeitas de ajudar os criminosos foram presas.
O Fantástico teve acesso, com exclusividade, ao depoimento do homem que deu abrigo e comida aos fugitivos: o mecânico Ronaildo da Silva Fernandes, que está preso.
Assista o vídeo que mostra a reportagem do Fantástico na integra:
No dia 23 de fevereiro, às 13h45, o mecânico foi parado em uma barreira em Baraúna e contou aos policiais que Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento estavam há quase uma semana escondidos em um sítio dele, na zona rural da cidade. Às 22h18, foi ouvido oficialmente pela Polícia Federal.
“Estava eu, minha esposa e meu menino pequeno. Aí, por volta de 23h, 0h, a gente estava quase dormindo já, invadiram a porta, entraram para dentro, pegaram eu e minha esposa. Disse que se eu não fizesse o que eles me mandassem, iriam me matar, matar minha família. Aí eu fui obrigado a ficar assim”, justificou.
Segundo Ronaildo, a ordem dos bandidos foi voltar para casa dele em Baraúna e, a partir de então, passar no sítio diariamente com mantimentos. Entre o momento em que foi parado pela polícia e o depoimento que deu, oito horas se passaram e ele ficou livre para, inclusive, voltar ao sítio para levar mais comida.
Policial: O que o senhor deixou lá hoje?
Ronaildo: Hoje deixei mortadela, bolacha.
Policial: E a que horas deixou?
Ronaildo: Hoje eu fui mais tarde, mais uma coisinha. Teve uns atrasos, essas coisas. Foi na faixa de 16h30, 17h.
Apenas 16 horas depois que o mecânico revelou o paradeiro dos fugitivos, às 5h40 do dia seguinte, um grupo de elite da PF foi ao sítio. Os bandidos não estavam mais lá.
Policiais ouvidos pelo Fantástico e que participam da operação disseram que essa demora fez toda a diferença para que os criminosos escapassem.
A Polícia Federal não quis gravar entrevista. Em nota, rebateu a acusação de que teria demorado demais para fazer a operação e que, desde a abordagem na barreira, Ronaildo esteve o tempo todo sendo monitorado.
No dia em que os bandidos chegaram ao sítio, a polícia encontrou marcas de pneus do carro de outro preso: Jânio de Sousa. Para os investigadores, ele teria levado à dupla ao local e uma foto dele, no centro de Baraúna, saindo de um carro dirigido por Ronaildo, deixou a dúvida: o mecânico e a mulher seriam vítimas ou estariam ajudando os criminosos?
Ronaildo já prestou três depoimentos à PF. A mulher dele, Francisca Elizandra Miranda, outros dois. Os dois admitiram que receberam um pagamento de R$ 5 mil, mas as versões foram diferentes sobre quem teria ligado para falar sobre o dinheiro.
“Quem ligou foi um cabra de fora, que o número é 21”, contou o mecânico, já acompanhado de seu advogado, referindo-se ao DDD 21, do Rio de Janeiro.
Francisca, no entanto, disse que foi um homem chamado Gustavo, que mora em Baraúna, seria do Comando Vermelho e está foragido, que entrou em contato. Ela segue em liberdade.
Policial: Qual o envolvimento do Gustavo com os fugitivos?
Francisca: Eu só sei da parte da ligação, que ele ligou pra falar sobre o dinheiro.
Policial: Ele ligou pra quem?
Francisca: Para o meu esposo falando que eles iriam mandar um dinheiro para entregar para os meninos.
Policial: Ele ligou para o seu esposo ou ligou para você?
Francisca: Para o meu celular para falar com ele.
O advogado de defesa de Ronaildo afirma que ele foi vítima de ameaça e por isso fez o que os bandidos pediam:
“As ameaças que ele sofria lá das pessoas que estavam por fora, dando assistência aos foragidos, era que, se ele não cumprisse as regras e as determinações que lhe eram impostas, ele poderia sofrer agressão e constrangimento, até matar a família dele. Ele ficou completamente desnorteado com isso”.
Fonte: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/03/03/
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