Nos conturbados dias da atualidade, em que a violência ocupa amplos espaços na sociedade e muitos amigos de ontem já não mais navegam nas mesmas águas! Em que líderes de nações antes amigas durante todo um passado, passam a se agredir por razões puramente ideológicas e políticas, jogando no lixo toda uma tradição histórica e cuja falta de compostura tem tomado ares de insanidade!
Mas, de repente, em algum lugar do planeta, num território geográfico chamado Brasil, numa das suas unidades internas chamada de Bahia, e mais precisamente na sua bela capital denominada Salvador, eis que alguns idealistas – aposentados do Banco do Brasil -, decidem valorizar o espírito de confraternização entre as pessoas, e assim criaram um Grupo específico de aposentados que são naturais da caatinga ou trabalharam em agências dessa região, e daí surgiu o ENCONTRO DE CAATINGUEIROS.
Foi uma feliz ideia, porque assim os laços culturais se revitalizam e as boas recordações de um tempo de convivência fazem ressurgir histórias que não deveriam ficar no esquecimento. Ou seja, essa idéia feliz veio para unir e contemplar um grupo de pessoas que entregaram o melhor de sua juventude a uma causa do bem servir.
Cada abraço partilhado, cada olhar emocionado, cada verso improvisado pelos mais poéticos carregam a marca de quem reconhece que a caatinga é mais que um bioma, é um chão cheio de vida, de luta permanente e de beleza rara.
No III Encontro de Caatingueiros, realizado no dia 20 do corrente mês na AABB de Salvador, com a presença de 75 caatingueiros e belas caatingueiras, não foi apenas um cenário: foi o personagem principal, voz e memória de um povo.
Merece destaque especial a participação da boa Banda de Forró, a MEDXOTE, constituída por três jovens estudantes de Medicina, o Enzzo Oliveira, Laerte Lima e Edmar Guimarães, sendo que este último é filho do colega Edmar Faria, um dos organizadores da festa.
Nos lapsos de tempo para um pouco de conversa, como não recordar do calor intenso debaixo do sol que não pede licença e a força do vento que leva a poeira como se fosse recado, transformando o Encontro numa espécie de oportunidade de celebração e exaltação da caatinga! Afinal, somos acostumados com as intempéries da vida de forma sempre forte e altiva!
A conversa corre solta e sobre uma grande diversidade de assuntos, desde as lavouras financiadas pelo Banco e que a seca intensa nunca deixa produzir, às cantorias típicas que balançam o corpo, as vaquejadas que marcam épocas e o jeito do caatingueiro de sobreviver às intempéries impostas pela rigidez do clima. É mais do que uma reunião social, é um ritual de memórias inesquecíveis, mais para sorrisos de alegrias do que lágrimas de tristeza. E não poderia ser diferente porque nos reunimos é para comemorar e celebrar!
É uma verdadeira celebração do amor por uma terra que ensina a sobreviver na escassez. Entre as cantorias do Carlão, Lio, Euriques, o triângulo do Osnildo, os gritos altos e alegres do tricolor Aderbal, e as prosas gostosas e abraços mútuos, a caatinga deixa de ser apenas uma paisagem da seca para se transformar na identidade de cada um.
O sertão sempre foi terra de encontros e o III Encontro – embora realizado na Capital -, tem a intenção de preservar a cultura sertaneja. A alegria do dia já começa no café da manhã, ocasião em que as caatingueiras exibem a força e o sabor do bom cuscuz, dos gostosos bolos, queijos, carne do sol, farofa e uma fartura de frutas.
Diria que só perdeu mesmo, quem não participou. Parabéns aos dinâmicos caatingueiros Henrique Tadeu e Edmar Faria, eficientes organizadores dos Encontros realizados até agora, para os quais fica o desafio: LEVAR O ENCONTRO PARA A REGIÃO DA CAATINGA, pelo menos alguma etapa!
E até o próximo IV ENCONTRO, no meio da essência e da originalidade caatingueira, de preferência com noites de lua para deixar o evento com ares de saudade!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
6 Comentários
Um registro de profundo reconhecimento aos idealizadores e organizadores do Encontro de Caatingueiros. A cada edição, fica evidente que essa iniciativa vai muito além de uma simples reunião: é a celebração da memória, da cultura e da amizade forjada na caatinga.
É admirável perceber que, mesmo com a idade avançada de muitos participantes, a alegria, a energia e o entusiasmo se renovam ano após ano. Isso demonstra que os laços afetivos e as raízes culturais são mais fortes que o tempo. Cada abraço, cada canto e cada história compartilhada reafirmam a grandeza dessa iniciativa, que preserva a identidade sertaneja e fortalece os vínculos de confraternização.
Parabéns aos idealizadores, que transformaram lembranças em celebração e construíram um espaço permanente de encontro, alegria e gratidão.
Parabéns, Agenor!
Sabendo só agora… que pena!!! (Salvador-BA)
Parabéns aos Caatingueiros e ao autor da excelente crônica! (Rio de Janeiro-RJ).
Parabéns. Sábias palavras. Muito erudito nas palavras.. gostei muito. (Salvador-BA).
Bela crônica! Pelo conto, vocês devem ter desfrutado bastante. Parabéns! (Salvador-BA)
HOJE O NOBRE AUTOR FOI BUSCAR NA CAATINGA SUA INSPIRAÇÃO. E DELA FALOU ATRAVÉS DOS SEUS NATIVOS OU DOS AMIGOS NATIVOS. MESCLOU AMIZADE E BONDADE, FALOU DOS ENCANTOS DO NOSSO POVO QUE NEM A ARIDEZ MAIS DURA NÃO CONSEGUE MUDAR. DAÍ A PERGUNTA SE ESSA NARRATIVA É UM ARTIGO, OU UMA POESIA OU UM CHAMADO A REALIDADE PARA QUE SEJAMOS CADA DIA MELHORES!?!! BELO TEXTO.