“Em meio a tanta turbulência política e econômica que afeta a vida das pessoas neste país, na fase atual, trazendo preocupações, sofrimento e ansiedade quanto ao incerto futuro reservado a cada um, existem tênues momentos que têm o condão de abrir pequenas janelas de otimismo, restabelecendo a fé, gerando leves esperanças e fazendo acreditar que os maus presságios vão passar”.
“Refiro-me aos raros minutos em que os corpos se perfilam em posturas reverenciadas, o respeito e os sentimentos se unificam, as diferenças políticas são esquecidas e um canto uníssono faz emocionar o corpo numa carga elétrica de impulsos às vezes conhecidos, popularmente, como arrepios! Quero lembrar a importância muito especial que representa para o íntimo de cada cidadão, aquele lapso de tempo empolgante quando se ouve os acordes de um dos mais fortes Símbolos da Pátria: o Hino Nacional Brasileiro!”
Num instante dedicado a algumas reflexões sobre os novos tempos e todos os acontecimentos que mexem com as nossas emoções, fui induzido a recordar um artigo de minha autoria, publicado em 21/02/2016, de onde captei e repeti aqui, de forma prazerosa, os dois parágrafos acima, porquanto mesmo decorridos quase nove anos o pensamento ali exposto permanece surpreendentemente ajustado ao cenário da vida atual!
Na ocasião dediquei uma justa ênfase em expressar o reconhecimento da singular emoção que transmite o Hino Nacional Brasileiro, em todas as ocasiões em que este extraordinário símbolo nacional é apresentado, seja cantado pelos cidadãos em conjunto com o toque harmonioso de uma boa orquestra, ou mesmo unicamente musicado.
Talvez não faça parte da memória cultural de todos os leitores, algumas informações históricas importantes sobre o nosso Hino oficial, e que merecem ser lembradas. O Brasil vai completar em 22 de abril próximo 525 anos de descoberto, e poucos são aqueles que sabem que o Hino Nacional foi composto em 1822 por Francisco Manuel da Silva (1795-1865), e tocado pela primeira vez em 13 de abril de 1831, 331 anos depois do descobrimento.
Assim, o nosso Hino Nacional tem apenas 194 anos de tocado e cantado. Devido a divergências quanto à natureza de muitas letras que se apresentavam para o Hino, finalmente uma definitiva saiu da mente inspirada e poética de Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927). Embora se imagine que o Hino foi fruto de uma composição em parceria conjunta de letra e música – hoje muito comum -, os dois nem mesmo viveram no mesmo tempo histórico…
Nos meus tempos de curso primário em escola pública e, certamente, no tempo de muitos leitores, cantava-se o Hino Nacional ou o Hino à Bandeira antes do início das aulas, atitude que plantava sentimentos de respeito à pátria e espírito cívico a partir da infância. Perdeu-se no tempo essa prática.
Através da Lei 5.700/1971 os Símbolos Nacionais foram redefinidos, coincidentemente originada no governo militar do Gen. Garrastazú Médice. Existem aqueles que procuram invalidar o interesse legítimo de realçar o espírito cívico a partir da educação escolar, por ter origem nos períodos de militarismo, o que se caracteriza como espírito reacionário e antinacionalista. Mais recentemente, o Congresso Nacional aprovou a Lei 12.031/2009, sancionada durante o governo anterior do Lula, a qual institui novamente a obrigatoriedade de cantar o Hino Nacional nas escolas, ou seja: “Nos estabelecimentos públicos e privados de Ensino Fundamental, é obrigatória a execução do Hino Nacional UMA VEZ POR SEMANA”. Se a lei está sendo fielmente cumprida, não sei! Espero que sim.
Por estarmos distantes das datas comemorativas da Pátria, pode parecer fora de tempo a abordagem do presente tema. No entanto, jamais estará fora de tempo ressaltar os valores que representam os nossos Símbolos maiores. O Hino Nacional tem o extraordinário poder de identificar a Nação internamente e além fronteiras territoriais, e a sua execução obedece a normas que foram objeto de regulamentação a partir da definição dos Símbolos Nacionais.
Ao lado da grandiosidade da Bandeira Nacional, esses símbolos, juntos, estão a exigir de cada cidadão brasileiro postura de respeito e dignidade, sempre que presentes. Afinal, representam as nossas cores, nossas crenças e nossas expectativas como algo sagrado que veneramos!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
3 Comentários
Grande Agenor, bom dia!
Agenor, como já te disse, suas crônicas não envelhecem – ou será que os assuntos é que são crônicos?
Independente de eu estar prestes a completar 75 anos, a cada domingo sigo aprendendo algo novo ao ler seu Editorial. Mesmo diante das muitas decepções que a vida nos impõe (incluindo aquele inesquecível 7×1 de 2014), confesso que ainda hoje, sempre que ouço o hino nacional, sinto aquela mesma descarga elétrica de emoção, equivalente a arrepios!
Parabéns pelo belo trabalho!
REALMENTE , foi tudo bem dito! Os símbolos nacionais são referenciais para qualquer nação, e os nossos devem ser respeitados como tal. O Hino Nacional, este, nossa expressiva forma de dizer tudo que somos, é senão, um dos mais contundentes símbolos para nós, pois fala de maneira geral sobre a nossa bravura ainda que um povo sofrido.
Belíssima lembrança amigo!
Me fez voltar aos anos 60/70, quando todos os dias antes de ir para sala de aula na escola das Pioneiras Sociais/RJ, era hasteada a bandeira nacional e dezenas de alunos em forma, cantavam o Hino Nacional Brasileiro.
Hoje também não tenho conhecimento dessa prática nas escolas públicas ou particulares.