A cidade sagrada de Jerusalém e a vibração do povo de Gaza com a Trégua
Um fato de grande impacto e repercussão mundial do último fim de semana, foi, sem nenhuma dúvida, a concretização do acordo de trégua na guerra entre israelenses e palestinos ou, mais precisamente, contra o grupo terrorista Hamas, que tudo começou ao atacar o território israelense e matar 1.200 pessoas em 7 de outubro de 2023. Trata-se de conflito de uma complexidade tão profunda, que todo tipo de análise que se pretenda fazer, fatalmente esbarrará contra um universo de questões étnicas históricas a considerar, que jogará por terra e invalidará qualquer novo conceito sobre as causas reais da guerra. Ou seja, se acabam e se destroem sem saber o porquê de tanto sangue derramado.
Para quem tem algum conhecimento sobre a formação dos povos a partir das narrativas bíblicas do Velho Testamento, e o desenvolvimento das 12 Tribos do povo de Israel sob variados comandos – em permanente estado de guerra entre si -, vai compreender porque somente 6 Tribos, comandadas por Judá, Levi, Simeão, Benjamin, Efraim e Manassés, tiveram acesso à Terra Prometida, onde hoje está instalado o Estado de Israel.
A constante desunião ao longo dessa sofrida caminhada pelo deserto, ainda hoje está configurada na simbólica divisão da cidade sagrada de Jerusalém, cujo domínio setorial está sob o controle dos Judeus (64%), Muçulmanos (32%), Cristãos (2%) e outras religiões (2%). Isso permite a compreensão sobre os motivos do difícil e permanente estado de guerra entre árabes e israelenses, que tem raízes históricas.
Somente a história pode explicar como uma gigantesca diferença de forças entre Israel e o Hamas, encoraja tanto os árabes a desafiar os seus adversários constantemente, sabendo que eles são possuidores de um poderoso Exército e armamentos os mais sofisticados. Mesmo com a destruição que Israel impôs ao território de Gaza em 15 meses de bombardeios, e com a morte de 48.000 pessoas, ainda assim resistiram e mantém a determinação pela continuidade da guerra. De onde vem essa sanha extrema de matar e morrer, só o DNA explica.
O ataque terrorista do Hamas que matou tantas vidas, apenas despertou mais uma vez a ira de Israel. Segundo a opinião do professor de assuntos israelenses, o Escritor inglês Dov Waxman, “nenhum outro governo israelense provavelmente tivesse se comportado de forma diferente, dado o nível de raiva, dor e trauma que foi vivido depois de 7 de Outubro, e o desejo generalizado entre os israelenses de atacar e destruir o Hamas, para dar tudo de si”.
Pelo Tratado assinado na última semana e que deu início à trégua temporária da guerra a partir do dia 19 de janeiro, a sua execução cumprirá três etapas, quando serão libertados simultaneamente prisioneiros de ambas as partes. Mas, pela tradição milenar das relações, com tanto ódio reinante nos dois lados da guerra, tenho as minhas dúvidas quanto ao integral cumprimento de todas as fases e condições mutuamente combinadas. Entretanto, estou torcendo para que essa TRÈGUA DA ESPERANÇA dure para sempre. Tomara!
Como todas as discussões e cláusulas do Tratado transcorreram de forma muito secreta e pouco divulgadas, não sei até que ponto a ONU teve papel importante nesse processo de negociação. Se não foi eficiente o seu desempenho nessa fase preliminar, os seus dirigentes deveriam assumir, agora, uma postura avançada no sentido de oficializar a criação do Estado Palestino, que tanto reivindicam. Em paralelo, que reconheçam a completa autonomia do Estado de Israel, criado desde 14 de maio de 1948, após a Segunda Guerra Mundial.
Parodiando a frase histórica do astronauta americano Neil Armstrong, após pisar no solo da Lua pela primeira vez, em 20 de julho de 1969: “Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade”. Diria eu: Queira Deus que o Tratado de Trégua recente tenha sido um pequeno passo para o homem, mas, um grande salto para a paz definitiva entre israelenses e palestinos!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
4 Comentários
Bom dia, mestre Agenor!
Não imagina a honra que senti ao saber que minha sugestão sobre o tema foi acolhida.
Além disso, fiquei profundamente impressionado ao perceber que você não apenas considerou o tema, mas também seguiu a linha de raciocínio que eu tinha imaginado. Quando li o trecho em que escreveu: “Trata-se de um conflito de uma complexidade tão profunda que qualquer análise que se faça inevitavelmente se deparará com um universo de questões étnicas e históricas, que invalidará qualquer novo conceito sobre as causas reais da guerra,” senti uma identificação imediata.
Essa reflexão me levou a ponderar sobre a fragilidade de qualquer cessar-fogo e as poucas chances de que ele se sustente a longo prazo.
Por fim, quero destacar que não mudaria uma vírgula do que você escreveu, incluindo a escolha da ilustração e o título dado por você.
Muito obrigado,
Um tema bem atual e pertinente. A nossa esperança é de que onde houver conflitos que a paz se estabeleça porque num mundo moderno em praticamente todos os sentidos, não se admite que o diálogo não prevaleça. Pertinentes palavras do Autor!
Face ao discorrido nesta crônica, com tanta segurança, lucidez e acerto, só me resta dizer: PARABÉNS que Deus ouça seus desejos: “que essa TRÈGUA DA ESPERANÇA dure para sempre. Tomara!” (Maceió-AL).
Que seja o início de uma nova era de paz!
Forte abraço e excelente semana amigo! (Rio de Janeiro-RJ).