Guerra campal no Pacaembu- Briga na Supercopa de Futebol Júnior, em 1995.
Para as pessoas normais e de bom senso, é inimaginável que uma categoria esportiva de peso, como o Futebol, seja vilipendiada por segmentos de torcedores de clubes, que confundem amor e paixão pelo seu time, com a prática irresponsável de atos de vandalismo revestidos de absurda violência – quase animalescos! -, inclusive com a frequente ocorrência de mortes!
Ainda que se possa imaginar que a violência das torcidas no futebol seria uma característica comum nos países do Terceiro Mundo ou aqueles com menor grau de cultura, ledo engano. Esse mau exemplo teve procedência justamente dos países europeus mais evoluídos e com grande tradição futebolística. Diga-se de passagem, Países que se dizem civilizados! Imagine se não o fossem…
Na Inglaterra, por exemplo, ou com a participação de Clubes ingleses, é que se registraram as maiores tragédias praticadas por torcedores em campos de futebol ou no entorno deles. Embora a tragédia de Bruxelas, no Estádio do Heysel, tenha se tornado a mais emblemática por ter gerado a adoção de medidas rigorosas por parte das autoridades inglesas, como a proibição dos clubes ingleses de participarem de competições internacionais por cinco anos. Existiram outros episódios também graves, que ora recordarei alguns para ajudar na reflexão sobre esse mal:
1 – PERU – 23 de maio de 1964: 320 mortos e mais de mil feridos durante uma partida de torneio pré-olímpico entre as seleções do Peru e da Argentina, no Estádio Nacional de Lima, após um tumulto nas arquibancadas. Os portões ficaram trancados, impedindo a saída dos torcedores. Centenas de pessoas foram esmagadas;
2 – ESCÓCIA – 2 de janeiro de 1971: 66 mortos num tumulto no estádio Ibrox Park durante o clássico entre o Rangers e o Celtic;
3 – EGITO – 17 de fevereiro de 1974: 48 mortos e 47 feridos no Cairo, após a superlotação com 80.000 torcedores de um estádio com capacidade para 40.000, em partida amistosa entre o Zamalaek e o Dulka Praga;
4 – BÉLGICA – 29 de maio de 1985: 39 mortos no Estádio do Heysel, em Bruxelas. Minutos antes da final da Copa dos Campeões da Europa (hoje Liga dos Campeões), “hooligans” ingleses invadiram o setor reservado para os torcedores da “Juve”, provocando o desabamento das grades de separação;
5 – INGLATERRA – 15 de abril 1989: 96 mortos, torcedores do Liverpool, num tumulto nas arquibancadas do estádio Hillsborough de Sheffield, durante uma partida válida pelas semifinais da Copa da Inglaterra entre os “Reds” e o Nottingham Forest;
6 – ÁFRICA DO SUL – 11 de abril de 2001: 43 mortos em grande tumulto no Estádio Ellis Park de Johannesburgo, durante uma partida entre o Orlando Pirates e o Kaizer Chiefs. Milhares de torcedores sem ingresso forçaram a entrada do estádio, que já estava lotado;
7 – GANA – 10 de maio de 2001: 126 mortos em Acra, após uma partida entre o Hearts of Oaks e o Kumasi. Os torcedores do Kumasi, revoltados com a derrota da sua equipe, começaram a atirar objetos e a quebrar cadeiras.
É quase impossível de acreditar que numa decisão da Supercopa de Futebol Junior,em 20 de agosto de 1995, campeonato criado pela Federação Paulista, a torcida jovem do Palmeiras – vencedor da partida -, invadiu o campo do Pacaembu (fotos) e resolveu provocar os são-paulinos que, munidos de madeiras, ferros e todo entulho possível, partiram para cima dos palmeirenses. Na sequência, sangue e muita violência.
Ao todo, foram 102 pessoas feridas e uma morte, do adolescente Márcio Gasparin da Silva, de 16 anos, torcedor do São Paulo. Adalberto Benedito dos Santos, palmeirense, foi o responsável pelo homicídio e condenado a 12 anos de prisão – ele cumpriu quatro e passou para o regime semi-aberto. Solto, quem sabe, praticará outros crimes graças à frouxidão das leis.
Alguma solução tem de ser encontrada, com urgência. A paixão tem ultrapassado todos os limites e aqui no Brasil se tornou regra nas torcidas “DES-ORGANIZADAS”, apedrejarem ônibus dos Clubes, ferindo jogadores e transformando as ruas em total baderna. Até a torcida de países vizinhos que aqui chegam, estão usando do mesmo grau de vandalismo!
Salvo as honrosas exceções dos torcedores que comparecem aos jogos com elevado espírito esportivo, que moda insana chegou aos estádios de futebol, antes, um lugar de se levar a família nos domingos à tarde! Que vergonha tudo isso!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
5 Comentários
Êsse é o resultado final da deficiência da educação doméstica que está rareando cada vez mais nos lares do mundo, que hoje transformou o ser humano na busca desenfreada do poder e do dinheiro, esquecendo-se da necessidade de uma formação doméstica de caráter nas pessoas desde cedo. Não há mais disciplina e respeito numa sala de aula. Nós. que tivemos a oportunidade de dar aulas no ginásio, nos lembramos muito bem do respeito que gozava o professor , diferentemente de hoje que lecionar é um desafio. Somos da época de ficar de castigo de joelhos no caroço de milho e nenhum pai ou mãe foi reclamar com a instituição. As crianças hoje são, em um número bastante grande, educados em creches, a mercê da formação dos monitores e colegas. Muito difícil amigo Agenor. As manifestações nas ruas, de protestos, são acompanhadas de depredações de bens públicos com queima de pneus e de ônibus.
Onde iremos parar com essa selvageria?
Muito bom seu artigo, amigo Agenor. Bom fim de semana. (São João do Meriti-RJ).
Obrigado!
E no Brasil, as autoridades responsáveis pela segurança pública, devem estar esperando acontecer uma tragédia, para tomar alguma providência.
A maioria das brigas entre as “Des-Organizadas” são combinadas pela internet. O que torna mais fácil o trabalho da PM e da GM, providências para coibir tais encontros e, consequentemente, os absurdos atos de violência. (Rio de Janeiro-RJ).
Caro Agenor, bom dia!
Violência nos Esportes: Palco de Vândalos?
Suspeito que seja algo ainda mais preocupante. As emboscadas realizadas por torcidas organizadas nos últimos dias são atos que não podemos tolerar, nem entre animais, muito menos entre seres humanos.
No passado, acreditava-se que as principais causas da violência no esporte, especialmente no futebol, eram o consumo excessivo de álcool, o fanatismo, a influência dos árbitros e atitudes antidesportivas. Contudo, ao analisarmos os eventos recentes, fica evidente que as torcidas organizadas e a certeza da impunidade estão presentes em todos esses episódios – incluindo o lamentável confronto no jogo de hoje disputado entre o Vitória e o Corinthians.
Lamentável!
Concordo com os comentários anteriores. Tudo passa pela educação, seja aqui ou em qualquer lugar. Só sei que as famílias vão perdendo sua condição de convivência fora das quatro paredes de suas casas. Tomara que viver não se torne algo insuportável!
Novamente, é-me dada a oportunidade de dizer algo acerca de uma bem situada crônica sua! E o faço com muito prazo.
Acredito que o problema está nas “torcidas organizadas”, porquanto são organizadas por Organizações Criminosas, que se sustentam no narcotráfico.
O problema é que os brasileiros gostam de importar e imitar o que há de pior… Por isso que os argentinos apelidaram os brasileiros de “macaquitos”.
Tínhamos o futebol mais bonito do mundo, por isso recebeu a alcunha de futebol-arte. Mas, os estrangeiros lhe impuseram a mácula do futebol-força. Força que, além de aplicada dentro da arena gramada, estendeu-se para as arquibancadas e para as ruas, em forma de vandalismo…
“3 – EGITO – 17 de fevereiro de 1974: 48 mortos e 47 feridos no Cairo, após a superlotação com 80.000 torcedores de um estádio com capacidade para 40.000, em partida amistosa entre o Zamalaek e o Dulka Praga”. Pasmem!: “em partida amistosa”!!! Aqui cabe lembrar o icônico Chico Anísio, quando disse que “…em um jogo de futebol, no interior do Rio de Janeiro, um vendedor ambulante anunciava, com veemência: “facas e canivetes, para depois do amistoso!”
Se fosse, atualmente, o STF, que já adotou o sistema de “tarifamento” de penas, condenaria o Adalberto Benedito dos Santos a 17 anos de prisão.
Parenteticamente, vale lembrar que sempre gostei de fazer palavras cruzadas, ainda hoje, de onde usufruo muitos ensinamentos… Lendo no cabeçalho de uma daquelas brochuras, encontrei uma definição “pejorativa” de Lei. Qual seja: “Lei é uma tela que prende moscas e deixa escapar gaviões.”
Entendo e defendo que as “torcidas organizadas” devem ser extirpadas dos estádios, pois, conforme mencionei acima, elas são patrocinadas pelo narcotráfico e por facções criminosas. Posso estar sendo radical! mas não vejo outro remédio!…
Esses torcedores não são filiados a “torcidas organizadas”… São, tão somente, torcedores responsáveis; cidadãos de bem…
Concluo estas palavras com o desejo que você tenha um feliz final de semana, com muito amar e paz. (Maceió-AL).