Se a memória não me falha, tudo indica já fazia tempos que não se via uma eleição municipal transcorrer de forma tão tranquila e com resultados acolhidos com relativa comodidade, sem o registro de excessos ou violências de qualquer espécie. Para os que venceram com relativa folga na vantagem registrada, até o perdedor respeitou com dignidade a vontade popular.
O que surpreende é que não se ouviu até agora nenhuma acusação contra a integridade e honradez das urnas eletrônicas! De repente a tão invocada fragilidade e vulnerabilidade dos equipamentos foram esquecidas, ou somente ocorre nas Eleições Presidenciais? Quem sabe, somente no mais alto nível eleitoral elas se tornam alvo da ação criminosa mais especializada dos maus intencionados da política, ou o desprezo pela derrota direciona para justificativas pouco decentes na tentativa de se defender do insucesso!
Por exemplo – e somente como análise isenta de qualquer partidarismo -, no pleito de 2018, o Presidente eleito foi o Jair Bolsonaro, com 55,13% dos votos no 2º. Turno, vencendo o Fernando Haddad que obteve 44,87% dos votos. Não me recordo de qualquer alegação de fraude nas urnas ou a acusação de que manipularam o seu resultado! Na eleição de 2022, o Luis Inácio venceu o Bolsonaro no 2º. Turno com 50,90% contra 49,10% e, inversamente, até hoje o que se ouve é a condenação de que as urnas foram fraudadas!
Ora, impossível aceitar dois pesos e duas medidas quanto à integridade das urnas! Foi perfeita no pleito anterior e violentada no último, sendo que o sistema é super fiscalizado por todos os órgãos superiores! Plantaram uma invenção mentirosa, como se o fato somente “aconteceu” nas tais eleições de 2022. Postura inaceitável, pois desde a implantação desse sistema nunca se ouviu nada igual. Isso tem vários nomes, que não merecem ser citados aqui.
A propósito, convém um breve histórico informativo, colhido diretamente do site do Tribunal Superior Eleitoral-TSE, para conhecimento do leitor de como nasceu a Urna Eletrônica: “O ano de 1996 é um marco na história da informatização do processo eleitoral brasileiro, quando eleitores de 57 cidades tiveram o primeiro contato com a urna eletrônica. Nas Eleições Municipais de 1996, os votos de mais de 32 milhões de brasileiros – um terço do eleitorado da época – foram coletados por cerca de 70 mil urnas eletrônicas”.
“O primeiro Código Eleitoral, de 1932, previa em seu artigo 57 o “uso das máquinas de votar, regulado oportunamente pelo Tribunal Superior [Eleitoral]”, devendo ser assegurado o sigilo do voto”.
“Entretanto, o projeto da Urna Eletrônica genuinamente brasileira só começou em 1995, quando o TSE formou uma comissão técnica liderada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Centro Técnico Aeroespacial (CTA), para desenvolver o projeto da máquina de votar”.
Vejam que bacana: olhar para um documento de 1932 já prevendo o futuro! Enquanto isso, em 2024 existem os que querem a volta ao passado!
Quando me recordo do sistema manual que utilizava a cédula impressa, época em que o que mais se ouvia eram “narrativas” sobre mesários contribuindo para a ocorrência de fraudes ou mesmo durante a apuração das urnas quando surgia algum tipo de dúvida sobre determinado voto, e a decisão final sempre era favorável ao grupo político dominante – ou aquele candidato que já estava à frente da votação -, concluo o quanto a urna eletrônica veio eliminar dessas maldades e inconveniências do passado!
Ainda que se possa argumentar que por trás da máquina está o homem e sua óbvia vocação volúvel para a prática dos atos corruptos e imorais, continuo acreditando no sistema eleitoral atualmente vigente no Brasil, o qual tem sido muito pesquisado por outros países, pela sua eficiência e funcionalidade. Voltar ao sistema arcaico do passado, seria um retrocesso inconcebível.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
10 Comentários
Amigo, hoje você recebe ligação do número do cartão 4001 do banco e é um número clonado. Informática é uma bomba acesa no bolso. Seria muuuuito bom que a gente pudesse ter a certeza absoluta das urnas eletrônicas. Desculpe discordar um pouco de você pois sei que você é uma pessoa coerente e bem orientada. (S. João do Meriti-RJ).
Continuo tendo dúvidas. “PERDEU MANÉ”, “ELEIÇÃO NÃO SE GANHA, SE TOMA”, “MISSÃO DADA, MISSÃO CUMPRIDA”. E por aí vai. (Salvador-BA).
Emanuel Barretto não tenho dúvida que as urnas eletrônicas irá perpetuar a esquerda no poder, tenho convicção que urnas só auditáveis com escrutínio público, quem não deve não teme!! (Salvador-BA).
Caro Agenor, bom dia!
Mais uma vez, você traz um assunto de extrema relevância para seus fiéis leitores, como eu. Ao compararmos a segurança das urnas eletrônicas com a tecnologia utilizada por hackers, especialmente no sistema bancário e financeiro, fica evidente a seletividade nas acusações de fraude. O editorial destaca a tranquilidade das eleições municipais em contraste com as polêmicas das eleições presidenciais, especialmente em 2022, sugerindo que as críticas à integridade das urnas aparecem mais em momentos de derrota política.
Entretanto, enquanto as urnas eletrônicas são monitoradas e passam por rigorosas auditorias, a segurança dos sistemas bancários depende da vigilância dos usuários e das instituições financeiras, que frequentemente são alvos de invasões. A evolução das urnas desde 1996 é vista como um avanço que reduz fraudes, em contraste com o sistema manual, que era vulnerável a manipulações.
Em resumo, embora ambos os sistemas enfrentem riscos, é fundamental realizar uma avaliação consistente da segurança, evitando desconfianças seletivas.
Grande debate. Oportuno momento para se mostrar como era o antes e a atualidade. Sem dúvidas que temos um voto de confiança no atual sistema, pois pior do como era antes não se pode comparar.!!!
Meu caro irmão de caminhada nesta experiência terrena. Sobre as urnas eletrônicas nada há a questionar, porque não são elas o problema, como também não são os TREs, o TSE ou o STF. Não somos mais ingênuos, bem tão desinformados como há décadas atrás.
Como você bem o disse, se assim entendi. Todos os órgãos são confiáveis. Os homens, se é que assim podemos chamá-los, talvez sejam melhores criaturas, que dirigem esses órgãos é que não são, por faltar-lhes os principais caracteres do que Jesus chamou de “homem de bem”
Fica com Deus, se cuida e grato pelas suas crônicas. (Salvador-BA),
Vou eu, aqui, novamente, comentar, mesmo sem muito conhecimento, o conteúdo de sua bem assentada crônica. E, sem acreditar no Sistema que rege os pleitos eleitorais, emito o que consigo depreender de seu desenvolvimento. Pois não acredito nem aceito o Sistema que hoje se verifica no cenário político brasileiro.
Tendo em vista o posicionamento duvidoso do TSE/STF e as afirmações abomináveis: “José Dirceu: ‘É questão de tempo para a gente tomar o poder’ e ‘Vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar a eleição.’ e do Presidente do STF, Ministro Luís Roberto Barroso: “Perdei Mané. Não amola!” e “Nós derrotamos o bolsonarismo.” Ademais, ressalte-se a resistência do Ministro Alexandre de Morais em expor o código-fonte. Tudo isto impõe suspeitas, quanto à idoneidade da urna eletrônica ou, no mínimo, a lisura da condução do pleito, considerando, ainda, que o Lula foi descondenado para concorrer.
“Não me recordo de qualquer alegação de fraude nas urnas ou a acusação de que manipularam o seu resultado!”. Eu recordo que o Bolsonaro alegou inidoneidade das urnas, mesmo tendo sido eleito. Segundo o PODER 360º “O presidente Jair Bolsonaro (PL) questionou o sistema eleitoral brasileiro pelo menos 23 vezes em 2021. O número inclui acusações de supostas fraudes em disputas passadas, menções a pleitos “esquisitos” realizados no exterior e exemplos de votações “limpas” que o Brasil deveria seguir. Entram na conta as ocasiões em que o chefe do Executivo usou a palavra “fraude” como sinônimo de eleição sem voto impresso….”
Pelo que me consta, o que se está querendo é que a urna eletrônica permita ser auditada, pois a conhecida zerésima pode ser, facilmente, manipulada.
O bolsonarismo é uma autêntica manifestação do ideário de Goebbels, o ministro da Propaganda de Hitler, que pregava: “Minta, minta, minta, uma mentira repetida reiteradamente pode passar a soar como verdade. Essa é a base filosófica e política da extrema direita brasileira, abrigada o bolsonarismo, a mentira, a calúnia e a manipulação de fatos com uma liberalidade que beira a patologia. O bolsonarismo é uma perversão ética e política; se em 2022 conseguimos evitar a metástase do tumor, urge cuidados permanentes, pois ele está sempre se manifestando.
Na viagem que o então presidente Bolsonaro fez à Rússia, Carlos Bolsonaro, que não tinha cargo nenhum no governo, foi junto. A sua missão era entrar em contato com hackers russos para tentar fraudar (ou orientar como) as urnas eletrônicas. Como ficou constatado que as urnas eram (e são) invioláveis a estratégia passou a ser a acusação de fraude eletrônica. Nenhuma surpresa: Bolsonaro mesmo quando diz que está mentindo, ninguém acredita. Só a claque. (Salvador-BA).
Muito boa a colocação, amigo Agenor!
Trabalhei na apuração das eleições para Presidente, em 1989, com o antigo sistema de cédulas de papel e o que pude assistir foi um absurdo de tentativas de fiscais de partido, querendo alterar votos em branco e nulos, em votos para os seus candidatos.
Nosso sistema de urnas eletrônicas são respeitados, admirados e até invejados por diversos países do mundo inteiro. Retroceder jamais. (Rio de Janeiro-RJ).
Caro Agenor,
O que me deixa intrigado é que apesar da “eficiência e funcionalidade” do nosso sistema eleitoral não tenho notícia de que tal sistema tenha adotado em algum outro país.
Também desconheço quem pretenda voltar ao “sistema arcaico do passado”.
Parece-me que todas as propostas até agora formuladas – inclusive aprovadas várias vezes no Congresso Nacional – foram no sentido de aperfeiçoar o sistema como um todo.
O que mais tem merecido críticas (que vem desde Aécio Neves) é a totalização dos votos.
Também é forçoso reconhecer que os vencedores jamais vão reclamar do resultado – “chorar o leite derramado” cabe aos perdedores! (Salvador-BA).