Sempre haverá espaço e tempo para a significativa data reservada à comemoração do “DIA DO NORDESTINO”, ocorrido no último 8 de outubro. Sim, é um povo honrado com amplos registros de grandiosidade na área da cultura e partícipe de grandes fatos que marcaram a nossa história, principalmente na luta pela conquista da independência do Brasil do jugo português.
Em contraponto ao lado sofrido, por influência dos fatores geográficos e climáticos áridos e semi-áridos – nem sempre muito favoráveis -, como compensação o povo nordestino foi agraciado no campo das fortes manifestações culturais, privilegiado que foi por nomes relevantes e destacados nos campos das artes, da música, e da literatura, entre outros, o que, inquestionavelmente, honra o nosso Nordeste e enobrece a história do Brasil.
Na crônica sob o título “DIA DO NORDESTINO: ESSA GENTE SERTANEJA”, de 10/2013, eu já dizia: “No rosto do catingueiro as rugas do sofrimento e do cansaço parecem desenhar pequenos córregos, pelos quais rolam gotas de suor que se precipitam ao solo, como se desejassem irrigar a terra de novas esperanças. A lição de resistência, de pertinácia, de fé, de humildade, de esperança, e até de saber sonhar, tem de servir de exemplo aos mortais urbanos.
É preciso reconhecer que a capacidade de resistência da gente sertaneja vai além dos limites de meras definições literárias ou científicas. O suor com sabor de sangue que lhe corre nas faces parece emergir das suas entranhas como um bálsamo para a pele, que queima sob a intensidade do sol. Não se quebranta com pouco sofrimento, nem se arrefece ante os grilhões da dor, da sede e da fome, como se fossem alimentos de vida.”
Não é um aprendizado fácil, sobretudo quando os governantes, ao invés de oferecerem as condições básicas que permitam a convivência do trabalhador com as dificuldades climáticas e naturais, desestimulam a essência principal da sua índole que é a coragem para o trabalho, impondo-lhe a cultura da doação e da malemolência. Um antigo provérbio atribuído ao filósofo chinês Lao Tsé, passa-nos uma extraordinária lição: “Dê ao homem um peixe e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará por toda a vida.”
Num país com território quase continental, com influências étnicas da colonização portuguesa, e breves tentativas de colonização francesa e holandesa, nada mais óbvio que exista uma grande diversidade na formação cultural, e de usos e costumes bastante diferenciados. No entanto, isso não justifica a existência do espírito separatista pregado por alguns radicais que, de vez em quando, exteriorizam a sua absurda ira, tentando destruir a harmonia que une o Sul e o Sudeste ao Norte e Nordeste. Verdade seja dita, tentam, mas não se sustentam!
Naturalmente, que as enormes distâncias que separam essas regiões, são os fatores que impedem uma melhor convivência e uma maior identidade cultural. Todavia, quando as oportunidades se apresentam, é preciso estimular o espírito de integração sem limites e inibir as restrições de qualquer natureza.
No belo cordel recitado pela @raissa.xavierr, encontramos o legítimo sentimento de amor por essa terra nordestina:
“Nossa riqueza é cultural / somos a própria diversidade / 56 milhões de Nordestes / responsável pela produtividade / Cana, caju, banana, algodão / manga, acerola, cacau e melão / tecnologia e tecido de verdade
Haja riqueza pra dá conta / Imagina o danado independente / é petróleo, arroz e laranja / O mundo de olho na aguardente / Terceiro País em população / quinto PIB em ascensão / Gente do povo, Presidente
Coisa linda seria nossa bandeira / toda no algodão colorida / E na cesta básica do povo / Cuscuz seria o mais querido / Eu só não arrisco a capital / Falar agora seria fatal / melhor não gerar ruído
Mas se Deus é brasileiro / eu não gosto de confusão não / Ele viraria nordestino / Atravessou o sertão / agüentou um julgamento / Foi pra cruz sem lamento / Com amor no coração”.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
5 Comentários
Agenor, você traz uma bela reflexão a respeito do dia do nordestino cuja característica é: ANTES DE TUDO É UM FORTE.
O texto transmite um profundo reconhecimento e valorização da cultura nordestina, ressaltando a resiliência e a riqueza que esse povo traz para a história do Brasil. É verdade que, apesar das dificuldades enfrentadas, a força e a criatividade do nordestino são inspiradoras.
A citação do filósofo chinês Lao Tsé em seu sábio proverbio, e do Cordel recitado pela @raissa.xavierr, é especialmente tocante, expressando um amor genuíno pela terra e pela diversidade que caracteriza o Nordeste. Essa união de luta, cultura e esperança é um legado importante que deve ser celebrado e preservado.
Florisvaldo F dos Santos – São Paulo
Muito bom! Parabéns, amigo, ótima crônica! (Rio de Janeiro-RJ)
Oportuno pela data comemorativa ao Dia do Nordestino. Não queremos ser melhores que ninguém, mas, não ficamos a dever NADA a alguém. Somos fortes acima de tudo, e acima de tudo somos bravos em qualquer situação. VIVA O POVO NORDESTINO!
Eta texto porreta. Boa semana. (Salvador-BA).
Permito-me acrescentar aqui o que proferiu uma frase veiculada na mídia, que se adequa a este trecho, mutatis mutandis: “Se é a pobreza que vota na esquerda, qual o interesse da esquerda em acabar com a pobreza”. Mais oportuno, neste contexto, é repetir o que disse Euclides da Cunha: ““O sertanejo é, antes de tudo, um forte.”, em Os Sertões .
Rogo vênia, a esse exímio Cronista, para transcrever meus humildes versos:
MEU NORDESTE
(wilson barbosa)
O cognome do nativo do Nordeste,
por alguém atribuído, de “cabra da peste”,
é por ser ele valente contra as intempéries
e dificuldades que sempre vêm em série.
O Nordeste tem exemplos de superação
naqueles que se aventuram no Sul,
noutros que se mantiveram no sertão,
alimentando-se de farinha e mandacaru.
Dentre muitos, o meu Nordeste sofrido
ofereceu vultos ilustres, no País reconhecidos,
não só o lendário Virgulino, o Lampião,
teve, também, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião…
…Aurélio Buarque, Pontes de Miranda, Calabar,
Castro Alves, Ruy Barbosa, José de Alencar,
Câmara Cascudo, Jorge de Lima, Nise da Silveira,
esta maior estatura na psiquiatria brasileira.
Terra de Epitácio e João Pessoa;
de Zumbi, de Ledo Ivo, de Graciliano Ramos,
Ulisses Batinga, estes de Alagoas;
de Jorge Amado, do Índio Poti e de Ariano.
O Nordeste, a República, proclamou,
por Deodoro, e Floriano a consolidou,
episódio indelével gravado em nossos anais,
que notabilizou Alagoas, a Terra dos Marechais.
Nordeste do “Assum Preto”, da “Asa Branca”,
do “Vassourinhas”, de pessoas francas,
dos carros-de-boi, dos engenhos,
de homens honestos e de empenho.
Nordeste da seca, da comida rara, dos araçás,
da caatinga, dos juazeiros, da rapadura,
dos umbuzeiros, dos cajueiros, dos carcarás…
Quando chove, na lavoura se tem fartura.
Este Nordeste esquecido, de vida difícil,
de gente simples, mas sincera e altruísta,
que divide com qualquer de seus patrícios,
se necessário, tudo aquilo que conquista.
Eis aqui, em alguns tímidos traços,
retratado o nosso Nordeste querido,
que, no cenário nacional ocupa seu espaço,
mesmo, de alguns direitos, preterido…