A perplexidade tem sido o tom predominante no sentimento da sociedade brasileira nos últimos tempos, visto a variação abrupta de momentos de confiança, alegria e espírito de brasilidade elevado, em contraponto com repentinos declínios de confiabilidade, tristeza e abatimento, como atualmente acontece. É lamentável ver a facilidade como se manipula neste país os números e as informações que são passadas ao público em geral, desde que essa atitude atenda aos interesses políticos, partidários e econômicos, às vezes sem qualquer mensuração da irresponsabilidade de tais atos. Às vezes, basta uma reunião da equipe econômica e o PIB logo se altera como aconteceu essa semana!
Ressalte-se que essa não é uma particularidade inerente aos partidos que ora estão no poder, mas um desvio de formação impregnado desde a origem de todos eles. O defeito não está nos partidos como importantes componentes da estrutura democrática, mas nos homens que os integram.
Impressiona vê a velocidade com que o País transitou do ápice no conceito internacional ao limbo atual, rebaixado nas avaliações das agências internacionais e sem qualquer política exterior claramente definida, a não ser uma notável vocação de apego com as ditaduras de esquerda pelo mundo.
São notórias as dificuldades que enfrentam as nações integrantes do Terceiro Mundo diante das potências políticas e econômicas já consolidadas do Primeiro Mundo. Contudo, o fato do Brasil ter merecido integrar o seletivo grupo econômico BRICS, composto por cinco nações emergentes, a partir de 2001 – BRASIL, RÚSSIA, ÍNDIA, CHINA e SOUTH ÁFRICA -, dá bem a dimensão de como são vistas as nossas potencialidades no universo das nações. Assim, é inconcebível que o país conviva com uma gestão amadorística, indecisa e incompetente, em que o interesse na preservação de um projeto político de poder está muito acima dos interesses nacionais.
Para o correto dimensionamento do quadro atual, uma realidade precisa ser colocada. Não importa a sigla dos partidos, seja da situação ou oposição. Impõe-se uma urgente reciclagem dos homens que fazem a política – com raras exceções -, em todos os níveis, federal, estadual e municipal. Isso porque são amplas as demonstrações de falta de comprometimento com os objetivos dos cargos para os quais foram eleitos, seja no Executivo ou Legislativo.
Diante de um cenário de sérias dificuldades econômicas cujos efeitos negativos recaem sobre a população, com a volta da inflação e crescimento do desemprego, além da necessidade de um arrocho fiscal para repor o país nos trilhos, era de se esperar desses políticos um mínimo de compreensão e mais responsabilidade, não somente com a população sofrida, mas, até mesmo numa concentração de forças para desenvolver um projeto conjunto de recuperação do País. Em sentido contrário, o que se vê são as batalhas políticas entre Situação e Oposição que nada constroem, onde prevalecem as prioridades de caráter pessoal e os interesses corporativos dos partidos.
Uma estatística recente indicou que 150 dos 594 congressistas respondem por ações penais no Supremo Tribunal Federal, sejam por improbidades administrativas decorrentes do período em que desempenhavam cargos no Executivo, em gestões anteriores, ou motivadas por alguma conduta eleitoral irregular.
Ora, esses dados dão bem a dimensão de que muita coisa precisa ser repensada em nossa Lei Eleitoral e que uma Reforma Política se faz mais que urgente no país.
Todo esse imbróglio político remete-nos a profundas reflexões, principalmente inspiradas na verdade contida na frase do filósofo, teórico, político e orador irlandês Edmund Burke, reproduzida na ilustração deste artigo, quando afirmou: “PARA QUE O MAL TRIUNFE, BASTA QUE OS BONS FIQUEM DE BRAÇOS CRUZADOS”!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
5 Comentários
O ARTIGO VAI DIRETO AO PONTO. A INÉRCIA JUNTO COM ESSA POLITICALHA QUE FAZEM CONSTANTEMENTE LEVAM A ESSES DADOS NEGATIVOS AQUI CITADOS. QUE MUDEM AS AÇÕES NO AGIR E NO PENSAR PARA QUE POSSAMOS DAR UM SALTO DE DESENVOLVIMENTO EM TODOS OS SENTIDOS.
Caro Agenor,
Parabéns pelos alertas do seu pertinente texto. Mas, infelizmente, pelo deletério cenário presente fica-nos a quase certeza de que o Brasil chegou ao fundo do poço e de forma, tristemente, irreversível.
Deus nos ajude!
Caro Agenor, bom dia!
No editorial desta semana “Os Riscos dos Braços Cruzados”, acertadamente você discorre sobre a crise política e econômica no Brasil, apontando a irresponsabilidade dos políticos. Contudo, é fundamental que os cidadãos não apenas reclamem, mas se mobilizem por mudanças. A frase de Edmund Burke destaca que a inação dos “bons” contribui para a perpetuação dos problemas. Assim, estes mesmos cidadãos devem se engajar politicamente, pressionar por reformas e apoiar candidatos comprometidos com a ética. O verdadeiro poder da democracia reside na participação ativa de todos, que deve ir além da crítica e incluir ações concretas para transformar a realidade.
Muito atual e real a sua crônica, como sempre bem escrita e fundamentada. (Salvador-BA).
Estes fatos já estão institucionalizados! Ninguém, daqueles que poderiam solucionar o problema, tem interesse na erradicação desses males, em face de serem beneficiados com eles. Enquanto os atingidos por eles são inermes, só contam com um grito sem eco.
O criminoso desvio de conduta está encravado na alma dos políticos, o que, infelizmente, tornou-se irremovível.
O prestígio do Brasil, perante os países democráticos, está igual aos prestígio de carne de porco em hospital, haja vista o que ocorreu, na reunião da ONU, quando o microfone do Lula.
Relativamente ao Grupo BRICS, basta que verificar quais os Países o integram, para ver o porquê o Brasil integra essa seleta malta: “preservação de um projeto político de poder está muito acima dos interesses nacionais”.
Reciclagem para acabar com essa quadrilha, nem outro dilúvio seria eficaz, considerando que os políticos são tão ladinos que poderão conseguir superar aquela pombinha que encontrou terra firme e voltou, pois nossos políticos vão se empenhar em grilar todas as terras encontradas.
Justifica-se esse comportamento dos políticos: eles não são atingidos pelas dificuldades, a contrario sensu, eles se locupletam. A concentração
de forças visa a subjugar os eleitores. Para o País se recuperar eles (políticos) terão que abdicar de muitas coisas, entre elas, a corrupção e o
cabide de empregos. E, eles, não o farão NUNCA!!!
Conforme eu disse em comentários anteriores, os políticos se guiam por uma máxima: “Em time que está ganhando, não se mexe.”
E eles estão ganhando… (Maceió-AL).