No amplo e complexo universo do futebol, são grandes as diversidades que mexem com as emoções dos milhões de apaixonados torcedores, cuja grande prova está na ilustração acima. As vibrações são por demais intensas e têm direções diversificadas, conforme cada minuto da partida de futebol que está sendo assistida seja presencialmente no estádio, num barzinho com os amigos ou confortavelmente em casa diante das imagens da televisão.
Além de extravasar as emoções de um coração apaixonado pelas cores do seu time, que aprendeu a amar desde criancinha, agora o torcedor tem algo mais que o transforma num ser potencializado por um pressuposto conhecimento técnico, evidenciando que é capaz de identificar em minutos – bebendo cerveja ou curtindo um bom vinho português -, todos os erros cometidos pelos jogadores naquela partida e, sobretudo, crucificando, sem piedade, o Técnico do time “que não sabe mexer no time na hora certa”! Só ele, torcedor, é capaz de fazer as substituições certas, na hora certa e com os jogadores certos, para vencer o jogo! O caro leitor, que agora lê esta crônica, certamente é uma dessas sumidades no conhecimento de todas as técnicas para vencer o jogo!
Interessante nesse cenário de múltiplas reações, é que o mesmo torcedor que diante de uma determinada vitória anterior do seu time, aplaudiu, elogiou e exaltou a habilidade técnica de alguns jogadores, e reconheceu a competência do Técnico, é o mesmo que hoje, diante de uma derrota, transforma-se bruscamente, condenando jogadores e pedindo a cabeça do Técnico, além de repetir sempre: “não sabe mexer no time”!
Chega a ser fantástica a capacidade que tem o esporte de produzir sentimentos, vibrações e valores nos torcedores, e nesse particular o futebol tem um poder impactante e especial.
Mas, há uma curiosidade que gera indagações inquietantes! No mesmo instante do Brasileirão em que uma equipe predomina sobre os constantes bons resultados, somando sempre os pontos positivos para uma provável conquista do título nacional, de repente desce a ladeira e sai do agradável calor do G-4 para sentir os calafrios da baixa temperatura da temível Zona de Rebaixamento, ou Z-4! Ora, se o time tem verdadeiros craques e o seu Técnico é aquele vencedor qualificado, qual a explicação para mudanças tão bruscas e decepcionantes?
Mas, aí surgem os sábios para oferecerem a infalível solução para que o seu time dê a volta por cima e melhore o desempenho, ou até retorne ao sonho de conquistar o título nacional: “DISPENSA O TÉCNICO”! Eureca, está aí a solução! E com essa palavra de ordem a dispensa logo acontece, porque não há tempo para se formar um time vencedor, mas, apenas uma equipe que precisa vencer todas as partidas e fique no topo da classificação.
Num campeonato de futebol da expressão do nosso “Brasileirão”, repleto de bons Clubes e profissionais com salários em que só se fala em milhões, com vários técnicos caríssimos e alguns vindos do exterior, era para se trabalhar sob uma ótica de mais profissionalismo e nada de uma gestão primária influenciada pelos gritos de torcedores emotivos e apaixonados!
Contudo, o que se testemunha nas ações aplicadas pelos dirigentes dos Clubes Brasileiros, é a invariável dispensa do Técnico e a imediata contratação de outro. A lógica parece ser a inspiradora dessa decisão: ao invés de questionar a qualidade dos 11 ou até dos 22 jogadores do time, pune-se uma única pessoa, o Técnico, dispensando-o do contrato como o único culpado pela tragédia dos maus resultados!
Então, qual a próxima solução salvadora? A direção do Clube recorre ao “Cadastro dos Técnicos Desempregados”, recentemente demitidos pelos mesmos motivos, e eis que encontra o “Santo Milagreiro”! Sim, porque logo que assume, após breves palavras, o time perdedor começa a vencer! Se o caro leitor, na condição de Torcedor e Técnico, tiver conhecimento dessas palavras mágicas usadas, aproveite, poderá ganhar muito dinheiro… E olha que conheço algumas equipes que estão precisando delas! rsrsrsrsr
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
9 Comentários
Caro Agenor, bom dia!
O seu Editorial me fez refletir sobre a minha postura enquanto torcedor do Vitória na Bahia desde criancinha e apaixonado pelo Corinthians até a morte e vendo os dois times em uma gangorra entre as virtudes do passado e as frustrações do presente.
Nos altos, sinto euforia e orgulho, onde as vitórias e sucessos me trazem grande satisfação enquanto torcedor, onde as expectativas são elevadas e o sucesso aumenta a confiança promovendo um maior engajamento e otimismo, reforçando a identidade coletiva e a sensação de união entre os fãs.
Já nos baixos, a frustração e desilusão com as derrotas e crises, me causam frustração e desilusão, levando a uma perda de esperança e sentimentos de traição.
Vejo que nos períodos negativos podem dividir os torcedores, criando um ambiente de descontentamento.
Da mesma forma, noto que a pressão dos torcedores de modo geral, pode resultar em críticas severas, agravando a situação e afetando o moral da equipe.
Enquanto torcedor, posso admitir que em muitas vezes, não consideramos fatores externos e estruturais que afetam o desempenho do time ou mesmo da equipe, em que a influência e cobertura da mídia pode exagerar as emoções, distorcendo a percepção dos torcedores sobre os altos e baixos, ignorando aspectos mais profundos e complexos da situação.
Em resumo, posso admitir que os altos e baixos afetam profundamente a experiência emocional dos torcedores.
Vai Vitória!!!
Vai Corinthians!!!
Uma oportuna e excelente narrativa de um assunto tão brasileiro que é o futebol… É de conhecimento público que entendemos de política, futebol e carnaval, mas o presente Artigo vai além desse conhecimento. Ele da dicas de como se deve verdadeiramente tratar a dona redonda.
Parabéns, amigo!! Adorei a crônica! Pois é… Futebol desperta em todos nós todos os impulsos citados pelo amigo. Muitas emoções! Acho que vou aproveitar a oportunidade para ganhar dinheiro como técnico de futebol. (Salvador-BA).
Muito bom!
Verdade, amigo.
E quando se trata de Seleção Brasileira, somos mais de 200 milhões de técnicos. Cada um escalando a sua e achando que é a ideal para representar as cores do nosso Brasil. (Rio de Janeiro-RJ).
Muito boa crônica, Agenor. Em todos os campeonatos brasileiros a dança de técnicos é enorme. (Salvador-BA).
Muito boa crônica! Parabéns e abraços.(Salvador-BA).
Sem sombra de dúvida, você tem toda razão, em suas afirmativas no seu brilhante artigo, “sobre os altos e baixos das equipes no futebol”, porquanto, em tese, cada um de nós, que aprecia o futebol, é um técnico em potencial. E, ai, sem nenhum receio, processamos todas as modificações e alterações em nossos times, e, sem outra alternativa, sobra-nos, tão somente, encontrar um culpado ou responsável, e, como, só nos apresenta na beira do campo, o Técnico, ele indubitavelmente é o responsável por tudo, tudo e tudo mesmo. Essa é a rotina natural da cultura que aprendemos desde criancinha, a respeito do futebol, Parabéns pelo excelente artigo. (Brasília-DF).
Muito real!
Sr. Agenor, concordo plenamente com suas afirmativas. Como agir para tentar melhorar esta situação terrível em que vivemos, além de divulgar artigos e vídeos deste tipo?