Em setembro de 2014, já se aproximando das Eleições Gerais daquele ano para a escolha do Presidente da República, dos vinte e sete Governadores das unidades federativas, um terço dos membros do Senado Federal, a totalidade dos membros da Câmara dos Deputados e os representantes dos poderes legislativos estaduais, publiquei uma crônica com o título específico para o ano, mas com o mesmo apelo: ELEIÇÕES 2014: DÊ O VOTO PARA UMA NOVA SOCIEDADE.
Em 6 de outubro próximo voltaremos a essa prática democrática, com Eleições para os cargos de Prefeitos (as), Vice-prefeitos (as) e Vereadores, para atuarem em cada um dos 5.568 municípios brasileiros, ao longo dos quatro anos seguintes.
Assim, o cenário político nacional e regional já começa a se redesenhar a cada novo dia, atribuindo aos ânimos e discussões notáveis graus de aquecimento entre os milhões de eleitores interessados em ver algo de novo e de bom acontecer à sua volta, sempre esperançosos de que alguma mudança possa surgir no horizonte, na forma de se exercer as práticas político-administrativas neste nosso País.
O prenúncio das coisas erradas que irão acontecer no futuro pós-eleitoral já se vislumbra, precocemente, com muita evidência na fase pré-eleitoral, bastando se analisar o elevado número de atitudes sem escrúpulos que se sucedem na formação das coligações partidárias e os frequentes rompimentos de acordos políticos não honrados. São tantos os fatos negativos que infestam esse universo político, que o eleitor fica mesmo perturbado em meio a um turbilhão de incertezas que afetam a sua tomada de decisão.
O mais deplorável em tudo isso, e que vem ao longo do tempo destruindo a imagem dos nossos políticos e até mesmo das pessoas comuns, é a concepção predominante do “vale tudo” ou comportamentos inspirados na ideologia pregada pelo italiano Nicolau Maquiavel do “relativismo da ética e da moral”, em que os “fins justificam os meios”, práticas que hoje vem sendo comuns entre as pessoas, principalmente, no mundo da política.
A verdade única e insofismável, é que os eleitores se sentem envergonhados e desiludidos, por assistirem, quase que impassíveis, à deterioração estúpida de um sistema democrático tão importante para a troca de gestores públicos, onde, muitas vezes, a troca é apenas de “seis por meia dúzia”, segundo o dito popular.
O que muito surpreende é a percepção de que muitos nomes que foram processados ou até presos, conseguem o direito de se habilitarem a voltar ao Poder, de onde foram condenados em razão de desvios de conduta no exercício de cargos públicos ou por integrarem uma máfia de corruptos que se locupletaram de verbas oficiais (leia-se, nosso dinheiro), nesses casos protegidos por decisões judiciais, às vezes suspeitas! Tudo isso em detrimento de amparar e proteger um elevado número de cidadãos carentes de melhor assistência na área da saúde ou da educação, que são iludidos com programas sociais populistas.
Torna-se recorrente dizer que somente uma Reforma Política rígida e de profundidade poderá extirpar certas pragas que se eternizam no poder, transformando a máquina pública em fonte permanente e geradora das energias financeiras alimentadoras dos seus vultosos patrimônios familiares.
O importante é que o eleitor não perca o foco do valor que representa o seu voto no processo de conquistar as transformações que ele próprio tanto reclama. É preciso enxergar aquelas medidas que venha trazer os benefícios diretos a toda a população – como saúde, educação, segurança e transporte – mas, principalmente, na reversão de tantos valores morais já perdidos e que se constituem nos fundamentos de uma sociedade estruturada em princípios sólidos. Assim, a cada Eleição, dê o seu voto para a conquista dessa nova sociedade! É diante da urna que podemos fazer uma faxina geral, pense nisso!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
6 Comentários
Bom dia caro Agenor!!
Você foi cirúrgico e certeiro ao trazer essas lembranças (friamente analisadas) que muito se parecem atuais, até porque, a cada dois anos a novela se repete.
No Senado, um dos temas prioritários para discussão em 2024, é a unificação das eleições municipais com as eleições para os demais cargos, propondo a unificação dos pleitos municipais com os estaduais e federais.
Oxalá que isso aconteça, pelo menos passaremos a ouvir os mesmos blá, blá, blá apenas de quatro em quatro anos. Florisvaldo F Dos Santos
O ARTIGO É CIRÚRGICO. DEIXOU ÀS CLARAS TODAS AS REALIDADES. A DICA CENTRAL E DEFINITIVA É: SABER ESCOLHER O MENOS PIOR E IMPEDIR QUE OS PIORES ESTEJAM SEMPRE DE VOLTA! FAZENDO ISSO A TENDÊNCIA É MELHORAR.
Parabéns! Perfeito comentário. Feliz São João. (Salvador-BA).
Meu caro e nobre “poeta” das crônicas !
A propósito, destaco pequeno trecho a seguir para um palpite:
“…conquista dessa nova sociedade!…”. A meu pensar, isso está cada dia mais distante e difícil de ocorrer em nossa “Banânia”, haja vista a predominante índole dos que se aventuram e acabam por se eleger nos pleitos bienais, sem modificações significativas nas regras eleitorais, favorecendo ou prejudicando castas dessa categoria que, em tese, teria importância social inestimável.
A constatação, a cada novo certame, da presença de mais dos mesmos tem-nos mostrado corriqueiramente esse quadro, equiparável à ingrata tarefa de “enxugar gelo”.
Infelizmente. Em que pese a necessidade de nos mantermos firmes na busca desse novo tão valioso e necessário.
Parabéns por seu incansável e meritoso trabalho. (Salvador-BA).
Que a Luz Divina ilumine seus caminhos, sempre!
Esta crônica diz muito, que, se levado em consideração, traria melhores dias para nosso País e para nossa Nação. Mas, não se divisa o menor esforço para implementação de melhoraria da atual performance da quase totalidade dos políticos, máxime dos brasileiros.
Esse cenário já se redesenha e se efetiva muito antes do prazo que a Lei prevê. A Lei Eleitoral perdeu sua eficácia. Veja-se que um ano antes das eleições, os pré-candidatos já expõem seus retratos e nomes ou pseudônimos, em seus veículos e em veículos de seus correligionários. E a Justiça eleitoral posta-se silente, em evidente anuência a tais agressões à Lei, fazendo valor o jargão: “A Justiça é cega” – para algumas coisas…
E isto não mudará jamais, porque os políticos adotam o entendimento de que “em time que está ganhando não se mexe”, e eles estão ganhando… e muito! Doutro lado, a imagem dos nosso políticos é assaz denegrida, não restando mais o que sujar; suas máculas são herdadas de seus ancestrais, que passam de pais para filhos, ad aeternum …
Não podemos esquecer, como disse acima, um elevado percentual dos eleitores está faminto e, acima de tudo, é composto de analfabetos culturais e analfabetos políticos. Permito-me asseverar que, em um Regime Político Cleptocrático, onde o Judiciário é conivente, nada surpreende.
Se houver uma Reforma Política nunca será rígida nem modificativa, salvo se pra pior, posto que os políticos que aí estão não têm qualquer interesse em modificar o Sistema, pois perderiam “vantagens”. O problema é que os “pobres mortais”, com seus votos, outorgam um mandato, uma “procuração” para esses descomprometidos com a Nação e com o País, sem condição de revogá-la, pois, a cada eleição, esse “instrumento procuratório” é renovado pelo Sistema, sob forte engodo com promessas falsas e/ou infactíveis.
O eleitor já tem na memória o valor de seu voto: alguns tijolos, alguns poucos reais, um subemprego ou, para os mais agraciados, participação no locupletamento que seus “eleitos” passam a auferir.
A consciência fixada na falta de ética, na amoralidade e na corrupção está tão cimentada que não se vislumbra quaisquer condições de a remover. (Maceió-AL).
Mais um vez brilhante seu texto, é ele também oportuníssimo, em função do momento histórico que vivemos. Afinal, temos hoje um país dividido de maneira apaixonada, fanática e até perigosa, endeusando duas figuras que, sob minha ótica, mas com respeito à opinião de quem de mim discordar, não merecem sequer respeito de qualquer cidadão ou cidadã de bem, pra dizer só isso.
Tenho dito repetidamente que tenho até mais respeito por um Fernandinho Beira-Mar ou Marcola, simplesmente porque esses não procuram enganar ninguém, assumem o que são, então sabemos o que deles esperar, enquanto os líderes políticos – como Lula e Bolsonaro – pregam bondade, perfeição, até “castidade” – se é que o termo cabe aqui – política, mas depois fazem o que vemos.
Reiterando a admiração pela beleza de seu texto, não posso deixar de registrar , entretanto, uma quase inocência por você cometida, que foi quando disse – “decisão quase suspeita da Justiça”. O “quase” chega a ser romântico, lúdico. Nada obstante, você contribui pra que mantenhamos a esperança e lutemos pra fazê-la prosperar.
Parabéns e grande abraço deste seu admirador. (Salvador-BA).