Foto da Sessão da Câmara de Vereadores de 03/11/1984, da esquerda para a direita: Jornalista Oleone Freitas; ex-Vereador Jorge Loiola; Jornalista Wilson Barbosa (A Tarde); Presidente da Câmara Pedro Ferreira Sobrinho; ex-Prefeito José Borges Ribeiro; Prefeito Olímpio Cardoso Filho; o homenageado Agenor Santos; e o Dr. Gildo Lima, da Caraíba Metais.
Dentre os diversos fatores que determinam o constante movimento das pessoas em viagens de toda a natureza, a saudade do torrão natal e de rever lugares que marcaram a infância e a adolescência, tornam-se no ponto de grande relevância na vida de cada um. Para alguns a prioridade, também, é rever os avós velhinhos cheios de amor e novamente recordar os bons conselhos dados aos seus netos no passado.
É interessante observar como as pessoas têm o espírito nômade e gostam de visitar novos povos, novas terras, novas gentes, buscando nova motivação para viver. Umas pela necessidade de conquistarem a autonomia própria, e outras atrás do saber que as tornarão profissionais experientes. Há ainda as que após definirem as suas vidas voltam à terra onde nasceram, como se as suas consciências exigissem um voto de gratidão ou o pagamento de uma dívida com a terra natal. E o melhor de tudo é quando lá chegando, o ar que inspiram passa a sensação de estar sentindo o perfume do corpo de uma mãe.
Embora as pessoas encontrem o prazer de viver em outras plagas, seja por pouco ou muito tempo, é importante ouvir as narrativas dos hábitos e costumes. Isso está explicito em qualquer situação de imigração!
As festas típicas de cada região – exemplo do São João – são apenas um componente forte neste fenômeno que movimenta as massas. Existem valores da terra muito mais impregnados nos sentidos de cada um, que fortalecem as relações históricas com a terra, tais como as amizades de infância, o primeiro amor nunca esquecido e a família como estrutura básica de todo esse clima de nostalgia.
Existe um magnetismo que alimenta outro tipo de paixão. Aquele inerente ao caráter, à simpatia, à simplicidade e à amizade sincera da gente da terra. Não se compra nem é vendido nas prateleiras dos mercados. Ele está na índole da gente que sabe receber e cativar os visitantes que chegam e passam a amar a terra espontaneamente, num verdadeiro processo de empatia.
Uns se apegam de tal forma que terminam fixando raízes e passam a amar a nova terra como verdadeiros filhos adotivos, nela gerando os meios de sobrevivência ou às vezes contribuindo na produção das riquezas que fortalecem a própria economia local.
Obviamente, que por razões profissionais, conheci a cidade de Uauá e me apeguei ao carinho do seu povo. Grandes e belas recordações desse tempo, ocasião em que contei com o importante apoio de pessoas representativas da sociedade local, e entre elas destaco os grandes amigos: Coronel Jerônimo Ribeiro e ex-Prefeito Dr. José Borges Ribeiro, pai e filho “in memoriam”; Dr. Olímpio Cardoso Filho, então Prefeito Municipal, e vários e renomados empresários locais.
No ano de 1984, 40 anos atrás, fui honrado com o título de “Cidadão Uauaense”, pela Câmara de Vereadores, presidida na ocasião pelo Vereador Pedro Ferreira Sobrinho, in memoriam. O ato consolidou o sentimento de paixão e afeto que sinto por essa terra de Uauá! Vide acima a foto da sessão solene.
Este é um amor de grande significado e valor porque não determinado pelas leis da geração natural dos filhos legítimos, mas enobrecido pela opção da livre escolha e adoção pessoal de cada um. É um sentimento que flui normalmente decorrente da convivência de anos, e tantas riquezas advindas de coração para coração.
Essas convicções e afirmativas, foram agora legitimadas durante o giro de alguns dias pelas cidades de Linhares e Vitória, no Espírito Santo, quando percebi como é empolgante ver o sorriso na face dos jovens e de tantas outras pessoas que desciam dos ônibus e aviões, ao se sentirem recompensadas nas visitas que fizeram, por matarem AS SAUDADES DO TORRÃO NATAL!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade
12 Comentários
Cidadão Uauaense Seu Agenor.
Belíssima viagem e causa❗
Refletindo sobre esta obra que acabo de ler…Pensei…
Existem raízes que mesmo não tão profundas; enfincadas ainda que superficialmente criam conexões “com a gente”, com o outro e de proporções inimagináveis: isto logo aos primeiros sinais de vida de qualquer plantinha por exemplo, ou quando fazem florescer, quando fazem um botão desabrochar, as folhas surgirem, o caule crescer, nos apresentam a beleza por ser um ser vivo também!
Assim a sua história se mistura, tu criastes conexões por lá , ainda que no primeiro momento suas raízes tenham “sido superficiais” (em virtude da sua passagem profissional), mas ali naquela Cidade, fincaste suas raízes na Terra de Uauá . E com louvor recebeste o título por ampliar a rede de conexão com o povo de lá merecidamente. Porque certamente de forma atemporal essas raízes agora são profundas!
Sandrinha – São Paulo
Realmente um belo Artigo de volta ao tempo. É importante demais a gente receber determinadas homenagens e reconhecimentos, e essa com certeza foi de grandiosa importância para o nobre cronista! sinceros Parabéns ainda que, 40 anos depois!!!
Caro Agenor. Parabéns pela crônica.
Tendo chegado aos noventa anos não sinto, na verdade, saudades da terra onde nasci, pois saí de lá com 6(seis)meses (meu pai era bancário e na progressão na carreira foi mudando de lugares, subgerente aqui, Gerente ali adiante, etc. e não tenho referencias de vida de lá. Lá estive depois). Os lugares onde passei mais tempo foram: Muzambinho, no Sul de Minas, onde passei 10(dez) anos, dos 6 aos 16 e Brasília, onde cheguei em março de 1960(portanto completei 64 anos). Em Belo Horizonte morei 4 anos (dos 16 aos 20 quando fui para São Paulo tomar posse no BB), em São Paulo 3 anos (de 1954 a 1957) e no Rio dois anos e pouco(setembro de 1957 a março de 60). Tenho vontade de fazer um tour (seria de despedida ?) por Belo Horizonte e Muzambinho. (Brasília-DF).
Boa tarde, nobre “poeta” das crônicas !
É desse jeito. Sou um caso típico do desgarrado do torrão natal e que, conscientemente, movido por uma força/paixão interna, inconsciente e maior do que a tal vontade-própria, tendo aqui chegado em Jul/1979, adotei, pelas via coronárias, Salvador e a nossa Bahia de Todos os Santos, Encantos e Axés, como se minha terra fosse.
No seu caso, além da paixão, houve o reconhecimento da sociedade uauaense. Por mérito, com certeza! Meu apego e adoção por esta terra me trouxeram de volta nas duas vezes em que mudei por razões pessoais.
O título, no meu caso, eu mesmo me concedi, com honra ao mérito e tudo o mais, sem o cerimonial a que o amigo fez jus. Exceto eu (e agora você), ninguém mais sabe disso !! (rsssss)
Um @braço e parabéns pela ideia materializada em seu texto. (Salvador-BA).
Parabéns cidadão Uauaense. (Salvador-BA).
Beleza de crônica, amigo Agenor. (Maracás-BA).
Grande manifestação de amor por uma cidade cativante que é Uauá, também sinto esse amor por todos os amigos que que conquistei nos anos 80, parabéns meu cunhado pela grandeza de reconhecer e analtecer o título de cidadão Uauaense na presença de tão importantes figuras na história de Uauá! (Feira de Santana-BA).
Para além da beleza de seu texto e do justo sentimento de gratidão – que nem a todos acomete – que expressa, bem sei, humildemente, o que significa este sentimento que você possui em relação a essa “nossa” queridíssima “terra dos pirilampos’ e, é claro, à sua gente. (Salvador-BA).
Excelente texto. Verdadeiro. Com.certeza. (Salvador-BA).
Boa noite caro Agenor!
Magnifico o seu relato!
No meu caso, apear de amar incondicionalmente a cidade de Cansanção no Estado da Bahia, onde nasci e vivi até os meus 19 anos, tenho toda gratidão a São Paulo, cidade que me acolheu nos últimos 55 anos, me proporcionando a felicidade de consolidar a minha vida profissional, além de uma familia que já esta na terceira geração.
Desta sua bela crônica, dentre tantos pontos importantes, exsurgem dois que merecem meus comentários:
a) Meu “primeiro amor nunca esquecido” continua ao meu lado, desde que nos conhecemos, nos anos de 1960, do qual nem a morte nos separará.
b) Apesar de meu nome ter sido citado, na “foto da sessão solene”, onde você foi ‘honrado com o título de “Cidadão Uauaense”’, não me encontrei, mesmo assim, agradeço a menção. (kkkkkkk) – (Maceió-AL)
Caro amigo Agenor,
Sempre brilhando, desta vez você resolveu mudar o foco e estilo, derivando para o tipo crônica, construindo então uma tocante peça que sensibiliza a todos nós que vivemos e convivemos em lugares tão diferentes no cumprimento de nossas missões como funcionários do então querido BB. E quando falo em “então querido”, faço isto porque hoje ele é tão somente uma organização bancária com interesses meramente comerciais, indiferente às expectativas e anseios das comunidades onde está instalado, postura tão diferente da de nosso tempo, razão, por isso, da indiferença com que seus servidores hoje são vistos. Mas,
enfim, são coisas de Pindorama de hoje, vida que segue…
Aproveito, amigo, pra registrar sua resposta a meu comentário sobre seu último artigo. Você
é que foi mais que generoso comigo, o que, aliás, é uma marca registrada sua, reconhecida por todos que lhe conhecem. Você, além do talento, é um ser humano singular, admirado e querido por todos que têm o privilégio de sua amizade. Eu procuro apenas exercer o senso crítico, o que procuro fazer com isenção, registrando minha percepção e conclusão, esperando assim incentivar através de um feedback honesto.
Por fim, meu incentivo a que você continue nos brindando com suas pérolas literárias e um grande abraço. (Salvador-BA).