A todo aquele que escreve é dado o direito de hibernar voluntariamente por algum tempo, não abandonando a caneta como se dizia no passado, mas, nos dias de hoje, seria como dando um descanso ao teclado do PC. Contudo, existem outras razões e formas de hibernação temporária, entre as quais pode ser permitido ao pensamento o direito a reflexões sobre variados temas, o que não significa a quebra de compromissos ideológicos, mas o ajustamento das ideias dentro do turbilhão de acontecimentos do dia a dia.
A recente eleição presidencial de 2022, como tantas outras do passado, ofereceu subsídios e consolidou a convicção de que tudo vale para se manter ou atingir o poder, quando os princípios ideológicos são esquecidos ou colocados em segundo plano. Não há necessidade de identificar cada caso porque as coligações inesperadas sempre acontecem no plano nacional, com sucesso para uns e insucesso para outros, mesmo porque não é fácil falar a mesma língua, nessas circunstâncias. A compensação por esse tipo de apoio, ficou muito evidente no fato de que logo após empossado o vencedor, o seu primeiro ato presidencial foi elevar o número de Ministérios de 23 para 37, cuja justificativa só encontra embasamento na necessidade de retribuir aos líderes dos Partidos coligados com cargos em abundância, desde o primeiro escalão, aos demais da hierarquia ministerial!
Essa convivência política conflitante, caracterizada pela dificuldade de comunicação entre as partes coligadas, faz-me lembrar de um episódio bíblico em que Deus interrompeu a edificação pelo homem da TORRE DE BABEL, que configurava a ânsia de demonstrar poder e um momentâneo desvio aos princípios divinos. No Livro do Gênesis, há o registro de que Deus implantou a “confusão de línguas”, o que gerou a dificuldade de intercomunicação e inviabilizou a continuidade do projeto, surgindo daí a diversidade de línguas ainda hoje existente no mundo.
No Brasil de hoje, se aplicada a analogia do episódio da Torre de Babel, temos um Presidente que em um mês falou demais, e um ex-Presidente que perdeu a voz e sumiu do País, abruptamente! Mas, aí existe mais uma verdade constatada: como diz o velho ditado, ambos falam pelos cotovelos, com live ou sem live. E escrevam aí: se o outro voltar mesmo ao Brasil, como está anunciando, todos os dias assistiremos a um replay dos tais debates ou repetição dos programas eleitorais. Ufa!
Além das reflexões inspiradas nessa dicotomia política, a nação assiste com profunda ansiedade e preocupação a necessidade de reformulação conceitual da abalada credibilidade do nosso Poder Judiciário, visto que impera a convicção no cidadão de que os ricos e poderosos não mais são punidos pela Justiça, e os condenados são perdoados e soltos até por decisão Monocrática de um Ministro! Isso representa um fato histórico de tal magnitude que provoca um profundo impacto no arcabouço de fé e esperança do cidadão brasileiro. É de se esperar que nem tudo está perdido e que um novo cenário possa se desenhar no horizonte deste nosso país, ou seja, mentalidades renovadas e amplamente sintonizadas com a expressão popular: “doa a quem doer”.
Isso posto, impõe-se, efetivamente, o recarregamento das baterias do pensamento, de modo a não permitir que os fatos possam exercer influência malévola ao exercício da coerência e da determinação de servir, além da responsabilidade da gestão dos governos em todos os níveis: Municipais, Estaduais e Federal.
Outra coisa está por demais visível: um monte deles nomeados para o alto escalão, envaidecidos com o cargo, parecem não conseguir pisar no chão. É como se estivessem flutuando sem ainda saber, principalmente, o que fazer com o Poder graciosamente recebido. Tem alguns, inclusive, que nem uma entrevista sabem conduzir, sem se empolgar.
Que o atual governo desça do palanque para encarar com mais firmeza e realismo os problemas internos – com menos discursos odiosos -, e pare de construir a sua TORRE DE BABEL, representada na ansiosa busca por assumir a liderança da esquerda na América Latina.
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador – BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 12/02/2023
8 Comentários
As constatações trazidas neste editorial são dignas de tudo que está acontecendo, principalmente se comparadas com o registro no Livro do Gênesis, onde Deus implantou a “confusão de línguas”, gerando a dificuldade de intercomunicação. No caso em que o Presidente falou demais e do ex-Presidente que perdeu a voz e sumiu, ao contrário da citação bíblica (Lucas 23.34), eu diria: “Pai, não os perdoe, pois eles sabem o que fazem”. Quando você se refere aos nomeados que parecem não conseguir pisar no chão, eu diria que podem ter “telhado de vidro” necessitando de cuidados especiais, igualmente a quem anda pisando em ovos.
Falou e disse. Parabéns chefe. (Salvador-BA).
Discordo totalmente do teor desta matéria, por sinal nitidamente parcial. (Salvador-BA).
O que sinceramente desejamos é que desçam do palanque, que aquele que entrou esqueça o que saiu e vice e versa, porque 4 anos passa rápido e nós que pagamos as altas e salários deles, não temos tempo a perder.
Mais uma vez vc trás um autêntico episódio político que estamos vivenciando, indubitavelmente. (Manaus-AM).
Caro Agenor. Mais uma joia para como fazer uma loja virtual o nosso deleite. Parabéns e fraternal abraço. (Brasília-DF).
Muito bem apropriado o seu posicionamento! (Salvsdor-BA).
É a volta do tome lá, dá cá. É o Brasil retomando os mesmos, as mesmas coisas d’antes. Grande falta de inovações, as mesmas caretas de filmes psssados. (Miguel Calmon-BA).