A frase contida na ilustração acima, apresenta-nos uma verdade contundente e que reafirma a existência invariável e definitiva de dois lados, sempre, ou seja, contra e a favor, esquerda e direita, situação e oposição, verdades e mentiras, e por aí um vasto universo de controvérsias. Inclusive, tem outra frase corrente que, maleficamente, avalia de forma dura os políticos, afirmando que “na política só existe dois lados: o que está comendo e o outro que quer comer”! Infelizmente, um grande número deles dá o motivo para essa visão crítica corrente… Isso é fato!
Popularmente, a moeda tem papel de destaque nos esportes, principalmente no início das partidas de futebol, quando o Juiz convida os dois capitães dos times para no “Cara ou Coroa” o vencedor decidir qual o lado do campo deseja jogar e quem vai dar o toque inicial. E poucos sabem que essa prática teve início em 1863, na Roma Antiga. Embora o sorteio tenha o mesmo objetivo, há nomes diferentes atribuídos em algumas regiões ao longo do tempo. Por exemplo, na Roma antiga era “cara ou navio”, porque de um lado reproduzia a face do deus Jano e do outro era um navio. Na Espanha, tinha a cara do Rei de um lado e do outro uma cruz, e por isso se chamava “cara ou cruz”; no México “aguilla o sol” (águia ou sol) e no Peru é “cara o sello” (cara ou brasão). Contudo, a finalidade do uso no sorteio é sempre igual. Naturalmente, que além do natural valor monetário inquestionável, a moeda adquiriu esse interessante simbolismo no esporte.
Diante desse conceito, nada mais oportuno do que uma breve reflexão sobre o momento atual da História do Brasil, em que, diferente do valor representativo que os Partidos Políticos tinham no passado – quem não se lembra da UDN, PSD, PTB, PDT entre outros da época -, hoje só estão em evidência no cenário político o Lula e o Bolsonaro, que são as personalidades que ocupam o espaço nacional. A importância hoje está restrita a um blocão chamado de Centrão, que reúne oito partidos (PSC, PP, PROS, PMDB, PTB, PR e Solidariedade), os quais representam 242 parlamentares (47%) ou quase metade da Câmara de Deputados.
Com exceção do Lula que simboliza o PT e é a razão da sua existência, o ex-Presidente Bolsonaro recebeu 58.206.354 dos votos válidos, mas, com certeza, a maioria dos que nele votaram, nem sequer sabe a qual partido o candidato estava filiado, visto que já transitou por oito Partidos ao longo da carreira política, indicando a falta de qualquer identidade ideológico-partidária! São os dois lados da moeda política!
Conclui-se, assim, que “sempre vão existir os dois lados de uma história”, e cabe a você escolher em quem confiar. Diante dessa ótica de paixão personalista centrada nas únicas lideranças com projeção nacional, ora existentes no País, percebe-se um quase descontrole no nível de adesão dos segmentos petista e bolsonarista. Há um apego tão exacerbado, que mesmo o Bolsonaro recolhido no Palácio e em silêncio absoluto – após a derrota -, além da atitude desprezível de viajar para os EUA para não passar a faixa, ainda assim os seus apoiadores o aplaudem…!
A realidade é que há um segmento de eleitores que compôs a “Terceira Via” no 1º Turno e que, sem alternativa, aderiu a um ou outro candidato no 2º Turno, e agora se encontra como órfão abandonado. Para esse grupo deixo um conselho que julgo bem adequado: “[…] seja como uma moeda que de um lado mostra seu rosto e do outro o valor que você tem”.
Olhando para o futuro desse nosso País, faz-se necessário que venha a surgir no cenário nacional uma nova safra de políticos jovens, responsáveis, honestos, e inteligentes, voltados para o fiel cumprimento dos preceitos que rezam na Constituição. Com um adendo importante: sem as vaidades desses que a gente já está cansado de ver, habituados à prática de que um faz e o outro desfaz, um coloca algo em ordem e o outro vem e diz estar tudo errado, numa clara forma de se ver, também, as duas faces de uma moeda que não convém a uma Nação dessa grandeza!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 08/01/2023
6 Comentários
Os dois lados da moeda!
Gostei do título.
Além de relatar o momento de transição que estamos assistindo, ganhei uma aula grátis de história sobre o significado do título que é praticado em outros países.
Entre esta prática, lembrei de um detalhe muito comum, que é o inventário feito pelo governo que sai (normalmente exaltando deixou tudo em ordem) e o relato que normalmente é feito por quem entra (principalmente se for um governo da oposição) relatando que encontrou o país (ou estado) em frangalhos. Vejam a declaração do Bolsonaro em 07/01/21, se referindo a uma conversa com o Paulo Guedes: “O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus (o Sars-CoV-2) potencializado pela mídia que nós temos aí, essa mídia sem caráter’, disse o presidente a apoiadores”. Para contrastar (a diferença é que não se trata de economia e sim com os cuidados do palácio, vejam o depoimento feito pela primeira-dama à GloboNews: “Janja mostra os danos que encontrou no Palácio da Alvorada, A primeira-dama convidou a GloboNews a visitar a residência oficial do presidente e mostrou tapetes rasgados, janelas quebradas e infiltração”.
Pode??
Belo Artigo. Por todo contexto o melhor comentário está nas suas entrelinhas, quando de forma inteligente diz: tanto um como outro que entra e sai, cada um, tem sua face como as moedas.
Muito bom! Bela reflexão. (Salvador-BA).
Muito bom! Parabéns, amigo! Excelente crônica, sobre uma coisa que entra um sai outro e não mudam a postura. Oxalá, apareça alguma novidade, em matéria de candidato, nas próximas eleições. Enquanto isso, ficamos na torcida por dias melhores. (Rio de Janeiro-RJ
Esse histórico da moeda. Foi longe hein, véi! (Salvador-BA).
Interessante o relato sobre os dois lados da moeda pelo mundo. Quanto ao Brasil esperar que surjam representantes congressuais honestos, puros e decentes, pela longa história nacional, não passa de um desejo ou quimera quixotesca e comprovadamente irrealizável.
Somos um país dos desastres repetidos em sua decrépita história sempre caótica, conturbada e desastrada. Nunca deixamos de ser uma colônia submetida aos mandos e desmandos de forças externas.
E os fatos, dolorosos, comprovam isso de forma clara e incontestável. Quantas gerações, desde o ano de 1500, morreram esperando mudanças que nunca aconteceram e, pelos fatos históricos, coisinha de ‘apenas’ 522 anos, nunca acontecerão. (Brasília-DF).