O lance que eliminou o Brasil da Copa de 2022
Na mesma proporção e intensidade com que o sonho do título mundial foi construído, de repente uma simples bola na trave desfez todo o encanto gerado pela Copa de 2022! A eliminação surpreendente e antecipada da seleção, determinou que, lentamente, o Brasil voltasse à realidade, e a vida nacional recomeçou a caminhada na direção da normalidade. No entanto, a plenitude só será alcançada após a partida final no dia 18/12, porque, até lá, cada brasileiro escolheu uma seleção para torcer e se consolar.
Como a frustração repercute sempre com uma dimensão desproporcional, eis que milhões de técnicos surgiram em todo o País, cada qual com a sua crítica mordaz, e o respectivo melhor caminho que devia ter sido seguido, tanto pelo técnico como por alguma estrela do time. Essa foi uma história que se repetiu mais uma vez, porque só a vitória supera todos os anseios. É preciso entender que já ganhamos cinco títulos, e que as outras nações alimentam os mesmos desejos de conquista, e que isso só não basta!
A copa é um torneio que envolve as principais Seleções de futebol do Mundo – lamentável a ausência da Itália, que não se classificou -, com uma curtíssima duração de 28 dias, e que merece o aplauso pelas regras estabelecidas e a eficiente estrutura da programação concebida pela FIFA.
Oxalá as festas natalinas e de fim de ano, como sempre acontece, tragam as alegrias e o conforto espiritual que todos desejam, além de revigorar no íntimo de cada brasileiro a esperança de novos tempos e as energias necessárias à superação das dificuldades deixadas pela recente pandemia, que ainda persiste.
Que os caminhos a serem trilhados pela política e pelos políticos a partir do novo Governo, sejam inspirados nas nobres regras do respeito ao direito e à liberdade, sempre sob a égide da Constituição Federal que disciplina os limites dos Direitos e Deveres do cidadão, da coletividade e das Instituições, em geral. Que os princípios democráticos permaneçam invioláveis em todas as circunstâncias, e que não se perca a consciência da necessidade urgente de uma Reforma Política que venha estruturar e fortalecer mais o sistema. Que se reduza o gigantismo do Poder Legislativo em todos os seus níveis, mas, principalmente, a exagerada quantidade de Parlamentares da Câmara de Deputados (513) e do Senado Federal (81)!
No instante em que esta crônica já estava concluída e nela reclamava da falta de atitude de integridade e respeito para corrigir a indecência praticada no Congresso Nacional, com o uso da tal Emenda do Relator, também conhecida como “Orçamento Secreto”, eis que nessa sexta-feira 16/12, o Congresso Nacional, açodadamente, discutiu as regras existentes e aprovou, com relativa urgência, mudanças substanciais na Lei existente. O texto do relator, senador Marcelo Castro (MDB-PI), prevê “novas regras de distribuição dos recursos das emendas de relator, critérios de proporcionalidade e impessoalidade. Os recursos previstos para 2023 estão em torno de R$ 19 bilhões”.
Também os critérios de aplicação dessa verba sofreram alteração substancial. Ao invés de 100% do Orçamento Secreto permanecer com a sua distribuição administrada ao bel prazer do Deputado Relator, agora passará a ser da seguinte forma: 80% para uso dos Partidos; 15% a critério dos Presidentes da Câmara e do Senado; e 5% para uso do Relator. Passa a exigir, também, que haja definição da finalidade das verbas, o que extingue com a indecente falta de transparência anterior.
Interessante é que, enquanto tudo isso acontecia no Congresso Nacional, ao mesmo tempo a Constitucionalidade ou não da Lei estava em julgamento no STF devido à falta de transparência no uso dessas verbas. Exatamente no mesmo dia a votação parcial no Tribunal já estava com 5 x 4 a favor do reconhecimento de inconstitucionalidade. Como a votação foi interrompida faltando 2 votos e será retomada na segunda-feira, 19/12, não se sabe se o STF adotará um novo posicionamento, face à decisão do Congresso.
Então, diante de todos esses imbróglios, por que ficar triste e abatido com “A BOLA NA TRAVE QUE ADIOU UM SONHO”, se nós brasileiros temos tantos outros motivos para estarmos deprimidos, a exemplo desse modelo de corrupção oficializada, até agora praticado pelos nossos legisladores?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 18/12/2022
6 Comentários
Caro Agenor, bom dia!
A apenas pelo fato do Congresso ter se reunido em plena sexta-feira, já um belo motivo para colocarmos “as barbas de molho”, pois outros motivos podem surgir e ficarmos ainda mais deprimidos.
Muito bom! Parabéns. Pura realidade. (Salvador-BA).
Pura verdade, sobretudo em relação ao nosso congresso e políticos em geral. (Miguel Calmon-BA)
Parabéns! Esse Brasil Brasileiro gosta é de samba e pandeiro amigo. Sei que é difícil, mas prefiro continuar acreditando, que podemos melhorar. (Rio de Janeiro-RJ).
Lindo texto! Os fatos é que não permitem ser um texto só de notícias boas e inovadoras. Lamentável mais uma vez nosso sistema político manipulador. (Salvador-BA).
Parabéns por mais um artigo sensato e verdadeiro, felizmente no final do julgamento do STF prevaleceu a decência, ou seja, por 6 x5 o famigerado orçamento secreto foi considerado inconstitucional.