Foto da Tribuna de Honra: Presidente da Guiné-Bissau, 1ª. Dama Michele, Presidente Bolsonaro, Empresário Luciano Hang, Presidente de Portugal e Vice-Presidente Mourão
A população brasileira um pouco mais amadurecida, ou a juventude habituada à leitura dos registros históricos, certamente não imaginava ver uma comemoração da Independência do Brasil tão fora de contexto e diferenciada do modelo cívico-patriótico de que sempre se revestiu, como os acontecimentos desse último 7 de setembro. Claro que me refiro às Capitais onde o Presidente participou dos festejos: Brasília e Rio de Janeiro. Nas demais capitais de outros Estados e cidades do interior, a festa transcorreu com a normalidade de sempre, para o deleite das famílias que se deslocaram para assistirem aos desfiles cívicos no padrão tradicional e normal como as comemorações devem acontecer.
Além do mais, esqueceram da importância de que a data se revestia, pelo fato do Brasil comemorar 200 anos de sua Independência! Em nenhum discurso do Presidente foi possível ouvir qualquer enfoque de civismo ou de realce à importância da data! A preocupação era mandar recados indiretos aos desafetos, esquecendo-se do respeito que a data merecia.
Ficou muito evidente de que o interesse eleitoral se configurou como a prioridade no 7 de setembro. Ao desprezar os valores de tão significativa data, foi cometida uma estupidez perante a Nação.
Gostaria de que o tema da crônica da semana fosse mais ameno e estivesse em absoluta sintonia com as expectativas festivas esperadas para o dia 7 de setembro. Contudo, a politização excessiva de tudo nesse País, transformou a festa num grande palanque político, corroborado pelo fato de o Sr. Presidente usar palavreado chulo e inadequado nos comícios, atitude que se tornou uma característica marcante.
Claro que o leitor que não acompanhou o desenrolar dos eventos em Brasília e Rio de Janeiro, estará surpreso com o sentido desta crítica. Reconheço que o Presidente, embora apareça em segundo lugar nas pesquisas, consegue atrair grandes multidões de apoiadores nessas ocasiões. Justamente por isso, deveria primar por melhorar o seu linguajar, tratando de falar em projetos futuros de governo e não dizer que “falo palavrões, mas não sou ladrão”, assim como, também, não comparar a beleza e qualidades da sua esposa e 1ª. Dama, com a mulher do outro (referindo-se à esposa do Lula), concluindo com um longo beijo nada artístico. Pelo menos esse atípico comportamento em Brasília não foi na Tribuna de Honra, e sim durante o comício após encerrado o desfile.
Mas, o cúmulo dos absurdos, foi o grave excesso de machismo exibido, quando se considerou “imbrochável” e fez coro com a multidão em alto e bom som! Condutas intoleráveis para um Presidente! Principalmente porque, vídeos e imagens correm o mundo todo, e lá fora não se quer saber da vida intima de ninguém… Então, como se diz, “deu ruim ou ficou feio”.
Ora, como se isso não bastasse, o clima de desarmonia existente entre os Três Poderes fez com que não comparecessem à Tribuna de Honra os Presidentes da Câmara de Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. E como prova da politização atribuída à festa, o amigo particular e apoiador, o empresário Luciano Hang, da Havan, ocupou o lugar de honra ao lado esquerdo do Presidente Bolsonaro, quando, pelo protocolo oficial, ali deveria estar um dos Presidentes dos Países presentes na Tribuna, – especialmente o de Portugal -, ou até mesmo o Vice-Presidente Hamilton Mourão. Uma gafe ou abuso de autoridade? No mínimo, deselegante!
Lembrando que vários países enviaram mensagens simpáticas de respeito e solidariedade ao Brasil nos seus 200 anos de Independência, alguém da Assessoria precisa informar ao Presidente, de que a condição de candidato não o desvincula da responsabilidade de ter de cumprir o ritual inerente ao cargo. A continuar usando um palavreado impróprio e inadequado durante a campanha que resta, estaremos diante do perfil avesso de um candidato, assim como ocorreu com “O LADO AVESSO DO 7 DE SETEMBRO!”
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 11/09/2022
10 Comentários
Um termo muito utilizado no âmbito político é a “liturgia do cargo”. O ex-presidente José Sarney (1985-1989) cunhou e popularizou a esta expressão para definir o ritual da função que lhe caiu ao colo com a morte de Tancredo Neves.
Daí, entendemos que, todos nós, ao exercer um cargo em uma empresa seja ela privada ou pública temos que tomar cuidado com os nossos comportamentos, desde o vestuário, até as atitudes dentro e fora delas.
Com o advento da internet (que se tornou uma realidade – queiram ou não), é comum expormos nas redes sociais, a nossa vida de forma desreguladas. Claro que gostamos de eternizar os momentos felizes, ou mesmo aqueles que apenas nos deixam bem perante aos outros.
Contudo, é importante lembrar que estamos sendo vistos e julgados pelos nossos amigos e também pela opinião pública.
Por isso, é prudente ter todo cuidado com a nossa postura e comportamentos em todos os lugares, preservando e respeitando a “Liturgia do Cargo”.
Apesar de votar com ele essas suas atitudes foram simplesmente ridículas… Parabéns pelo texto, amigo Agenor. (Salvador-BA).
As suas palavras dizem tudo a respeito do cidadão nas comemorações de 200 anos de nossa Nação que ainda não se livrou da Ignorância e falta de Moral de um governante. (Rio de Janeiro-RJ).
Lembro do meu orgulho quando estava me preparando para o desfile cívico. Na época que servi o exército este orgulho era potencializado. Lamentável o que vimos este ano, mas já era previsto. (Salvador-BA).
Perfeito! Disse tudo! (Brasília-DF).
Falta todo tipo de qualificação necessária pra esse cidadão comandar nossa nação. (Salvador-BA).
Texto muito bem escrito. Concordo plenamente. Parabéns!!! (Salvador-BA).
Parabéns! Irretocável, Agenor. Mas, esperar de um canalha como o atual presidente, algo diferente do que nos foi exposto? (Salvador-BA).
Acredito que tais atitudes e palavreado divorciados do civismo, da ética e da moral, devem-se a alguns fatos:
1 – face ao hábito de caserna, atraindo o que diz a sabedoria popular: “Costume de casa vai à praça.”;
2 – falta de um Assessor rigoroso e exigente que oriente e mostre ao Presidente que o palanque, principalmente, em um evento cívico, não o “fundo de seu quintal”, ou,
3 – em última análise, o Presidente, além de estúpido, é teimoso.
Entendo que, mesmo que o palavrório inadequado tenha sido pronunciado fora do palanque oficial das comemorações, como veiculado via zap, a situação e a posição em que ele se encontra não permitem tais comportamentos. (Maceió-AL).
Parabéns! O comportamento desse senhor é lamentável. (Rio de Janeiro-RJ).