Com a aproximação da data das eleições de 2022, e a partir do momento em que o Calendário Eleitoral faculta a propaganda política através de todos os meios de comunicação, também começam, sempre, os debates entre os candidatos realizados pelas redes de televisão. Esse é um instrumento de grande relevância porque faculta ao eleitor a oportunidade de um melhor conhecimento do desempenho e capacidade dos candidatos, e aos analistas um vasto material crítico sobre o perfil de cada um deles. E o que estamos assistindo?
Apesar das perspectivas positivas oferecidas pelo debate público, a repercussão nem sempre corresponde plenamente às expectativas, e isso é perceptível não só por parte dos eleitores, como pela diversidade da avaliação dos cientistas políticos. Como a eleição no Brasil está totalmente polarizada entre Esquerda e Direita, esse fato despertou um grande interesse não somente por aqui como na mídia internacional, que analisou com certo rigor o desempenho dos candidatos, com ênfase no particular duelo entre o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Presidente Jair Bolsonaro.
A radicalização entre os dois, era o foco inevitável e esperado por motivos muito evidentes. Só leigos não imaginavam que o envolvimento do PT e do Governo do Lula com a corrupção que escandalizou o Brasil e o Mundo, iria provocar vexames e deixar o Lula pouco à vontade perante os seus inquisidores. Tanto isso é verdade, que o candidato petista tem encontrado fortes rejeições em algumas localidades por onde passa.
Do outro lado, o Bolsonaro, com dificuldade em contornar os excessos cometidos em palavras às vezes agressivas com as mulheres, e a infelicidade do enfrentamento desprezível da Pandemia na sua fase inicial em 2020, quando as mortes já aconteciam e a apelidou de “gripezinha”, além de acrescentar outras ridículas preciosidades: “vai morrer mesmo muita gente “; “se tomar vacina e virar jacaré, não tenho nada com isso”; “o cara que entra na pilha da vacina é um idiota”; “vai comprar vacina. Só se for na casa da sua mãe”, entre outras expressões impensáveis, inacreditáveis e desrespeitosas, para estar saindo da boca de um Presidente da República! Quando o Presidente disse essa última pedrada, o número de mortes no País já atingia 261.000 brasileiros! E o resultado todos sabem: o número alarmante de mortes no país, a essa altura atingindo 685.000 vidas!
Evidentemente, que o debate é uma oportunidade ímpar para lambuzar a imagem dos candidatos participantes, sobretudo, quando já existem antecedentes que os maculam. Mas, o eleitor que se sentou durante quase três horas para ouvi-los, tinha uma ansiedade muito maior do que ouvir palavreados inadequados, ou perguntas capciosas que visam atingir a vida pessoal e íntima dos candidatos, assim como a deselegância ocorrida entre Bolsonaro e Ciro Gomes, provocada por uma pergunta inicial do Presidente. Ou seja, o resultado desses debates é nada vezes nada, para sermos mais exatos.
Não obstante seja desagradável dar ênfase a esses pontos negativos, eles se impõem, contudo, pela contraposição que representam aos verdadeiros objetivos e princípios que regem a razão de ser dos debates, quais sejam apresentar os fundamentos dos projetos de Governo de cada um, e não usar o espaço para lavar roupa suja, priorizando buscar na vida privada do opositor os elementos que visam jogar na vala comum a imagem pessoal dos competidores.
Se continuarem permeando por esses caminhos, o desempenho dos senhores candidatos não oferecerá resposta plausível à inquietante pergunta: ESTÃO DEBATENDO MESMO, O QUÊ?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 04/09/2022
10 Comentários
Caro Agenor, você foi cirúrgico ao dizer “que o debate é uma oportunidade ímpar para lambuzar a imagem dos candidatos participantes”. Realmente tem sido. Aos debates (embates) que tenho assistido, no final eu tenho feito a mesma pergunta sugerida por você: O que eles estão debatendo mesmo? Com tanta lambança, eu ainda não cheguei a uma conclusão.
Visão correta. Ao invés de apresentar propostas os candidatos gastam seu tempo para denegrir a imagem do outro. É como se dissesse, votem em mim porque sou menos pior. Comecei a assistir o debate da BAND, porém desisti ao perceber que os candidatos, ao invés de responder a pergunta que foi formulada, enveredavam por outros temas de seu interesse. No caso de Lula, por exemplo, quando perguntado sobre a questão da corrupção, passou a falar de suas revelações. Perdeu uma grande chance de efetuar seu pedido de desculpas e esclarecer o que poderá ser feito para evitar casos futuros. Enfim, tudo muito lastimável. (Salvador-BA).
Muito bom! Não apresentam um plano de governo convincente. Visando melhorar a Saúde, Educação e a Segurança no País. Ficam fritando uns aos outros e só. (Rio de Janeiro-RJ).
Muito boa! Meus parabéns! (Salvador-BA).
Estão em debate a Hipocrisia dos que só pensam em se enganar a população que talvez mais ignorante por falta de Educação e Moral desejam o melhor para si próprio. Deus Nosso Pai está de olho. (Rio de Janeiro-RJ).
NA VERDADE… vamos direto ao assunto. Eles não estão debatendo nada vezes nada mesmo!!! Ou seja, é bate boca inclusive mal conduzido pelos apresentadores tendenciosos que deveriam ter um pouco de sensatez e saber que do outro tem pessoas inteligentes. TOMEM JEITO RAPAZES!
Digo: …saber que do outro lado tem pessoas inteligentes.
Só para lembrar, com a sua devida licença, quem classificou a COVID como “gripezinha” foi o Dr. Drauzio Varela. Abração.
Ivan Frank
Sinceramente, se houvesse uma terceira opção que pudesse entrar no páreo, em igualdade de condições, esta seria a minha escolha. Porém, não existe, como jamais existiu (que eu lembra). As eleições polarizadas para Presidente da República sempre existiram no Brasil.
Enviei uma mensagem pró Bolsonaro, ou r contra Lula, para um colega, e
recebi uma resposta falando da inabilidade do Presidente perante a pandemia, além de dizer que a eleição do Lula, no segundo turno, é inevitável. E me perguntou se eu era dos que acreditam que o Institutos de Pesquisa estão mentindo. Eu, respondi somente que: a inabilidade do Bolsonaro não foi pior do que a habilidade do Lula, que transformou um filho catador de estercos no zoológico em bem um fazendeiro de sucesso e o outro, de motoboy da OI passou a sócio majoritário desta Empresa. Disse mais, que os Instituto de Pesquisas não mentem, eles são manipulados, haja vista as multidões que acorrem aos eventos com a presença do Bolsonaro não mostram isto.
Acredito que aqui cabe evocar a bíblica colocação de Jesus: “Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.”
Sempre com excelentes artigos. (Salvador-BA).