Outrora, num passado ainda lembrado por muitos dos leitores, nos bons tempos em que no ensino constavam matérias e livros como “Educação Moral e Cívica” e “Organização Social e Política Brasileira-OSPB” – que durou no currículo escolar de 1940 a 1993 -, e que deveria ter perdurado no Ensino Fundamental dos dias atuais, guardamos um aprendizado que marcou a formação de muita gente pelo respeito cívico à pátria e aos seus símbolos fundamentais. Essas disciplinas deveriam ser eternizadas no ensino, visto o elevado grau de importância que representaram na formação do caráter patriótico do cidadão brasileiro.
Nesse tempo o dia 7 de setembro era esperado por crianças, jovens e adultos como uma data reverenciada porque lembrava um Brasil que um dia lutou pela sua independência. Sim, lutou, porque muitos pensam que o grito histórico de “Independência ou Morte” proclamado por D. Pedro I, em 1822, foi apenas uma frase que selava a separação definitiva do Brasil Colônia do Reino de Portugal, como uma dádiva gratuita, mas não o resultado de lutas localizadas pela independência, como ocorria em Pernambuco e na Bahia. Desde 1946, por lei federal, a data foi transformada em feriado nacional.
Como era motivo de alegria para as famílias se deslocarem ao centro das cidades e assistirem com respeito e admiração aos desfiles militares e das escolas! Que emoção era ver o desfile da Bandeira do Brasil garbosamente conduzida no desfile e ouvir o canto vibrante do Hino Nacional! Sim, são recordações de um passado que não voltará, jamais! O tempo mudou ou as pessoas mudaram. Não se sabe, se para o bem ou para o mal, mas de uma coisa temos certeza: essas Disciplinas fazem falta na grade escolar dos dias atuais…
Talvez, alguns poucos possam perguntar: “Mas, porque tanto desencanto?” E o autor responderá com segurança e convicção de que estão, maldosamente, reescrevendo a História do Brasil, com a tinta do desprezo e do desrespeito às tradições cívicas. Não mais se convoca o povo para uma festa pública de valorização dos símbolos nacionais ou mesmo a lembrança de que estamos comemorando 200 anos da Independência da Pátria. Perceberam alguma ênfase ou motivação nesse sentido? Ou seja, 200 anos não são 200 dias, portanto, uma reflexão maior sobre essa data merece nossa reverencia.
Inversamente, todavia, está virando lugar comum transformar a data de 7 de setembro em Dia de Manifestação Política de interesses exclusivamente partidários e eleitoreiros, em todas as Capitais, ocasião em que o povo está sendo convocado para ouvir a pregação do ódio e da desarmonia, além das ofensas agressivas às Instituições da República, algo antes nunca visto.
Atualmente, pode até não ocorrer a corrupção nos cofres públicos como dantes, como tentam convencer a nação, e alguns até acreditam. Contudo, nada mais real e verdadeiro é que estão corrompendo os bons costumes, e transmitindo abundantes maus exemplos de cidadania aos nossos jovens. Que o próximo 7 de setembro será o “Dia do Grande Comício” da Direita e da Esquerda, cada um dizendo mais mentiras e enganação do que o outro, em todo o País, disso não tenho dúvidas! Chega a ser incoerente e vergonhoso tudo isso!
Vamos acreditar que um pouco de equilíbrio, respeito e moderação estejam presentes nas prometidas manifestações do dia 7 de setembro, sem os excessos que ferem os princípios democráticos que tanto reclamam. Que nos 200 anos da Independência da Pátria, não tenhamos motivos para nos envergonhar, mais ainda, perante o mundo.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 21/08/2022
11 Comentários
Que bom que (ainda) temos pessoas que vivenciaram os “7 de Setembros” antes de 1993, capazes de dar uma aula de Educação Moral e Cívica como fez o escritor, a quem eu faria outra pergunta: De quem parte o rancor explícito de tanto ódio? Tenho visto esta expressão ser utilizada por ambas as partes (situação e oposição), ao ponto de confundir os eleitores, entre os quais eu estou inserido.
Realmente as disciplinas de Educação Moral e Cívica e OSPB são muito importantes. Deveriam ter sido mantidas na grade curricular das escolas. Acho também que a Segurança do Trabalho deveria ser uma disciplina curricular, desde o ensino médio até o nível superior.
Outro ponto de vista que defendo, é a questão do Político (Vereador, Prefeito, Governador, Deputado, Senador e Presidente). Penso que Política deveria ser uma profissão, igualmente as demais, regido por Ordem ou Conselhos profissionais, órgãos para definir as regras para o exercício da profissão, como por exemplo os que regem para Advogados, Administradores, Engenheiros, Médicos, Dentistas etc. etc. etc. Os privilégios que atualmente desfrutam os políticos, é uma grande injustiça com o povo brasileiro.
O Brasil precisa de uma reforma Política e Administrativa JÁ! Esse seria o primeiro passo para nos tornarmos uma Nação mais próspera. (Salvador-BA).
Muito bom! Quanto aprendizado em EMC e OSPB. É uma pena, conforme o amigo comentou, que não façam mais parte da grade escolar. (Rio de Janeiro-RJ).
Em primeiro lugar eu estudei essa disciplina, Educação Moral sivica.era muito boa pq deixava agente atual co,, m a Política, e todos os assuntos daquela época. Hoje as cidades mal comemora as datas sivicas, é mais por obrigação. (Irecê-BA).
O grito de independência sempre foi o grito dos excluídos, do povo, da nação, mas hoje representa uma manifestação de um presidente que deveria ficar na história dos 200 anos de indecência, mas vai ficar como o dia do bobo da corte que corre atrás de manifestante para tomar o celular e receber mais um apelido, agora será eternizado como “Tutchuca do Centrão”. (São Desidério-BA).
Bom dia, caro Ir.’. Agenor.
Mais uma vez a minha admiração como você enfoca, em suas crônicas, temas ligados à cidadania e ao amor à pátria. Um grande abraço. (Goiânia-GO).
Aprovado, Agenor.
Contudo, no Colégio Central, onde estudei, um professor de história nos revelou que o grito de “Independência ou Morte”, nunca foi pronunciado Segundo esse professor, que nos revelava coisas ditas de forma diferente, Essa história de Independência ou Morte é montagem para ilustrar os anais da história nacional.
Outrossim, penso eu, a efetiva independência do Brasil foi em 02 de julho de 1823, com a nossa extraordinária festa do “2 de julho”, cujos mártires como Maria Felipa e madre Joana Angélica, além tantos outros que sacrificaram suas vidas pela nossa independência, inclusive usando até cansanção no combate aos soldados portugueses e até incendiando navios lusitanos. Outro fato: o nosso Aeroporto, por culpa de políticos de modo geral, deveria permanecer como 2 de Julho, em lugar do culto à personalidade do Luiz Eduardo Magalhães, contra o qual nada tenho contra.
É como eu vejo a data da nossa independência do domínio português. Mas as motociatas, cavalgadas e, provavelmente, desfiles de sky, bem como apresentações de paraquedistas e veículos militares, por certo serão levados a termo pelo atual detentor do poder no Alvorada, como forma de mostrar seu poderio. (Salvador-BA).
Bravo irmão, a vossa explicação sobre a nossa Independência sobrepõe ao ao que se fala de Democracia que é Independência e não Ódio, Vingança e Ganância para fins próprios. Viva o Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho de Jesus Cristo. (Rio de Janeiro-RJ).
Verdade. Lembro do meu orgulho ao me arrumar para participar do desfile de 7 de setembro….
E quando estava no Tiro de Guerra, então, este orgulho foi triplicado. Realmente uma pena esta total deturpação de uma data, simbolicamente, tão importante. (Salvador-BA).
Caríssimo Irmão Agenor. Muito oportuna e feliz crônica. Antigamente eu ia com os meus filhos, ainda pequenos, para assistir à parada do 7 de Setembro. Eu trabalhei com um presidente do Banco (também funcionário de carreira, antes havia sido Contador Geral e, depois, Diretor Administrativo), Dr. Oswaldo Roberto Colin, catarinense de Joinville, que também valorizava o culto aos símbolos nacionais. Ele me contou que ficou impressionado com o civismo dos uruguaios quando foi inaugurar uma agência do BB em uma cidade fronteiriça ao Rio Grande do Sul. O prefeito chegou com um toca-discos e colocou o hino do Uruguai, todos os presentes se postaram em atitude respeitosa, com mão sobre o coração e cantaram entusiasticamente o hino. Tinham um profundo sentimento de civilidade. Ele tentou estimular este sentimento por aqui. A Gráfica do Banco imprimia cadernos com alguns hinos (nacional, hino à bandeira etc.) nas contracapas, para distribuição gratuita pelo Brasil afora. Mandou, também, imprimir partituras do Hino Nacional para distribuir nas pequenas bandas desse vasto interior do Brasil. Criou, também, um FUNDO para incentivar o espírito comunitário (é uma história grande que vou contar oportunamente), baseado no que acontecia na sua terra (Joinville, de formação alemã), onde o Corpo de Bombeiros, a Orquestra Sinfônica, por exemplo, são privados (sem ajuda do Governo, mantidas pelas empresas locais, como CÔNSUL, TIGRE, etc.). Lá existe um Conselho Comunitário que decide o que interessa para o Município e passa para o prefeito e o Deputado Federal e Estadual da região o que o Município quer para que eles trabalhem verbas locais, estaduais e federais para os projetos selecionados pelo Conselho constituído de representantes do povo. Infelizmente ele tentou, conseguiu em alguns municípios, mas não conseguiu na dimensão que pretendia. Parabéns. Fraternal abraço. (Brasília-DF)..
TUDO MUITO BEM DITO, e explicado. Ou seja: antigamente o respeito era mais utilizado que atualmente. Então só nos resta sentir saudades da caderneta da bodega e dos homens de palavra e moral ilibada. Quanto as Disciplinas de Moral e Cívica e OSPB realmente nos deixavam melhor preparados para o civismo e conhecimentos sobre como funciona as estruturas dos governos.