Reunião do Presidente com 40 Embaixadores
Em ano eleitoral, é inquestionável de que teremos sempre à disposição as cenas mais fantasiosas e inusitadas possíveis, inspiradas no desejo de manter sempre acesa a chama da campanha política e o envolvimento constante dos seguidores ou partidários dos candidatos. Obviamente, que seria mais interessante – e até mesmo mais empolgante -, se nesse contexto fosse estimulado o debate permanente em torno de ideias, pontos importantes de cada projeto político e até mesmo focos ideológicos, e não vagas e improdutivas abordagens de assuntos nada construtivos, como tem ocorrido. Na verdade, o que mais se ver são encontros do populismo e populares, para ouvirem nada com nada dos senhores candidatos, os quais ensaiam, costumeiramente, o que dizer para o deleite das massas.
Um tema que vem ganhando espaço, é o uso e liberação da venda de armas no país, mesmo com o péssimo exemplo vigente nos EUA, onde a venda é livre e são frequentes os crimes praticados por “assassinos em série” em escolas, supermercados e vias públicas, cujas narrativas indicam que os criminosos acabaram de comprar a arma no balcão de uma loja autorizada. E há candidato aqui que defende essa liberalidade…
Em meio a esse universo eleitoral vazio de argumentos convincentes, ora existente, estamos a apenas 70 dias para as eleições e com poucas perspectivas de que venham a ocorrer os tradicionais debates televisivos, com a participação de “todos” os concorrentes. Enquanto isso, assistimos o Presidente da República, pré-candidato à reeleição, convocando um encontro com os Embaixadores de 40 países, não para estimular as relações diplomáticas, comerciais e políticas entre as Nações, mas para desqualificar e anarquizar com o sistema eleitoral brasileiro. E os embaixadores entraram calados e saíram em silêncio absoluto. E é unanimidade o que se diz: quem foi à tal reunião nada entendeu nem procurou entender! Inacreditável!
Será que nenhum Ministro ou Assessor direto do Presidente, não o alertou que a forma de votar ou de escolher um Presidente e os demais cargos eletivos, é um assunto de natureza interna e de interesse apenas nacional, não sendo cabível esse tipo de envolvimento internacional? Além do mais, Presidente se reúne com Presidentes, e não com Embaixadores, porque, geralmente, essa escala hierárquica é sempre uma regra e princípio respeitados nas relações internacionais! Se teve a pretensão de algum ganho político, o resultado foi uma ação exatamente ao contrário do que se esperava, ou seja, “o tiro saiu pela culatra”!
Em respeito à postura que deve nortear a figura do Presidente da República, e sem qualquer restrição à sua candidatura, a qual ostenta 24 horas por dia, entendo que já é hora de o Presidente encarar uma relação de respeito diretamente com o STF, como uma Instituição que representa o Poder Judiciário, ou um dos Três Poderes da República. E como consequência, abandonar a querela de baixo nível no linguajar agressivo que mantém com os Ministros Luiz Fachin, Luiz Barroso e Alexandre de Moraes. Diálogo geralmente deplorável! Mas, sinceramente, o que se pode observar é que existe uma relação cada vez mais imprevisível e ninguém sabe aonde isso irá chegar!
Onde está o mérito de desqualificar um sistema através do qual foi eleito com quase 58 milhões de votos ou 55,13% da preferência do eleitorado? Se houve fraude na votação, e praticado por quem, nunca revelou porque não detém essas provas. O que pretende o candidato com essa postura recalcitrante e inconsistente é o que preocupa, efetivamente. Ressalte-se, que duas Nações ilustres participantes do Encontro – EUA e Reino Unido – emitiram comunicados elogiosos à qualidade do Sistema brasileiro de urnas eletrônicas!
Oxalá o ponto de equilíbrio dessa campanha seja encontrado e que o processo democrático se consolide com a realização de um pleito com vencedores que representem a vontade do povo brasileiro, e não com derrotados inconformados. Só que, pelo andar da carruagem, observa-se que existe aí uma guerra sem precedentes, mas, tomara que o pior não aconteça e a civilidade prevaleça, para o bem da nação.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 24/07/2022
8 Comentários
Parece-me nítido que o único interesse em desacreditar o sistema eletrônico de votação é lutar pela única forma possível de se manter no poder através de um sistema de votação que permita o retorno de práticas condenáveis como a votação em papel, onde um exército de aficionados de antolhos poderá “criar” o resultado desejado.
Insistir neste ponto soa patológico. Até mesmo os militares já se deram conta da enorme manipulação em estão sendo envolvidos com teses estapafúrdias de golpe. A conferir daqui a três mese’s. (Maceió-AL).
Continuo te acompanhando nas suas posições e concordando também. (Salvador-BA).
Boa explanação sobre a nossa conjuntura governamental. (Salvador-BA).
Finalmente, Agenor, um texto elogiável e digno de sua qualidade redacional.
Certamente, “o tiro saiu pela culatra”. Só temo as consequências dessa irresponsabilidade presidencial, presentes o Augusto Heleno e o Braga Netto, dois dos principais golpistas em atuação no país. Acredito na eleição do ex-presidente, mas receio que ele não governará porque o golpe está a caminho, sendo que, segundo alguns comentam, o novo presidente -após o golpe- seria um general da ativa. A conferir, futuramente.
Tudo que eu quero, nessas eleições é que os eleitores tenham um voto consciente. Naquilo que estão fazendo, para não se arrependerem no futuro. Tenha uma boa votação. (Irecê-BA).
Mas uma vez uma análise muito bem-feita da atual situação política do país. Já diziam os antigos cada povo tem o governante que merece. Espero que o povo tenha aprendido nesses 04 anos. Parabéns, Agenor. (Maracás-BA).
Parabéns!!!
Compartilho com todos seus apontamentos.
As sus afirmações através de constatação é digna de reflexão.