Praça Marquês de Pombal (1) – Praça do Comércio (2)
Além da enorme preocupação com a preservação da vida – do próprio, de familiares e amigos -, no trágico momento em que a Pandemia provoca uma devastação mundial, cada cidadão tem as suas particularidades no universo de sonhos, desejos e vontades ora frustradas. Por exemplo, para aqueles que se deleitam com os prazeres de viagens turísticas anuais, de vasto enriquecimento cultural, tem sido sofrido não mais poder realizá-las, até porque existe o bloqueio impeditivo para o acesso em alguns Países. Vale lembrar que lá fora a preocupação com o seu cidadão é muito diferente do que se passa por aqui…
Diante desse cenário, optei por me consolar revendo um artigo que produzi durante um passeio a Lisboa, Portugal, e que foi publicado neste Blog em 29/04/2012, nove anos passados, e que ora reedito para reativar, prazerosamente, a memória de todos nós, com um tema sempre em voga ou atual como queiram. Vejam a seguir:
“Imagino que seja uma emoção incomensurável para qualquer brasileiro ao pisar o solo português, e diante da contemplação da Torre de Belém relembrar que dali partiram os navios da expedição de Pedro Álvares Cabral que, por acidente ou não, veio a descobrir essa terra maravilhosa, e quase continental, que recebeu o nome de BRASIL. E como bom brasileiro senti agora essa emoção com grande intensidade ao revisitar este solo e ver o quanto está linda a cidade de Lisboa. Não somente empolgou-me a organização urbana da cidade, com seus evidentes traços da civilização européia, com suas avenidas belíssimas e uma atividade turística bastante profissional, mas, sobretudo, a atenção no trato e a cortesia dos portugueses, como se houvesse uma espontânea e natural empatia com os brasileiros. Subitamente me pus a pensar, por que não há um entrelaçamento natural e mais intenso nas relações entre os dois povos, visto os laços profundos de afinidade histórica existente?
De todo esse universo de pensamentos e reflexões, resolvo comprar um jornal local (Diário de Notícias, Lisboa, sexta-feira, 27/04/12), com o fim de ampliar os meus conhecimentos quanto ao cotidiano da cidade de Lisboa, sentir a cultura de sua gente e até mesmo identificar os seus problemas.
Para a minha grande surpresa, deparo-me diante da manchete de primeira página: “Ex-chefe das secretas e presidente da Ongoing suspeitos de corrupção” (órgão do Estado). Logo, procurei confirmar se havia comprado um jornal português ou brasileiro, dado o tema tão familiar e que domina as páginas dos nossos jornais diários, para concluir que estava mesmo em Portugal e o jornal era português. Pude constatar, com tristeza, que a corrupção é uma praga universal.
O outro lado da questão era descobrir se nesse contexto o Brasil era aluno ou professor, importador ou exportador dessa virose tão avassaladora que é a corrupção.
Da leitura do texto tomo conhecimento de que o modus operandi português é muito semelhante ao brasileiro, em que o tráfico de influência na esfera governamental envolvendo muito dinheiro em troca de cargos estratégicos resulta, como consequência, em contratos milionários que manipulam os recursos públicos, muito em evidência atualmente no Brasil com o episódio do Carlinhos Cachoeira, empresa Delta, etc.
Assim, concluo que, nem viajando 6.500 km de distância, nem voando a 12.300m de altura, em busca de novas experiências e enriquecimento cultural, é possível distanciar-me de praga tão nefasta quanto destruidora, e que, parece, está institucionalizada nos princípios e costumes das nações, o que confirma o adágio popular, no caso particular de Portugal e Brasil, de que se trata de uma herança que passa de pai para filho: A CORRUPÇÃO!”
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador – BA).
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 11/04/2021
9 Comentários
Lendo o seu artigo, fiquei a imaginar: Seria o Brasil Aluno ou Professor? Importador ou Exportador de corrupção? Não cheguei a nenhuma conclusão e me contentei com a dúvida que carrego até hoje, já que apesar do senso comum em dizerem que o ovo veio primeiro, há cientistas que afirmam que foi a galinha que surgiu antes de botar o ovo. Minha dúvida persiste.
Amigo Agenor, reli tua bela crônica; abordas, e o fazes bem, um tema universal, que fortifica em todas as esferas sociais, em quaisquer lugares do nosso planetinha – onde perdure a ética do ter, em detrimento da ética do ser. Isso é um tema para um bom bate-papo, quando pudermos, sem sobressaltos e tranquilamente, nos reunirmos. Parabéns pelo texto amigo. (Recife-PE).
Excelente, parabéns amigo! (Salvador-BA).
Caro Agenor. Isto é um problema do ser humano, logo, universal. O que varia é o tratamento dado aos que se corrompem. NO Japão um ministro diante das câmeras confessou-se culpado e deu um tiro na boca. Na China se condena à morte. Nos Estados Unidos, além da pena, o cidadão nunca mais pode se candidatar (O Nixon, por muito menos teve que renunciar e ficou no ostracismo). Em Singapura as penas são duríssimas, vão até a chibatadas em público. Aqui, depois de processado em primeira e segunda instância o ‘coitadinho” só pode ser preso depois que o Supremo, ninguém sabe quando, julgar e, frequentemente o processo se encerra por decurso de prazo e o camarada fica por aí desfilando de injustiçado e alardeando a sua inocência!!! Não raro quando é notório o comportamento do político, a massa que o reelege proclama o famoso ROUBA, MAS FAZ. viva o Brasil! Em 1808 o povo cantava nas ruas: (Brasília-DF).
QUEM ROUBA POUCO É LADRÃO
MAS QUEM ROUBA MUITO É BARÃO.
QUEM ROUBA MUITO, MAS ESCONDE
PASSA DE BARÃO PARA VISCONDE.
Muito bom! Parabéns. (Salvador-BA).
Dois pontos ressaltam de sua narrativa: “Recordar é viver.” e “Tal pai, tal filho.” Como de ampla sabença, os portugueses ensinaram, com grande maestria, aos brasileiros como se locupletaram com valores e bens que não lhes pertencem. Também, foi ensinada a arte de esconder para, empós, usufruírem dos furtos, haja vista a criativa utilização do “Santo do Pau oco”. (Maceió-AL).
Agenor, Caro e perfumado escriba.
Valeu sua viagem à bela e acolhedora Lisboa! Sei que para seu deleite, aquisição de novos conhecimentos e diversão. Claro, decerto não viajou 6.500 km de distância, a 12.300m de altura para descobrir uma nossa herança portuguesa. Mera coincidência em pleno século XXI. Quisesse mesmo buscar a origem brasileira da dita-cuja, bastaria ir à nossa “Certidão de Nascimento”, a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, em 1º de maio de 1500. No documento histórico, que comunicava ao rei português D. Manuel I o grande feito, solicita “um favor” para seu genro, Jorge de Osório, que foi preso por assalto a uma igreja e agressão a um padre fosse solto.
“Esse favor” é tido como primeiro registro oficial de corrupção em terras brasileiras. Assim Pero Vaz escreveu:
“E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que Dela receberei em muita mercê”.
O trecho em destaque é sempre apontado como augúrio do que se passaria no Brasil Colônia. Diversos autores assinalavam a corrupção explícita presente na administração colonial brasileira. (Salvador-BA).
Caríssimo cronista Agenor, de quem orgulhosamente sou editor!!Depois de cumprir o ritual dominical de ler e editar suas abalizadas crônicas, resolvi a deixar aqui um pequeno comentário sobre um dos parágrafos que trata sobre o famígerado c:ancer da corrupção. No prospero e simpático Portugal do qual fomos colonos meu caro Agenor, esta pior doença de todas as nações, através dos seus respectivos agentes causadores: vírus; bactéria, ou protozoários, vieram impregnados nos cascos da famosa caravela que atendia pelo nome de Santa Maria/Pinta Nina do descobridor deste aluno Brasil extremamente corrupto. Acredito que você deve ter lido a origem da expressão: Santo de Pau Oco, era a forma camuflada de se praticar a corrupção pelos nossos colonizadores. Eles Compravam uma carga de santos de madeira ou cerâmicas ocos e enxiam de pedras preciosas; outro dentre outras riquezas e ao passar nas alfândegas os ficais desejavam boa viagem sem desconfiar desconfiar de nada.
O negócio tem muito mais tempo, do que se imagina amigo! Pelo menos, imagino que a viagem tenha sido prazerosa!? (Rio de Janeiro-RJ).