Foto com o Presidente de Cabo Verde, África
Acredito que o destempero verbal não seja um detalhe inerente ao desempenho da função presidencial, apesar da frequência com que se repete no País. O fato de ressaltar tanto no perfil dos ocupantes do cargo por aqui, passa a convicção de se tratar de influências circunstanciais e emocionais impostas pela necessidade de massagear o próprio ego, ou de autoafirmação. Sobre isso, Salomão, filho e sucessor do Rei Davi, disse em Eclesiastes 1:2: “Vaidade de vaidades! Tudo é vaidade”.
Geralmente o povo acredita que o fato de chegar à Presidência, de repente o ocupante do cargo já se torna alguém superdotado, culturalmente perfeito e habilitado no domínio de todo o conhecimento indispensável ao bom desempenho da função. Assim, não admite a imperfeição e o descontrole verbal daquele que se habilitou, pelo voto, a ser o modelo e exemplo de integridade, e que deve usar do respeito e da indispensável parcimônia ao se manifestar em qualquer circunstância. Vale lembrar, que a educação se aprende na mesa da cozinha de casa, ou nunca mais!
Dentre tantas outras coisas que estão presentes de forma intensa e enfática, no julgamento atribuído pelo povo a um Presidente da República, está a observância das regras básicas de conduta, seja na execução correta dos seus projetos, como, principalmente, decência e respeito nos seus atos e palavras.
Não obstante muitos acertos, que não se pode negar, o governo anterior se notabilizou pelo destempero verbal e palavreado chulo do então Presidente, manifestando-se com desprezo ao comentar vários episódios, atitudes que estimularam um sentimento de revolta em muitos brasileiros.
O atual Presidente ainda não chega à mesma e exagerada dimensão no uso do palavreado de baixo nível, mas em seis meses de governo já começa a cometer gafes perigosas, e mais graves, pelo fato de cometê-las durante audiências e entrevistas nessas tantas viagens que realiza pelo mundo à fora. Recentemente, ao visitar o Presidente de Cabo Verde, na África, José Maria Neves, ao discursar Lula foi correto ao dizer: “Quero recuperar a relação com o continente africano porque nós brasileiros somos formados pelo povo africano. Nossa cultura, cor e tamanho é resultado da miscigenação entre índios, negros e europeus”. Perfeitas colocações. Mas, cometeu um pecado mortal, ao acrescentar: “Temos profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”. (Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/).
Num momento em que todo o mundo está uníssono na convergência pelo combate aos preconceitos raciais, é uma expressão infeliz e repulsiva agradecer ao Presidente de uma nação africana, numa visita oficial cheia de cordialidade, pelos benefícios trazidos ao País pela escravidão ao longo de 350 anos! Fala totalmente inadequada e antiética.
O fato surpreendente nesse imbróglio, é que tantas entidades representativas do Movimento Negro no Brasil, que sempre reagem abruptamente a tudo que se pareça com racismo, omitiram-se de qualquer manifestação pela simples razão de serem simpatizantes do atual presidente, mantiveram silêncio absoluto e nenhuma censura foi exibida contra o absurdo da inoportuna frase presidencial.
No sentido de suprir essas carências momentâneas, é que a função é cercada de uma gama de Assessores de alto custo e habilitados a passar ao Presidente – até mesmo ao pé do ouvido -, conselhos e informações úteis visando evitar o cometimento de falhas graves ou ridículas, como essa. Talvez a sua impulsividade e autoridade estejam se sobrepondo aos Assessores diretos que, muitas vezes, são constrangidos ao silêncio, da mesma forma como aconteceu com frequência durante o último governo.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 30/07/2023
6 Comentários
Caro Agenor, bom dia!
Não é a primeira vez (e não será a última) que você aborda o destempero nas falas e posturas de algumas pessoas que chegam ao cargo de Presidente da República. A liturgia do cargo exige que o líder de um país deve servir de exemplo na postura, tolerância, temperança e autocontrole. Nota-se que nada disto adianta, pois mesmo cercada de assessores habilitados a passar ao orador (até mesmo ao pé do ouvido) as informações necessárias para evitar falhas graves ou ridículas, como tantas outras que tem se repetido.
O PRESENTE ARTIGO, é uma verdadeira assessoria. Seria bom se eles vissem e tivessem a humildade de ler e compreender as dicas aqui contidas, para sugerir ao mandatário que, a educação com moderação tem um valor inestimável principalmente pela representação do cargo.
Concordo com a observação. A empolgação somada ao poder.O ex-presidente Michel Temer, mais preparado culturalmente, era moderado nas palavras e além de serem bem trabalhadas. (Salvador-BA).
Muito bom! Parabéns. (Salvador-BA).
Eis-me aqui, novamente, oferecendo meus parcos comentários sobre suas tão bem assentadas crônicas…
Não é novidade a vaidade e “necessidade de massagear o próprio ego, ou de autoafirmação”. Diametralmente oposto a Salomão, que, com humildade, pediu a Deus: “Dá, pois, ao teu servo, um coração compreensivo, capaz de discernir entre o bem e o mal…” (Reis 3.5.7-12)
Aliás, os eleitores do PT e os petistas sempre estão enganados. Estes predicados não fazem parte do acervo de nosso Presidente nem de seus asseclas.
“Temos profunda gratidão ao continente africano por tudo o que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país”… Isto, sim, é do feitio de nosso Mandatário maior!
Uma questão de conveniência… Quem está comendo propina não pode falar, pois, como aprendemos, “É falta de educação falar com a boca cheia.” Mas, quem sabe, em uma próxima oportunidade, quando a boca estiver vazia, virá o troco?
Seria o ideal, que fossem Assessores habilitados! Mas, não podemos esquecer que apenas os competentes são dotados destas propriedades… (Maceió-AL).
O presidente está no seu terceiro mandato e o que ele se manifesta está certo.
Você é um assíduo crítico de suas eventuais manifestações, sejam estas de quaisquer naturezas.. (Salvador-BA).