Nada incomoda mais as pessoas providas de qualidades de cidadania, do que presenciar cidadãos com comportamentos que agridem e desrespeitam a sociedade. Mais grave, ainda, é se observar que mesmo ao longo de uma década, o tempo não foi suficiente para a percepção de que algo mudou nesse aprendizado.
Com título quase semelhante, em 2013 ou 10 anos atrás, utilizei o tema para traçar uma reflexão do que acontecia no campo dos maus hábitos e maus costumes de então. O tema foi reforçado por outro título sugestivo: “RECICLANDO OS NOSSOS (MAUS) COSTUMES”. Na ocasião, foi divulgada uma pesquisa pública, a qual apontou, por ordem de classificação, o que mais indignava a população no campo desses maus hábitos: 1º) Jogar lixo em ruas e calçadas; 2º) Ignorar as leis do trânsito; 3º) Desperdiçar água; 4º) Não respeitar as filas; 5º) Não respeitar horários.
Certamente que as pessoas que primam por cumprir os deveres e respeitar os direitos, desejariam acumular todos os itens acima em “1º. lugar”, porque nada as deixam mais indignadas do que serem atingidas por cada mau hábito desses, isoladamente ou em conjunto, e isso é o que mais acontece cotidianamente. Fazendo um leve exercício de memória, qual o cidadão que saiu de casa para qualquer atividade e não testemunhou durante a sua jornada, desde a hora em que colocou os pés na rua, repetidas atitudes que ferem a dignidade das pessoas?
Ao caminhar pela via pública o cidadão quase sempre tem de contornar pilhas de lixo nas calçadas ou espalhados pela rua; carros estacionados sobre os passeios ou motoristas que teimam em não respeitar as faixas de pedestres; desperdício de água por toda parte; filas longas e tempo de atendimento superior aos 15 minutos fixados pela lei (no caso dos Bancos); descumprimento de horário de abertura do atendimento em repartições, porque o funcionário encarregado ainda não chegou ou está tomando antes o seu cafezinho e batendo aquele papo matinal sobre o futebol do dia anterior. Talvez os cinco itens pudessem ser ampliados!
Tratando-se do lixo, resultante do repulsivo comportamento das pessoas de tudo jogar nas vias públicas, não importa o nível social e econômico dos que assim praticam, é a prova mais que contundente de que a nossa educação precisa melhorar, e muito! Certamente que a escola atual tem um compromisso muito grande na formação dos jovens e cidadãos do futuro, mas a mídia, principalmente a televisiva, tem a obrigação, mais que urgente, de desencadear campanhas educativas para mudar o adulto de hoje, o que muito contribuiria, pelo bom exemplo, na formação das crianças e jovens. E quando falamos de campanhas educativas, é assim fazer, sem custos aos cofres públicos.
Todos os anos assistimos à repetição das tragédias das chuvas nas áreas urbanas, que trazem destruição e morte. Mas será que, irresponsavelmente, vamos jogar a culpa na natureza? Quantos canais e bueiros estão bloqueados pelo lixo jogado nas ruas, até mesmo por figuras de relativo poder econômico e social que circulam nos seus carrões importados e arremessam copos, latas de cerveja, jornais e tudo que não pode sujar o interior do seu veículo, mas pode enfeiar a cidade e causar o mau a tantas outras pessoas!
Certa ocasião ouvi uma frase de uma mãe, que ao se dirigir às filhas que degustavam sorvetes e picolés, orientou-as: “Não joguem os palitos e os copinhos na rua, que seu tio não gosta!”. Que bela oportunidade perdeu de educá-las num item fundamental da formação daquelas crianças! Não basta a educação escolar. A escola ensina e a família educa.
É preciso que a educação doméstica dê a sua forte contribuição na valorização de princípios básicos e elementares de cidadania, participando na construção de um Brasil do futuro de mais civilidade e cultura, ações que o Estado e as Prefeituras nunca conseguirão realizar sozinhos. Ainda falta muito para que uma educação de primeiro mundo chegue até aqui, portanto, resta-nos aprender todos os dias os PRINCÍPIOS BÁSICOS DE CIDADANIA.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 16/04/2023
9 Comentários
Caro Agenor, nunca é demais trazer um assunto como este, mesmo que alguém entenda que são repetitivos.
O que você está fazendo (alertando, se indignando ou informando), a meu ver, se enquadra nos contextos, já que a população encontra certa dificuldade para chegar a um consenso sobre o conceito de cidadania. Teoricamente, o primeiro e mais difundido conceito é o que remete ao conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive, o que infelizmente, poucos praticam.
Aprovado, Agenor.
Muito oportuna a lembrança de certos princípios que devem (veriam) ser observados. (Salvador-BA).
Esta sua bem posta crônica é, nada mais nada menos, do que uma lição de ética, educação doméstica e civilidade.
Desta vez, meus comentários não serão duros nem extensos. Digo, apenas, que é necessário que cada um dê sua contribuição, aplicando o que diz a sabedoria popular: “Se cada um limpar sua porta, em pouco tempo a cidade toda estará limpa.” (Maceió-AL).
Caro Agenor,
Sua habilidade de escrita e sua paixão pela causa da cidadania são inspiradoras e tenho certeza de que seu texto terá um impacto positivo em muitas pessoas. Espero que continue escrevendo e compartilhando suais ideias conosco.
Muito bom, amigo.
Realmente, o “combustível” para mover essa mudança dos hábitos, sem dúvida alguma, é a educação. Para isso, têm que mudar a atual liderança política em quase todos os estados do país. Lamentável o que estamos passando. Oxalá bons ventos retornem para aliviar e recolocar o país na rota da prosperidade. (Salvador-BA).
Bem assim meu caro professor, acho que seja uma questão de moral e bons princípios, reflexo da má educação, bom senso e civilidade (Uibaí-BA).
Parabéns! Costumo dizer, que bons hábitos e educação, são pra vida toda. (Rio de Janeiro-RJ).
NEIDIVALDO PINTO.
Conforme podemos observar na maioria dos comentários, A EDUCAÇÃO, é o principio, meio e fim de todas essas defeituosas maneiras e falta de bons costumes, infelizmente constatadas no comportamento de grande parte das pessoas.
No meu entender, para melhorar a população deverá ser mais consciente não jogar o lixo na rua. Ou as autoridades competentes. Agir com multas, pq quando doi no bolso a coisa anda. (Irecê-BA).