O Congresso Nacional e o corredor da morte dos hospitais lotados
A todo instante somos surpreendidos no noticiário diário da televisão por inúmeras reclamações da sofrida população brasileira necessitada de atendimento médico, e que se depara com superlotações nos hospitais, onde pacientes com fraturas expostas passam dias chorando as suas dores sobre macas, ou no chão dos corredores! Outros, comparecem no dia indicado pela Marcação para realizarem determinados procedimentos médicos de urgência, não são atendidos e, às vezes, são remarcados para seis meses depois…!
Mas esse sofrimento não é só de uma população carente que clama. As nossas autoridades federais, ministros, senadores e deputados federais, também são igualmente sofredores, coitados! Por qualquer problema de saúde, pensa o leitor que recorrem aos hospitais de Brasília, não! Logo são removidos por um jatinho da FAB para os Hospitais Sírio Libanês ou Albert Einstein, em São Paulo, onde são recebidos pelas melhores equipes médicas do País que, talvez, já os aguardem na porta do hospital! O sacrifício é que se deslocam para tão longe…! E quem paga esse atendimento preferencial? Nós, contribuintes.
Senão, vejamos, apenas para ilustrar, como são tratados os nossos 594 integrantes do Congresso Nacional. No Senado Federal, são 81 senadores. A assistência à saúde é vitalícia e abrange atendimento médico-hospitalar; médico-ambulatorial; assistência domiciliar de emergência, urgência, traslado terrestre ou aéreo; odontológico ou psicoterápico, inclusive no exterior.
Tudo isso sem nenhum gasto por parte dos beneficiados. “Um plano de saúde ilimitado, contendo verba para tratamento odontológico, faz parte do cardápio de vantagens que têm direito durante o mandato, e os benefícios se estendem aos dependentes. Ex-senadores também podem apresentar notas de até R$ 32.958,12 por ano com esse tipo de despesa. Os gastos atingiram uma média de R$ 4.411 milhões, em 2022. O plano de saúde do Senado beneficia, também, quem perdeu o mandato por quebra de decoro. Pode esse absurdo? Inacreditável, certamente dirá o leitor. Mas, é a plena verdade de uma realidade descabida, se brincar, só vista por aqui. Para onde vai a conta? Para o nosso bolso, posso lhe afirmar.
A Câmara de Deputados possui 432 Apartamentos funcionais à disposição dos 513 Deputados – por que tantos, meu Deus! – com móveis renovados a cada período. Os não beneficiados com o Apartamento, recebem um Auxílio-Moradia de R$ 4.253,00 por mês. Os Deputados e seus dependentes legais têm direito a atendimento no Departamento Médico da Câmara. Todo ex-deputado pode continuar utilizando os serviços do departamento. Se utilizarem a rede privada, podem solicitar o reembolso de despesas médico-hospitalares e odontológicas. O benefício não é extensivo aos dependentes. Imaginem: mesmo como ex-deputado, ainda é beneficiado. (Fonte: https://www2.camara.leg.br/).
São tantas e tão indecentes as vantagens que são atribuídas aos senhores parlamentares para o desempenho da função em Brasília, que mais parece integrarem uma casta de “reizinhos”, que não sei se nas maiores monarquias do mundo há semelhantes benesses!
Se vantagens dessa natureza, pelo ridículo que caracterizam, já configuram um quadro de anarquia e abuso, imaginem a mordomia que desfrutam os senadores que já deixaram o Senado há anos e ainda continuam utilizando dos benefícios dessa verdadeira “farra do boi”! Ainda bem que muitos requerimentos são indeferidos por irregularidades nos documentos que apresentam!
Partindo para o outro Poder, a Presidência da República, cujo mandato de um presidente no Brasil dura 4 anos, muitas de suas regalias ainda têm vida longa. Inclusive para aqueles que sofreram impeachment!
Cada ex-Presidente tem direito aos serviços de quatro Servidores para garantir a sua segurança e apoio pessoal, além de dois Assessores especiais e dois veículos de luxo com motoristas, combustível e manutenção bancados pela União. Será que no refúgio estratégico do ex-Presidente Bolsonaro, e toda a sua equipe, nos EUA, ele está assumindo alguma despesa do próprio bolso? Duvido muito!
Legisladores e Governantes com um mínimo de respeito e solidariedade ao seu povo, deveriam adequar as vantagens que recebem no desempenho dos respectivos cargos, ajustando-as à capacidade econômico-financeira da Nação, e diminuindo a enorme distância social ora existente. É pedir muito, ou estou sonhando? Acho que as duas coisas.
Num país de tantas carências básicas, não é possível um Congresso Nacional que oferece aos seus integrantes benefícios tão infinitamente superiores aos dos demais brasileiros, o que caracteriza uma prática de “PRIVILÉGIOS EXCESSIVOS DO PODER”. Ou quais adjetivos condizentes a isso poderíamos utilizar? É por aí onde, volta e meia, lembramos da célebre frase: “O Brasil não é um país sério”.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 05/03/2023
9 Comentários
Estou estarrecido com tantas mordomias dos nossos parlamentares. Ao menos, deveriam ser extintas aquelas pertinentes aos parlamentares e ex-presidentes. Quanto a estes, acho razoável proteção parlamentar por 1 ou, no máximo, 2 anos. Uma vergonha que, a meu ver, precisa ser barrada, mas acho muito difícil.
O Brasil, definitivamente, não é um país sério. (Salvador-BA).
A vergonha é o Povo Brasileiro ainda não saber escolher os seus representantes tanto no Executivo, Legislativo que são hoje e sempre os maiores corruptos com o dinheiro público. Mas, a conta sempre quem paga somos todos nós terráqueos. (Rio de Janeiro-RJ).
Peço licença para contar uma piada.
“O povo reclama que mora na Boca do Rio, em Salvador, e tem q se deslocar até a UPA 24h que fica no Conjunto Marback.
É porque ele não sabe o martírio que é um ex-presidente morar no Maranhão e se deslocar para SP para ser atendido”. (Salvador-BA).
Verdade. O problema não é a falta de dinheiro para muitos, e sim o excesso nas mãos de poucos. (Salvador-BA).
Realmente um grande absurdo todos esses privilégios.
Muito bem explicado. Muita gente não sabe disso.
Muito bom! O termo correto para todo esse descabimento, eu não posso utilizar em tão bela crônica amigo. Fica só na imaginação!
Na teoria, a nossa carta magna diz que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Na prática, quando você sente na pele, sabe que não é verdade. Este editorial clarifica ainda mais a diferença e os desmandos.
SE a gente disser que é uma VERGONHA vai resolver? Nada. Isso é uma questão de seriedade que não se tem ou nunca se teve… Daí vindo a celebre pergunta: QUE PAÍS É ESSE? E fiquemos por aqui…