19Nesse momento mais que conturbado em que vive a população brasileira, uma pergunta perturbadora surge no cenário nacional: Em que País realmente estamos vivendo? No Brasil dos 212 milhões de brasileiros, com uma Pandemia que já registra 2.900 mortes diárias e quase 300 mil vidas perdidas, ou no Brasil de alguns políticos negacionistas, ou seja, indivíduos “que negam um fato comprovado e documentado, ou pessoas que negam ou não aceitam como verdadeiros, conceitos comprovados cientificamente”? E que parecem viver no mundo da fantasia e fora da realidade de uma tragédia, não só nacional, mas mundial?
Sim, porque esse é o único questionamento para explicar declarações tão desprovidas de equilíbrio e sensatez, sendo a bobagem mais recente a débil declaração do líder do Governo, Deputado Federal Ricardo Barros (PP-PR), que disse no último dia 17/03/21, sobre a situação do Brasil na pandemia do coronavírus: “não é tão crítica, comparada aos outros países. É uma situação até confortável”!!! São tantas as declarações loucas e pouco imaginativas, que até envergonha repeti-las!
Essas palavras só podem proceder de mentes vazias e desprovidas de racionalidade no que falam. É evidente que eles vivem numa “situação confortável” porque se alguns forem afetados pelo vírus, o destino em busca do socorro ou do atendimento emergencial já se sabe qual será, e o avião da FAB já estará de plantão para o transporte a São Paulo, onde receberão atendimento nos hospitais de ponta daquela capital. E o nosso brioso SUS… nem pensar! Essa é a única ponte salvadora que resta ao povão que, mesmo assim, morre na maca no corredor de espera dos Hospitais, por falta de leitos e equipamentos respiratórios exigidos pela doença, como vem acontecendo.
Segundo o ex-Ministro da Saúde, General de Exército Eduardo Pazuello, o sistema de saúde “não colapsou e nem vai colapsar”. Afirmativa correta, porque ele não vai colapsar, já está no caos, General! E a tragédia maior é que o substituíram e a Saúde, parece. continuará sem muitas esperanças. Isso porque quando se pensava que a troca por um médico estaria nos mostrando a expectativa de alguma mudança de gestão, o novo Ministro declara em várias entrevistas públicas com o ex-Ministro do lado, de que continuará o mesmo “desastroso” programa da gestão anterior e que não mudará nada, porque, quem manda, é o Presidente! Claro que o Presidente é a autoridade maior, mas as palavras extrapolaram uma prévia e sutil subserviência, sendo que no Poder está um militar que nada sabe do Sistema de Saúde e, principalmente, de como enfrentar uma Pandemia! Pior, nem sabe e, pelo jeito, não quer saber.
Assim que o substituto do Pazuello foi anunciado, a reação geral foi um “graças a Deus, agora teremos um médico na Saúde”. Não quero ser pessimista e prefiro que o Dr. Marcelo Queiroga prove a todo o povo brasileiro de que terá competência e habilidade de gestão, principalmente para convencer o seu Presidente de que os seus conhecimentos médicos e científicos estão acima de certos caprichos.
Não foi à toa que o último médico que sucedeu ao Mandetta no Ministério da Saúde, o Dr. Nelson Teich, não durou nem 30 dias no cargo, em razão do desencontro entre as suas convicções e as do Presidente. Como o novo Ministro já defendeu o uso da máscara, o distanciamento social e a vacina, já é sintomático que os conflitos com o Chefe não deverão demorar muito a surgir, o que sugere se prever uma permanência otimista de até 3 ou 4 meses, quem sabe! Pelo bem da Saúde do Brasil, espero estar enganado!
Espera-se que ele não tenha assimilado a frase dita por Pazuello, entre largos sorrisos, quando participava de uma Live do Presidente: “É simples assim. UM MANDA E O OUTRO OBEDECE”! Sinceramente, é muito difícil de se conceber que frase tão servil possa ter saído da boca de um Ministro, e que tem no currículo a medalha de General do Exército Brasileiro!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 21/03/2021
15 Comentários
Caro Agenor, tentei achar resposta para sua pergunta e não consegui. Continuo pensando: Em que País realmente estamos vivendo? Entender e aceitar como normal a frase bem contextualizada proferida por um ministro “UM MANDA E O OUTRO OBEDECE”, cheguei a seguinte conclusão: Se a pessoa pertencer ao grupo de “Situação Confortável”, deve estar no País das Maravilhas, obra de Lewis Carroll. Ao contrário, se pertencer ao “Brioso SUS”, fatalmente estará no inferno de Dante relatado na obra de Dante Alighieri. Que o nosso criador nos proteja, independente do lugar que nos encontrarmos.
Vou começar pela decepcionante – pra não dizer própria de capacho — declaração do Ricardo Barros. Ele simplesmente esqueceu, ou fez questão de olvidar, as quase 300 mil vidas perdidas a que se refere sua crônica desta semana. Deplorável é pouco, para traduzir tamanho absurdo.
Por outro lado, você faz abordagens sobre Mandetta e Teich. Estes dois mostraram dignidade para sair e discernimento, abstraídos do apego ao cargo. Já o Pazuello. cuja ridícula frase inspirou o título da sua crônica semanal, é um subserviente da pior espécie, se é que há subserviência de boa espécie.
Quanto ao Queiroga, estou com você: se não mudar de comportamento, já traduzido em suas primeiras declarações, terá vida efêmera no Ministério. Afinal de contas (torço para estar errado), a afirmação de que “o presidente é quem determina a política de saúde ministerial”. não há porque esperar vida longa e independência profissional do novo ministro. Vibrei com a qualidade do seu trabalho desta semana. Parabéns. (Salvador-BA).
Como sempre suas crônicas são excelentes. (Santo Antônio de Jesus-BA).
Excelente crônica. Somos um país egoísta, negacionista. Essas características não são de agora com a pandemia, na verdade o COVID só fez mostrar, dá as caras. Brasileiro é um povo que nega o racismo, não assume as suas mazelas, as suas desgraças. Com a escravidão “não fui que escravizei, os próprios negros entravam nos navios negreiros”, passando pano para uma dívida que é nossa.
A pandemia está aí, matando 3000 mil por dia, e o genocida do presidente imita alguém com falta de ar, na palhaçada da Live. Eu nunca vi, um povo querer COMEMORAR O GOLPE MILITAR, sabe o que é isso??? Sou leitora ávida, principalmente por livros históricos brasileiros e do mundo e ainda assim não conheço suficiente o planeta, mas pedir para seu algoz bater mais ou lembrar de como foi surrado e arrasado! Definitivamente Brasil não é para amadores! (Salvador-BA).
Ontem a noite, estive debatendo esse tema com um conhecido. Disse a ele, você é tão louco como os Comandantes da nossa Nação! (Rio de Janeiro-RJ).
E o novo Ministro disse em entrevista que vai dar continuidade ao trabalho do Pazuello. Isto é: estão trocando 6 por meia dúzia. Aonde vamos parar? (Salvador-BA).
Parabéns, irmão, fez um texto REAL da situação catastrófica que a saúde brasileira vem enfrentando e não é de hoje. (Rio de Janeiro-RJ).
Essa é a realidade do nosso Brasil. Parabéns! (Salvador-BA).
Caro escriba Muito bem ponderada e equilibrada a sua opinião. Comento dois pontos: Primeiro, Pazuello “não quer saber”; mais apropriado seria “não quis saber”, porque agora é passado… nem que ele quisesse,,, kkkkkk. Segundo: novo ministro… “permanência otimista de até 3 ou 4 meses”… você foi muito generoso! kkkkkk (Salvador-BA).
Parabéns! Meu amigo, infelizmente é a pura verdade. Psicopata, quando no poder, não aceita nada e nem ninguém que o contrarie. (Salvador-BA).
Eles se merecem… (Salvador-BA).
Beleza de comentário, amigo Agenor, mas acho que o novo ministro também será um pau mandado, e já chega dizendo que o antecessor fez um grande trabalho. Uma pena. (Maracás-BA).
Excelente texto! Acabei de ler! Parabéns! (Irecê-BA).
Muito boa a resenha! Quanto aos negacionistas: retrato da elite brasileira. (Salvador-BA).
Em relação à posição confortável, como você bem o disse, ela é para “os mesmos”, que dispõem de Hospitais
de primeira linha e de avião da FAB às ordens deles.
Estive pensando (eu, também, penso!), que a situação confortável, deve-se também porque eles estão fazendo sessões (se estão) não presenciais, porém não devolvem o dinheiro do combustível que recebem. O conforto pra eles é inegável, pois não há, em nosso ordenamento jurídico, um dispositivo legal (nem PEC em andamento) determinando a devolução dos penduricalhos que recebem além de seus subsídios. Então, o povão passa sufoco para receber uma “esmola”, enquanto isso, o FDP (Filho Do Presidente), compra mansão de um valor astronômico e o Presidente faz festa de aniversário enquanto o povo está de luto por seus entes queridos mortos.
Então, a situação é confortável.