Em qualquer parte do mundo, nada é mais comum do que o despreparo da maioria em lidar com uma Pandemia, cuja ação invisível de um vírus se constitui em risco quase indefensável, restando a todos, apenas, buscar as medidas paliativas protetoras, tentando evitar a infecção e maiores consequências à vida, enquanto a vacina não chega para cada um. Certamente que, naquelas Nações onde existe uma reconhecida condição econômica, social e cultural, é mais notória a capacidade de melhor se enquadrar num processo de superação, pelo nível de disciplina e educação das pessoas. Ou seja, civilidade e civilização fazem a diferença! Diga-se de passagem, sem a tal ideologia.
O mesmo, contudo, não se pode dizer dos nossos patrícios que, de norte a sul, de forma imprudente e acintosa, desrespeitam os protocolos e abusam da sorte em festas entocadas nas cafuas com grandes aglomerações, mesmo sabendo que os hospitais estão em estado quase de calamidade. Esses vulneráveis, após contaminados e em estado grave, bradam contra o sistema de saúde. São errados e irresponsáveis!
As prudentes recomendações adotadas aqui e no resto do mundo, que sugerem, como precaução, o distanciamento entre as pessoas, o isolamento social e o uso de máscaras, são, às vezes, combatidas de maneira incisiva por muitos, os quais se opõem à aceitação de sua validade. Embora a vacina seja a esperança geral, ainda assim existem alguns néscios que resistem em valorizá-la, num velado desrespeito a quantos se dedicam, incansavelmente, em jornadas diuturnas na pesquisa visando encontrar o mais alto índice de imunidade. A essas mentes brilhantes, nossa mais alta admiração.
É interessante observar como numa Pandemia dessa proporção, os leigos se transformam em técnicos habilitados a opinar, até mesmo no delicado campo dos medicamentos. Nesse particular, a coisa ganhou um enorme realce, porque o Chefe-mor, ao invés de orientar a população a seguir as normas sanitárias, saiu foi em defesa de uma droga de forma apaixonada e estabanada, onde nas entrevistas públicas ou nas suas “lives” erguia, sorridente e vibrante, a caixa do produto, mais parecendo um vendedor deslumbrado!
Nas muitas querelas em curso, um fato implicante vem gerando a percepção de que o assustador agravamento e incidência de novas cepas do vírus, de repente se transformou no álibi perfeito para um ativo ataque aos Prefeitos e Governadores por suposto fracasso na condução das ações de combate à Pandemia, depois de um ano de convivência com o caos.
Por entendimento pessoal, sempre achei que deveria competir ao Governo Federal o planejamento e a centralização de todas as ações para enfrentamento de uma calamidade em nível nacional. Mas, desde a chegada do vírus, a sua gravidade e evolução sempre foram minimizados pelo Senhor Presidente e seus apoiadores. Ainda que com substancial número de mortes a cada mês, nada mais pertinente do que o reconhecimento pelo STF, lá no mês de abril de 2020, de que o governo “podia legislar sobre o tema, mas reconhecer o livre direito dos entes federados em estabelecerem medidas de controle”, no nível de Estados e Municípios.
Agora, cantar em prosa e verso de que as verbas de combate são de origem federal, chega a ser hilário! De onde viriam esses recursos senão daquele que centraliza o grosso da arrecadação de tributos? Arguir que houve desvio de verba por esse ou aquele governante, cabe-lhe acionar a PF para investigar e solicitar ao Judiciário o competente julgamento e condenação pelos crimes praticados.
É possível que no anunciado número de mortos possa ter havido excessos (262.000 vidas!), como tanto afirmam, ou que tenha havido fracasso em algumas ações. Parece-me, porém, que o desafio maior é imaginar qual seria o verdadeiro cenário neste País, hoje, se o combate à Pandemia estivesse sob a ótica da apatia e da descrença Federal!
Para avaliar o tamanho da indiferença e do desprezo diante de tantas mortes, basta repetir, com repúdio, a grotesca e irresponsável frase presidencial desta semana: “Chega de frescura, de mimimi. Vamos ficar chorando até quando?”
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – de Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 07/03/2021
12 Comentários
Agenor, concordo plenamente quando você diz que a “civilidade e civilização fazem a diferença! Diga-se de passagem, sem a tal ideologia”.
– Chega de frescura, de mimimi. Vamos ficar chorando até quando? –
Senhor Presidente, menos!!! Menos!!!
Se o que tens a dizer não é mais belo do que o silêncio, então cala-te.
(Pitágoras)
Caro Agenor, concordo você que “Por entendimento pessoal, sempre achei que deveria competir ao Governo Federal o planejamento e a centralização de todas as ações”… Bem dito. Mas não quiseram. Só não podem agora, nem é justo, os responsáveis prefeitos e governadores entregar a “criança cagada” e “tossindo” e “nua” no colo do Presidente. Além disso o assunto tem mais palpiteiro do que técnico da seleção brasileira!!! (Salvador-BA).
Mais uma vez obrigado pela ótima leitura da manhã de hoje. Lamentamos também por muitos irmãos e outras pessoas que têm nível cultural e condições financeiras que podem suportar um período sem faturamento de suas empresas, no entanto, igualam-se àqueles pobres trabalhadores autônomos entre outros para protestarem e contestarem alguns governantes que seguem as orientações científicas. (Salvador-BA).
Maravilha de texto! Parabéns, CL! Irecê-BA).
Caro amigo. A resposta a isso tudo é minha indignação, é o meu desprezo por um governo despreparado e, verdadeiramente, sem rumo. As declarações sarcásticas de um presidente que podemos tratar como um genocida constrange a maioria de nós. A doença é terrível é traiçoeira. Sofri por 12 dias internado, graças a Deus estou bem. O pior que se continuar sendo tratada como está, teremos ainda uma média de até 3.000 mortes por dia. É muito triste. (Vitória da Conquista-BA).
Muito triste e calamitoso o momento que estamos vivendo. Nos sentimos impotentes, enquanto isso alguns dos nossos governantes estão fazendo proselitismo político. Muita gente faturando com desvios de recursos destinados ao socorro dos enfermos da covid, lotando corredores de hospitais; como vi semana passada num Hospital aqui de Recife. Lamentável…
Ginaldo Américo
Faltou o amigo criticar que os políticos foram para as ruas nas eleições , fizeram festas de final de ano e eleições para os presidentes de câmaras que os governadores e prefeitos fecharam vários hospitais de campanha mesmo sabendo que viria a segunda onda , que a população vendo seus líderes nas ruas e sendo formadores de opinião a população os seguiu nas ruas , e que os governos federal , estadual e municipal não tem um planejamento estratégico para a economia , empresários e trabalhadores ! Não culpe somente o governo federal ! Eu como pequeno empresário só recebi ajuda do governo federal e o estadual e municipal NADA ! (Salvador-BA).
Caríssimo Ir:. Agenor. O Bolsonaro fez muita coisa boa e está pagando caro por algumas. Mexeu com os nossos pretensos intelectuais que sempre gozaram de privilégios do governo para financiar suas criações, mas, quando o projeto passou a dar lucro não retornaram recursos para o governo. As mídias estavam acostumadas a “mamar” no erário. A GLOBO, além de dever uma baba para o governo, nadava de braçada nas verbas (inclusive e principalmente de publicidade das estatais, e do próprio governo) e perdeu, voltou-se contra o Bolsonaro e não cansa de bater nele (ela está lutando contra o tempo, pois, quando vencer a concessão poderá não ser prorrogada, por isso está transferindo tudo para globoplay e outros canais pagos, e desmantelando o canal aberto, com demissões de antigos figurões). A Globo trava uma batalha para derrubar o Bolsonaro antes que ele não renove a concessão. Mas, por outro lado, o Bolsonaro cometeu muitos erros, talvez porque vinha realizando um bom trabalho na economia e a pandemia avacalhou com tudo, daí o provável desespero dele com os “lockdown” porque faz parar a economia e o governo gastar uma barbaridade com auxílios emergenciais e, assim, lá se vão três anos do seu mandato. Mas, com relação à pandemia, acho que um dos efeitos colaterais que a ciência ainda não considerou é que o vírus tem o poder de entrar na cabeça das pessoas, especialmente se estão revestidas do manto de autoridade, e bagunçar a capacidade de discernir e avaliar a situação, isto nem a vacina pode resolver, o remédio será a URNA. (Brasília-DF).
Gostei muito do que você escreveu. Parabéns Agenor! (Salvador-BA).
Parabéns! Mais uma vez, muito bem colocada a situação lamentável por que passamos, diante de tanta ignorância do nosso Presidente. (Rio de Janeiro-RJ).
Mais uma vez você vem nos apresentando o incompetente, estúpido e incapaz “dirigente mor” de nosso País, limitado a considerar seus ministros exclusivamente como vassalos e cumpridores de suas ordens. Infelizmente foi isto que foi eleito. Parabéns meu amigo. (Salvador-BA).
Você expôs com clareza uma dura realidade. Realmente, nem fazemos ideia do tamanho do desprezo desse homem pelos brasileiros. Sua indiferença demonstra muito bem seus sentimentos. Valores totalmente inversos.
Sinto repulsa, nojo e indignação ao ouvir o que ele diz: “Chega de frescura, de mimimi. Vamos ficar chorando até quando?” Isso é demonstração de dureza de coração, insensibilidade, rudeza, brutalidade, incapacidade de empatia.
#forabolsonaro! (Uauá-BA).