Por mais que se queira diversificar a crônica semanal na direção de outros temas, na intenção de poupar aos leitores um novo contato com o fatídico e estressante COVID-19, o desejo se torna irrealizável. Os números sempre crescentes da Pandemia no Brasil, que já superaram 1.804.000 de infectados e mais de 70.500 mortos, colocam o país numa posição preocupante de segundo colocado no Mundo, superado apenas pelos EUA.
Não obstante o pesado conjunto de ações controladoras e disciplinadoras instituído pelas autoridades ligadas à Saúde, além da coordenação de Prefeitos e Governadores nos Estados, a verdade é que o Coronavírus vem exibindo o seu poder invisível e destruidor. Disponível para todos os níveis sociais, tanto pobres como ricos, sem preconceitos raciais, está até mesmo apto a alcançar os que se julgam poderosos e que minimizam a sua capacidade mortífera.
Em meio a toda essa convulsão mundial provocada pelo COVID-19, surpreende que três Chefes de Estado assumam atitudes de desdém e de incredulidade com a gravidade de uma crise: Boris Johnson, do Reino Unido; Bolsonaro, do Brasil, e Donald Trump, dos EUA. Exatamente dentre os três que não usam máscaras e não utilizam qualquer prudência no contato com as pessoas, dois deles – Johnson e Bolsonaro -, já testaram positivo com o COVID-19!
O Ministro inglês teve a situação agravada e passou alguns dias internado em UTI, para tratamento. O Bolsonaro permanece na Residência Oficial e está se tratando com a Hidroxicloroquina e a Cloroquina, conforme declarou. A grande diferença é que o povão infectado sofre para conseguir uma vaga hospitalar, ou morre, enquanto o Presidente tem uma equipe médica ao lado e, se precisar, vai para os Hospitais de linha de S. Paulo. O Trump continua imune, mas, está em campanha eleitoral e pode pagar caro pelo grau de exposição que pratica.
De maneira sintonizada, os três governantes são avessos ao distanciamento social como medida preventiva e cada um tem o seu deboche próprio para o Vírus. Trump foi o primeiro a apelidá-lo como “uma gripe”. Mais contundente, o Bolsonaro minimizou ainda mais, chamando-o de “gripezinha” e agora, depois de contaminado, disse que o vírus “é uma chuva que vai molhar uns e outros não”! Para completar a indiferença, o inglês comentou, sorridente, de que “tinha cumprimentado pacientes contaminados pelo Coronavírus num hospital de Londres”! Duas semanas depois estava com o vírus…
Vale lembrar de que no mundo já são 12,5 milhões de infectados e 560 mil mortos, sendo que os seus países já respondem, respectivamente, por: EUA, 3,1 milhões e 133,9 mil; Reino Unido: 300,0 mil e 34,0 mil; e Brasil, 1,8 milhões e 70,5 mil. Será que esses números não mexem com o sentimento de humanidade e responsabilidade dessas autoridades? Ou será que o poder não lhes deixa ver o outro lado da montanha, onde tantas vidas já foram ceifadas pelo tal vírus mortal?
Nada me parece mais importante na formação dos nossos jovens do que o bom exemplo que emana dos mais velhos e, principalmente, dos atos e atitudes das autoridades constituídas. Deprime e enoja a todos, testemunhar expressões de puro descaso de um Estadista, desafiando um vírus que já matou tanta gente e desconstruiu tantas famílias no mundo. Mas, sinceramente, e pensando bem, a gente só oferece aquilo que tem. Não é verdade?
Invoco a Deus pela breve recuperação da saúde do Presidente, e que junto com a cura da infecção viral, venha uma mudança de postura quanto à visão correta da gravidade que representa essa Pandemia. E que a GRIPEZINHA ou essa CHUVA, que virou um COVID-19, passe logo, sem molhar a tantos outros!
E por falar em molhar, quantos servidores e assessores do Palácio, por estarem próximos do Exmo. Senhor Presidente, foram molhados e estão sujeitos a uma mortífera gripezinha?
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 12/07/2020
5 Comentários
Graças a Deus para mim, na qualidade de incorrigível fã da sua inteligência e criatividade, mais esta semana você nos brinda com uma crônica de subida qualidade, aprofundando-se num tema mundialmente preocupante para a saúde da população universal, de maneira crítica, eficaz e -principalmente- oportuna.
Concordo com você, quando deseja ao nosso atual máximo gestor, plena recuperação da saúde. Afinal de contas, embora ele não tenha o mesmo apreço e respeito pela saúde da população que representa, trata-se de um ser humano e, como tal, merecedor do nosso sincero voto de completa recuperação. Inobstante, duvido muito de sua eventual mudança de postura, mais agora -como dizem alguns cientistas e médicos- que quem contraiu a moléstia e logrou a recuperação, estará imune.
Políticos como ele, Trump e Boris, são insensíveis à dor e o sofrimento do povo. Com efeito, um medíocre prefeitinho de Itabuna, no sul da nossa Bahia, recentemente resumiu o sentimento desse tipo de gente: “vou abrir o comérCio e “MORRA QUEM MORRER!” Que tal? (Salvador-BA).
Simplesmente perfeita sua crônica. (Salvador-BA).
Gostaria de alertar que o STF determinou que somente os governadores e prefeitos teriam a autonomia para adotar políticas públicas de combate à pandemia, podendo, inclusive, determinar quarentena e lockdown. Estes, sempre estiveram cônscios, dando como certo, que estas medidas seriam as mais adequadas e eficazes para reduzir a propagação da doença e das mortes. Na pratica, as medidas restritivas, mostraram-se insuficiente e ineficazes para o combate e redução tão almejada por todos do número de contaminados e de mortes.
Portanto, ao se fazer o comparativo entre os lideres Boris Johnson, do Reino Unido; Donald Trump, dos EUA e Bolsonaro, devemos considerar que no reúno Unido e EUA, os presidentes detinham autonomia para definir políticas de combate ao vírus e determinar quarentena e Lockdown, diferentemente do ocorrido no Brasil. Apesar da restrição imposta pelo STF, querem, a todo custo repassar, o ônus do erro dos prefeitos e governadores para o Presidente. (Salvador-BA
Não se iluda não, ele vai sair dessa mais fortalecido e convencido de que é mesmo uma “gripezinha” e aí desovará toda cloroquina que armazenou. Pobre povo brasileiro! (Salvador-BA).
Os números divulgados sobre infectados e mortos no Brasil não são confiáveis. Está mais do que provado que governadores e prefeitos falsificam esses números com o objetivo de obterem mais recursos do governo federal. 2) o Presidente, desde o início da pandemia, adotou medidas responsáveis. Os governadores e prefeitos, irresponsavelmente, realizaram carnavais, quando o corona vírus já era uma realidade. Por que atribuir a Bolsonaro a responsabilidade pelo número (duvidoso) de infectados e mortos. Pelo que tenho acompanhado, esses governantes estão destruindo a economia do país, sem contar os casos de corrupção em superfaturamento de equipamentos, e compras pagas sem receber o produto. Será justo atribuir a Bolsonaro a responsabilidade total por tudo que estamos vivendo por conta desta pandemia? (Salvador-BA)