Entre os pressupostos naturais que definem o sentido de cada voto dado pelo eleitor num pleito, além do básico e tradicional cumprimento do dever cívico, está embutido o desejo de escolher entre os candidatos aquele que possa assumir a responsabilidade da gestão pública no encaminhamento dos mais elementares e diversificados problemas que acometem uma comunidade. Obviamente, que cada cidadão tem a sua vida diária sempre conectada a todos os acontecimentos à sua volta, bem como se mantém mais vigilante no acompanhamento do desempenho do Prefeito Municipal, figura pública responsável pela condução da cidade.
Na configuração dos graus eletivos, o Governador do Estado tem o poder de representar o seu Estado no contexto do Sistema Federativo, constituindo-se na voz de todos os municípios perante a Nação. E no topo da escala Federativa temos o Presidente da República como o Chefe maior da Nação, investido das prerrogativas comuns a todo estadista e com funções robustecidas por toda uma marca indelével de imponência, respeito e dignidade, que se constituem em componentes da liturgia própria do cargo. E, assim sendo, tem obrigação de ser uma figura com um comportamento, no mínimo, irrepreensível.
Diante dessa visão das atribuições específicas de cada cargo eletivo do Poder Executivo, todo o contingente de eleitores faz a sua leitura e julgamento na justa medida da eficiência, e de acordo com o peso de cada qual. A avaliação do eleitor é gradual e progressiva e, às vezes, surpreendente em muitos casos.
Na perspectiva do cidadão ele deseja visualizar, sempre, no seu Presidente da República, a figura exemplar de liderança, firme capacidade decisória, equilíbrio nas atitudes, moderação e controle das emoções. Todas são qualidades inspiradoras e que transferem ao cidadão uma forte dose de confiança, fé e credibilidade no seu líder. Em resumo: perfil de estadista. Isso é necessário? Sim, são qualidades impositivas e obrigatórias pela importância do cargo.
Infelizmente, o Presidente da República vem exteriorizando ao longo de cada semana, ações reprováveis sob todos os aspectos, senão vejamos: a) Num desrespeito a tantos que morreram por falta de atendimento, afirmou que ninguém morreu por falta de UTI ou de atendimento hospitalar; e muitos morrem após horas de espera nos corredores dos hospitais; b) Ridículo, ao imitar os EUA, ameaçando retirar o Brasil da OMS, da qual mais depende do que ajuda; c) Usar de grosseria verbal com uma cidadã que lhe dirigia a palavra em protesto; d) Notório despreparo na emissão de MPs, logo canceladas pela inconstitucionalidade, tipo a nomeação de Reitores Federais pelo governo; e) Interferência na vida interna dos condomínios para liberar restrições, ao vetar artigos do PL-1.179/2020; f) A redução inicial do número de Ministérios não passou de uma ilusão, uma vez que agora recriou mais um, o da Comunicação (e quem foi o Ministro nomeado? Um Deputado do CENTRÃO!). E quantos mais vão ser recriados?
Assim, são tantas as “gafes” que deprimem e enojam, que elas superam os eventuais acertos. Alguns mais sectários, ou talvez da esquerda, perguntariam: “Seria a voz de um desencantado?” Responderia com precisão: Sim, mas, com imparcialidade e decepcionado diante dos fatos!
A verdade é que face a tantas idiossincrasias do seu Chefe de Estado, a Nação brasileira vive assustada! Tudo isso em paralelo a uma tragédia viral que resiste em deixar o país, e continua no triste processo de infectar e matar tantas vidas. E olha que já somos o segundo país na estatística mundial, tanto em número de infectados como de mortes!
Não precisamos de mudança de governo, porque o que aí está representa uma vontade das urnas – 57,8 milhões de votos -, e precisa ser respeitada, assim como o foram os governos de corrente ideológica de Centro-Esquerda e Esquerda nos últimos 21 anos, prejudicados, apenas, pelo fascínio delirante do poder.
O que se impõe é um ajustamento urgente da postura pessoal e uma profunda reflexão sobre o verdadeiro sentido do exercício do poder, o que não tem qualquer similaridade com as suas atitudes durante 28 anos de mandato parlamentar, aliás, sem muita expressividade. De ilustre desconhecido foi alçado pelo voto popular à Presidência da República, façanha que não lhe outorga o direito de deixar essa Nação em pânico ou assustada!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador – BA.
Blog do Florisvaldo – Informação Com Imparcialidade – 14/06/2020
7 Comentários
Lamento por não ver uma saída para todas questões enumeradas. Acertadamente, você disse que “Não precisamos de mudança de governo, porque o que aí está representa uma vontade das urnas – 57,8 milhões de votos”. Vivemos um cenário político que cabe muito bem aquele proverbio que diz: “Em casa onde falta pão, todos brigam, ninguém tem razão”.
Pois é, Agenor. Mais uma crônica sua que me permito aprovar em 95% do escrito. Os outros 5% ficam por conta da citação a mais de 57 milhões de votos que, se houvesse outra eleição hoje, não chegaria a mais que 20 milhões face o expressivo número de não apoiadores e arrependidos, os quais estavam à procura de uma pessoa que viesse representar a aspiração dos eleitores, como bem posto em sua coluna semanal. A propósito, povo emotivo como bem conhecemos, a votação em causa foi alcançada também pelo impacto da “famosa facada” que o presidente continua insistindo em procurar o mandante, em que pese as perícias apontarem ausência de autor intelectual da ação de um doente mental. Aliás, você faz um registro muito significativo da inexpressividade do presidente como parlamentar, sem considerarmos, ao que dizem os mais entendidos, as péssimas referências do dito cujo, traduzidas, por exemplo, em declarações depreciativas do Jarbas Passarinho e do Ernesto Geisel, camaradas (em escalão superior) de farda do eleito.
E voltando ao mencionado emocional do eleitor, temos 2 exemplos aqui na Bahia: 1) a eleição do desconhecido Régis Pacheco após acidente e morte de Lauro F. de Freitas, que a astúcia política atribuiu a manobra espúria do praticamente eleito Juracy Magalhaes; e 2) a emoção que o eleitor traduziu em votos e eleição do também quase desconhecido João Durval Carneiro, após outro acidente aéreo que, há poucos dias do pleito, matou o Clériston Andrade (este era tido como praticamente eleito face o apoio do ACM, então notável figura política influente no nosso Estado)..
Tudo considerado, é evidente que a famosa “facada” teve, nacionalmente, grande influência emocional – retributiva em votos – que, conforme pesquisas, estão se esvaindo a cada mês de novo levantamento. Ver, por exemplo, os panelaços que tanto depreciaram os candidatos de centro esquerda e que, agora, são levados a termo em todo Brasil, cada vez que o atual presidente se dirige à nação em rede. Virtual abraço.
Bela crônica Chefe. Nós, que fomos gestores, sabemos o quão importante é o exemplo do líder. Eu mesmo, tive você como exemplo durante toda a minha trajetória. O que mais me incomoda é que, apesar de todo o vexame, o MITO ainda vem tendo tantos apoiadores. Se fosse candidato hoje, acredito até que ganharia a eleição. Enfim, Deus que nos ajude. (Salvador-BA).
Caríssimo Ir.’. AGENOR SANTOS, além da sua irreparável e acertada interpretação do caos que estamos vivenciando, deve ser incluído, além dessa tragédia viral que resiste em deixar o país, estamos confinados a sofrer com a falta de emprego, o caos na economia e o sofrimento do povo com o aumento abusivo dos gêneros de primeira necessidade nos supermercados Brasil, à fora. (Manaus-AM).
Parabéns. Excelente texto. (Salvador-BA).
Excelente crônica. Mas a realidade que estamos presenciando é o resultado desses 57,8 milhões de pessoas que permitiram que seu ‘ódio’ político cegasse. Votaram em um dos piores candidatos para presidência. Totalmente despreparado, não apresentou nenhuma proposta decente durante a campanha, sempre repudiando as minorias do país. Nunca tratou ninguém com mínimo de respeito, nem mesmo a sua filha. Viveu 30 anos como deputado estadual /federal, no qual nada foi feito. É defensor de torturadores e foi afastado pelo exército por insanidade mental. Não entendo por que a sociedade fica assustada diante das atrocidades que o mesmo faz?! Sendo que em momento nenhum ele escondeu quem é, a sua característica mais vil sempre esteve em evidência. Nesse momento cabe a citação de Antonie de Saint – Exupéry “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”
E não se espante acordar com a notícia de que o STF e o congresso Nacional cercados por tanques. Aos poucos estamos nos tornando aquilo que mais tememos: a Nova Venezuela. (Salvador-BA).
Caríssimo Agenor Santos!! Caríssimos leitores(as) amigos(as) do modesto Blog do Deusimar- O Homem Forte das Abelha!!
Antes de cumprir o honroso ritual de editar sua crônica, como de costume li na íntegra e aumentou o meu nível de perplexidade, como subiu de forma gradativa a perplexidade do nosso sofrido povo brasileiro. Muito triste, a nossa Pátria Amada, o nosso País Continental, dono em absoluto de um potencial invejado pelo resto do planeta, e se colocar no rank tão assombroso desta magnitude. Sem precisar ir muito longe, fica evidenciado que todo este resultado negativo de nosso querido Brasil atrás somente da maior potência econômica mundial, os EUA, fica por conta do bem colocado titulo de alopradão e alopadronho que estão na linha de frente das nações acima mencionadas.